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17/02/2009

Paço vs Rossio

Bairro do Paço_Carnaval de Canas de Senhorim _1953

É interessantíssima a forma como os dois bairros rivais - Rossio e Paço - coe­xistem durante todo o ano de mãos dadas, para, em três dias do ano, inventar um interregno de três dias em que se arreganham os dentes um ao outro, pretendendo denotar uma rivalidade, que na verdade só neste período existe.
Esta cisão, surge logo nos primeiros dias do mês de Janeiro, altura em que ambas as facções começam a trabalhar no arranjo dos carros alegóricos. É uma luta sem tréguas, que ocupa no ires e dias, sábados e domingos, cada um dos bairros ten­tando imaginar e conseguir o melhor para os dias da festa grande. Como nota curiosa, está o facto de muitas vezes uma moça porventura residente no Paço, casar com um rapaz do Rossio. Chegada a época carnavalesca, cada um vai para o seu lado, trabalhando em segredo noites a fio, sem confidências que o leito conjugal poderia proporcionar, e perfeitamente conscientes da rivalidade sâ que nestes dias Impera. Eis que finalmente chegam os dias em que cada um dos bairros vai por à prova o seu esforço, o seu saber, a sua criatividade. Logo que o calendário anuncia o domingo gordo e até terça-feira de entrudo, as duas marchas saem à rua incorpo­rando centenas de foliões, desses milhares que anualmente visitam a vila, ávidos de participar em tão original folguedo.

Bairro do Rossio Carnaval de canas de Senhorim _1954

Nestes dias inesquecíveis, as marchas do Rossio e do Paço transformam as ruas, dando-lhes um colorido e alegria verdadeiramente singulares. Cada bairro tenta superiorizar-se ao seu rival, em imaginação, alegria, ineditismo, música. As piadas e os carros alegóricos são sempre ricos de originalidade, e após calcorrearem as prin­cipais ruas da vila exibindo o seu Carnaval as duas marchas rivais encontram-se frente a frente no Largo do Rossio. Este momento, que há muito é conhecido nas redondezas pelo "adeus" constitui o prato forte do Carnaval sendo indescritível o que se passa a seguir. Paço e Rossio desdobram-se em entusiasmo e vibração. Uma marcha tenta sobrepôr-se à outra. É o delírio... Velhos, rapazes, mulheres e rapari­gas jogam a sua última cartada. É uma alegria incontida e contangiante. Os forasteiros, mesmo que o não pretendessem sentem-se envolvidos na luta. E partici­pam. E vivem. E chegam a tomar partido. No ar ecoam bombas, estalinhos, bichas de rabear, esvoaçam papelinhos, desfraldam-se bandeiras... É o Carnaval de Canas de Senhorim. É o espectáculo do Povo e para o povo.
Na quarta feira de cinzas, já no rescaldo da festa rija tem lugar a célebre batatada. Esta consiste na confecção de um valente cozido, que inclui sempre, quer haja ou não fartura, o "fiel amigo", bem regadinho de azeite novo que é jantar de gala para todos.

António João Pais Miranda

in Canas de Senhorim _História e Património


Paço vs Rossio _ Uma Luta Eterna

Não Há Outro Assim!

( mas anda por aí uma cópia)

10/02/2009

Jantar de Carnaval de 2007

Bem sei que a época é de crise, por aqui vivem-se momentos angustiantes, que muitos estão fora outros ficámos por cá, uns são do Paço outros do Rossio, uns são movimentalistas outros não, uns são de esquerda outros de direita, uns foram bem sucedidos outros nem por isso, mas todos passámos na Escola Técnica do Dão ( excepto os que se encontram em rodapé, esses são parte da descendência) , todos gostamos muito desta Terra a quem chamamos "berço", não a renegamos nunca, e esse sentimento une-nos e dias não são dias e "é muito mais o que nos une do que aquilo que nos desune!"

Vamos reeditar o nosso Jantar da Segunda-feira das Velhas, dia 23 de Fevereiro de 2009, pelas 20h no edifício da mítica ESCOLA TÉCNICA DO DÃO, vamos trazer os que anteriormente não puderam comparecer ou não tiveram conhecimento a tempo, este ano com um cenário mágico, e com um baú soberbo, apressem-se, as inscrições podem faltar ...

Até lá, Viva o Nosso Carnaval e a nossa capacidade de nos reunirmos contra todas as adversidades.

26/01/2009

Escola Técnica do Dão



O alargamento do período escolar para 6 anos em 1964, levou à construção de um número significativo de escolas do Ciclo Preparatório em todo o país, o que contribui para o aumento da população estudantil. Assim, a vila de Canas de Senhorim foi contemplada com a criação da Escola Técnica do Dão, pelo Decreto n.º 47228 publicado no Diário do Governo, em 30/09/1966. Nesta escola eram ministrados os cursos de Electromecânica, Agente Rural, Formação Feminina e Ciclo Preparatório.
Tudo se deveu à iniciativa do pároco desta freguesia, o Sr. Abade Domingos com a preciosa colaboração e determinação do então Director da Companhia Portuguesa dos Fornos Eléctricos (CPFE), Sr. Eng. Dionísio Augusto Cunha, que constatando uma certa pobreza cultural e social a par de um período de franco desenvolvimento industrial se lançaram na concretização do projecto de criação de uma escola onde se pudesse valorizar a formação integral da população jovem.
Inicialmente a escola funcionou na casa da Raposeira, após obras de adaptação à função do ensino, em instalações cedidas pela administração da CPFE. A própria administração da CPFE assegurou a regência de algumas disciplinas através de Engenheiros e outros Técnicos do seu Quadro.
No ano lectivo de 1985/86 são inauguradas as novas instalações, actualmente denominadas com o nome “Escola C+S Eng. Dionísio Augusto Cunha", em homenagem à pessoa que permitiu a existência de um espaço de formação académica e técnico-profissional nesta vila.



Canas de Senhorim História e Património, JFCS 1996_Ant.º Augusto Carmona Pinto


Contributo para a história da Escola Técnica do Dão

por Artur Rama*

Os pioneiros, Escola Técnica do Dão, 1969/70(?)

A escola abriu devido aos Fornos terem feito com que a Escola pudesse ter instalações, e tudo foi feito para que abrisse. Lembro-me que o primeiro ano foi um ano diferente, pois éramos poucos os que fizeram parte da abertura da Escola. Se não me engano, havia 4 turmas (A -B - C e D): da A faziam parte a malta de Canas e Urgeiriça, da B era malta de Nelas, Carvalhal, Folhadal, Senhorim,etc; a C era a turma das meninas (oops, raparigas, senhoras.....whatever) e a D era malta de Cabanas,Oliveirinha, Carregal,etc. Dos professores já não me lembro muito bem, mas lembro-me que o Padre Domingos ( se nao me engano), a esposa do Dr. Alberto Reis, da farmácia do Paço ( Fisica ), e o Sr. Director ( de Carvalhal) faziam parte do corpo de professores.
Passado que foi o primeiro ano, aqueles que passaram continuaram para o segundo ano e depois entrou mais malta que veio da escola primária para o primeiro ano. Havia portanto dois anos escolares. E por ai fora…


Antes de fazer parte da malta que começou e abriu a Escola Técnica do Dão eu ainda andei um ano no Colégio de Nelas, assim que saí da quarta classe. Acabei o ano escolar em Nelas mas depois o meu pai fez com que eu tivesse que repetir o ano escolar em Canas, no ano a seguir. E não me arrependo. Da escola primária lembro-me do Professor Varejão e também do professor Edgar (esse foi o meu professor durante a minha escola primária). Passados 5 anos eu saí e fui para Moçambique ( 1972).


Junto envio uma foto do que foi tirada com o pessoal todo da Escola, se não me engano no ano de 1967. Nesta fotografia recordo-me de muito malta, agora os nomes é que nem todos: em frente, sentados, estão os professores, atrás estão os contínuos e o pessoal da secretaria dessa altura; a moça do lado esquerdo (do pessoal da secretaria) era de Viseu e viveu connosco durante dois anos.


Das raparigas lembro-me, começando da esquerda: moça da Felgueira, Teresa Andrade, Cristina (que saiu do país para o Canadá se não estou em erro), ?,? , Zai (minha irmã), Filomena de Nelas, ?,?,?; atrás delas (esq) ?,?,?,?, Nene, Cristina Cunha,?, Ana do Luís Pinheiro,?. Da fila de trás só me lembro mesmo da Teresa Pinto ( que casou com o Pires).


Dos rapazes (Esq.): ....Quim Cardoso com as mãos na cabeça do Fernando Jorge,?, Rosa da Lapa,?, Gaspar de Nelas, ?, Mouraz e Pires. Sentados, só me lembro do nome do Fernando Jorge. No meio ( Esq.) lembro-me do Tonito de Vale de Madeiros, Tozé Lopes, Monteiro de Vale de Madeiros; da malta de Cabanas, o Morgado, Chico e dos outros não me lembro dos nomes agora. Também estão os irmãos Albuquerque de Nelas, o João do Paço, o Moitas (se nao estou em erro), o Flisberto da Lapa. Do lado direito e também da esquerda - O Rosa da Lapa do lobo, eu, o João Alvadia , o Shete (como a malta lhe chamava e não sem quem mais).


Seria bom que o resto dos nomes fosse encontrado pois penso que esta foi umas das primeiras fotos da Escola, se não a primeira foto com o grupo todo. Se por acaso conseguirem identificar esses nomes digam por favor ...gostaria de saber(relembrar) os nomes deles também.[...]

Aqui vai um abraço deste Canense que nunca vos esquecerá, Cheers.

* Artur Rama enviou-nos este testemunho fantástico de África do Sul, onde agora vive. É visível a sua emoção quando fala de Canas e dos companheiros(as) que fizeram parte da sua infância e adolescência. Quem estiver interessado em contactá-lo pode fazê-lo via arturrama@mweb.co.za

16/01/2009

No baú dos outros...

Poderá parecer chato mas não. Este espaço está a tornar-se um autêntico museu virtual. Um lugar onde mais tarde os jovens poderão vir pesquisar tudo o que se relaciona com Canas de Senhorim. Colegas meus andam a “rebuscar” nos respectivos baús. Eu não tenho baú. Nada melhor que “rebuscar” no dos outros. Com a cumplicidade de vários amigos dou mais uma achega para a história das “Megas” cá da terra. Desculpem a insistência mas o que poderá hoje nada valer, para os jovens conhecerem a terra que pisam poderá vir a ter muito valor.
Transcrição
Para os simpáticos directores e colaboradores da Mega, a minha simpatia, a minha disponibilidade, a minha amizade e o desejo de muitos êxitos.
Assinatura de: Maria Natália Miranda 15 – 02 - 88

Transcrição
Para os colaboradores da Mega Rádio, com um abraço de muita amizade e os votos calorosos de sucesso.
Assinatura de: Arlindo de Carvalho
Canas de Senhorim, 15 – 02 – 88


"Acta da Constituição da Cooperativa Mega Rádio - Cooperativa de Rádio e Animação Cultural, C.R.L, com sede em Canas de Senhorim, nos termos do Artigo 11º do Código Cooperativo (Decreto - Lei nº. 454/80, de 9 de Outubro, e Decreto Lei nº238/81, de 10 de Agosto, e Lei nº.1/83, de 10 de Janeiro).

No dia 25 de Outubro de 1986, às 21h30m, reuniram em Canas de Senhorim, Freguesia de Canas de Senhorim, Concelho de Nelas, as seguintes pessoas:
António Manuel dos Santos Brizida Rojão
Orlando Ernesto Constâncio Vieira
Helder José Gomes Ambrósio
António José Dias dos Santos
Júlio António Soares Fernandes
Jorge Paulo Loureiro Soares
Artur Jorge Cardoso da Silva
Paulo Jorge Rodrigues Dias
António João Pais Miranda
António Manuel Esteves Figueiredo
António José Andrade da Costa
Fernando Gomes Pinto
António Brandão Gonçalves
António Luís Sampaio de Abreu Madeira
José Carlos Araújo Morgado
Luís Pedro Domingos dos Santos Caetano

A pessoa identificada em primeiro lugar, depois de proceder à identificação de todos os presentes por conhecimento pessoal e pelos respectivos Bilhetes de Identidade, que exibiram, declarou aberta a sessão desta Assembleia para constituição de uma cooperativa, que se reúne dos termos do artigo 11º do Código Cooperativo. Seguidamente, foi proposto pela mesma pessoa, Sr. António Manuel dos Santos Brizida Rojão, que se elegesse uma mesa para dirigir os trabalhos da assembleia, tendo sido eleito o próprio Sr. António Manuel dos Santos Brizida Rojão, como Presidente da Assembleia, e, como Secretários da mesa, as pessoas identificadas sob os nºs 2 e 3, respectivamente Sr. Orlando Ernesto Constâncio Vieira e Sr. Helder José Gomes Ambrósio. Constituída a Mesa, o Presidente pôs à discussão a Constituição de uma Cooperativa para associar todos os presentes e outras pessoas que posteriormente a ela se queiram associar nos termos estatutários.
E foi seguidamente apresentada à Mesa pelo Sr. Fernando Gomes Pinto uma proposta de seguinte teor:
" Por todas as pessoas que constituem esta Assembleia é constituída uma Cooperativa nos seguintes termos:
A) A cooperativa denomina-se Mega Rádio - Cooperativa de Rádio e Animação Cultural, C.R.L., conforme consta do certificado emitido pelo Registo Nacional de Pessoas Colectivas em 5 de Outubro de 1986, e tem sede em Canas de Senhorim, freguesia de Canas de Senhorim, concelho de Nelas;
B) A Cooperativa pertence ao ramo de cultura a que se refere o artigo 4º do Código Cooperativo;
C) A Cooperativa tem por objecto a produção e realização da transmissão de programas radiofónicos e, através da produção e realização de exposições, espectáculos e conferências de carácter cultural, incentivar, defender e divulgar os interesses regionais;
D) Cada uma das pessoas presentes e que constituem esta Cooperativa realizam nesta data 3 títulos de capital no valor de 500$00 cada um, ficando assim nesta data realizado o capital de 24.000$00, sendo o capital mínimo da cooperativa de 50.000$00;
E) Para o primeiro mandato que se segue à constituição da Cooperativa são designados para os Corpos Sociais as seguintes pessoas, todas presentes nesta Assembleia:

Direcção:
Presidente - António Manuel dos Santos Brizida Rojão
Vice - Presidente - Luís Pedro Domingos dos Santos Caetano
Tesoureiro - Helder José Gomes Ambrósio
Secretário - Fernando Gomes Pinto
Primeiro vogal - António Manuel Esteves de Figueiredo

Conselho Fiscal:
Presidente - António Luís Sampaio Abreu Madeira
Secretário - António José Dias dos Santos
Relator - António José Andrade da Costa

Mesa da Assembleia - Geral:
Presidente - José Carlos de Araújo Morgado
Vice - Presidente - António João Pais Miranda
Secretário - Orlando Ernesto Constâncio Vieira

12/01/2009

Villa Romana do Fojo - A resposta da Câmara Municipal





Sensivelmente 2 meses após ter sido despoletada a polémica da destruição de vestigios arqueológicos na Villa Romana do Fojo, recebi hoje a posição oficial da Câmara Municipal, que anexo integralmente. A referida carta merece-me 4 observações:

1) Fico satisfeito por saber que o protesto promovido por este blogue, a que se associaram vários canenses, pode vir a ter consequência práticas : permitir que se faça um estudo de salvaguarda da estação romana do fojo, por forma a minorar as perdas resultantes da destruição selvagem que foram objecto;

2) Ficar perplexo pelo facto da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia ( independentemente do julgamento a fazer acerca de quem "podia" e de quem "devia" ter evitado este "crime") desconhecerem, à data dos pareceres emitidos sobre a operação de loteamento, a existência de um bem arqueológico inventariado, como já se fez prova neste blogue. Realço novamente que esta estação romana está longamente identificada em bibliografia local publicada pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal (“Arqueologia e arte no Concelho de Nelas” da autoria dos Professores Maria de Fátima Eusébio e Jorge Adolfo Marques, editada em 2005 pela Câmara Municipal ; e “Canas de Senhorim – História e Património” , edição da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim;

3) Apelar às entidades com responsabilidades (vinculativas ou não vinculativas) no licenciamento de obras de edificação na freguesia de Canas de Senhorim, que promovam uma melhor preparação e formação dos seus técnicos por forma a não permitir que projectos lesivos do património sejam aprovados sem a salvaguarda de, insisto, valores maiores.

4) Recordar que, encontrando-se as obras do loteamento aqui referido em fase de conclusão, e dado que se seguirá - como a lei obriga - uma série de pedidos de emissão de licenças de utilização das moradias do loteamento, a Câmara Municipal tem uma boa oportunidade para "obrigar" o promotor a realizar os referidos estudos (sem prejuízo do desfecho do procedimento de contra-ordenação), condicionado a emissão das licenças de habitabilidade à realização dos trabalhos de salvaguarda.







"Canal 3" aí vai a prova!

foto gentilmente cedida por: amef

"Para não ter que contar toda a história radiofónica canense que, de resto, seria muito extensa para este comentário, queria dizer-lhe que está certo quanto à existência, composição e localização da "original" RAC. No entanto, como co-fundador da saudosa "Mega" (até no nome, ao contrário do que era habitual, se destacava no extenso espectro nacional!!), queria dizer-lhe que, um grupo de pessoas, sabendo da sua existência e de outras experiências anteriores em circuito fechado, isto é, sem emissor, produzindo apenas registos magnéticos, alguns em minha posse, achando a ideia interessante, resolveu dar-lhe alguma expressão, tudo combinado na esplanada da "Galé", no meio de "finos", tremoços, amendoins e alguns camarões, após os jogos de futebol de salão que decorriam naquele verão, nas instalações dos Bombeiros, antes do encerramento da CPFE.

Resolveu-se, então, convidar os animadores e fundadores da original RAC para integrarem o Projecto Mega Rádio. Uma dessas pessoas que referiu não foi convidada e todas as outras aceitaram integrar o projecto. Inicialmente, como disse, instalámo-nos nas águas furtadas do prédio onde vivia o amigo António Brízida Rojão, onde ninguém cabia em pé, e poucos meses depois mudamos para o espaço que hoje é ocupado pelo Jornal Canas de Senhorim. Para que saiba, Helder Ambrósio junta-se ao "staff" nesta fase. O Horácio Peixoto, sempre colaborador e co-fundador, que me lembre, nunca foi lucotor mas colaborava em muitas outras coisas. Já o Antunes (Toninho iu) foi uma peça chave do projecto. Era ele o homem das electrónicas, com capacidade de montar as antenas e o emissor comprados em kit e em ...Madrid. Lembro com admiração alguns carolas que contribuiram financeiramente para tudo isto: Rojão, Figueiredo, Caetano, Ilídio, Brandão, Tó-Zé Lopes e outros, que já não me lembro mas que, concerteza, me desculparão por isso. Quanto às pessoas e à formação da "segunda via" da RAC está certo no que disse mas, queria dizer-lhe que, mais uma vêz, houve carnaval em Canas de Senhorim, fora de tempo, sim, o carnaval não dura só três dias como diz a canção mas, infelizmente, o ano inteiro. Digo-lhe mais, por tudo isto hoje não temos rádio nenhuma (e tanta falta nos fêz, na luta!!) assim como não temos, porque perdemos, outras coisas. Antes de terminar, queria dizer-lhe que o nome adoptado antes da legalização como RAC, foi "Canal 3", lembra-se? Para entender porque é que ficou finalmente com a designação "RAC", tudo teve a ver com a constituição das cooperativas: A Mega Rádio constituiu uma de raíz enquanto que a RAC aproveitou uma já existente, que detinha a também saudosa publicação quinzenal jornal "Tribuna de Canas". Como a antiguidade das cooperativas fazia parte dos critérios de selecção para atribuição de frequências (lei das rádios regionais), a "fusão" Mega-RAC concorreu com a cooperativa da ...RAC. Ah! lembra-se do Pedro Vieira? Foi recrutado por mim para a Mega. Na Mega se formou e depois fez carreira na Rádio...Renascença!!!

Cumprimentos.

P.S.: A sede de concelho também tinha uma rádio. Chamava-se "Rádio Club de Nelas" e não teve arte nem engenho para concorrer à única frequência disponível, mas, Canas tinha de ter duas....!!!!!!?????"

Publicado por Anjodisa em Município de Cannas de Senhorym a 8 Janeiro, 2009 pelas 02:44h

03/01/2009

2 RAC's



Caros amigos:
Depois de tudo o que li, eu como super herói que sou, tenho o dever de vos contar e informar da verdadeira historia das rádios em Canas.
Existe uma primeira distinção que é preciso fazer antes de tudo começar, é preciso ter consciência que existiram duas RACs.
A primeira apareceu e funcionou em casa do Senta-aí, por cima do antigo Zé Pacato, tendo como colaborantes, o Senta-aí, o Tu-jó, Jorge Fernandes, Paulo Dias, Muchana e o Paulo Gato.
Esta sem dúvida que foi a primeira rádio pirata em Canas, eu com o carro estacionado junto à capela ouvia, porque por eles era informado.
A frequência era preciso apanhá-la procurando hoje uma onda e amanhã outra, no entanto estes miúdos (na altura) divertiam-se, e com eles se deu um grande passo para o que veio a seguir.
Com a zanga entre eles, um separou-se de todos os outros (Paulo Gato), acabando por se extinguir a primeira rádio pirata canense (a primeira RAC).
Com o avançar do tempo são criadas posteriormente mais duas rádios também piratas.
A primeira foi a MEGA RÁDIO, onde 4 dos seus “locutores” dela fazem parte, assim como o Rojão, o Hélder, Caetano, o Toninho-eu, Peixoto, transmitiu primeiro do prédio do Rojão e posteriormente da casa por cima do Caçoilo.
É criada também outra rádio pirata (2ª RAC), que foi por muito confundida com a primeira.

A segunda rádio pirata foi criada pelo Luís Pinheiro, Álvaro Couto, Josué, Paulo Gato, Serafim Ribeiro, etc, transmitiu as suas primeiras ondas de uma casa frente ao café do Zé das Máquinas e posteriormente da casa do Sr. Mateus.
Com esta “guerra” toda entre piratas, e como era precisa a sua legalização, houve tentativas de unificação, foram feitas reuniões entre todas as pessoas envolvidas, entre todos os sócios (de um lado e do outro) no entanto muita gente esteve contra, uns porque não gostavam do Luís Pinheiro e do seu staff (para ele era mais um brinquedo que depois de usado deitava fora), outros porque não sabiam como tudo isto iria acabar.
A unificação foi avante, as negociações levaram a tomadas de decisão, o nome da rádio ficou Rádio Amador de Canas (RAC) sendo a frequência 96.8 fm (a da Mega Rádio).
No entanto esta unificação nada teve de bom para a nossa terra, a rádio é legalizada, é-lhe concedido um alvará, que posteriormente é cedida a exploração para Viseu (basta sintonizar e ouvir).
Nestas negociações esteve presente o ilustre Zé Correia (Presidente da Câmara de Asnelas), pessoa idónea e sem qualquer interessa no negócio, mas interessado também em que a rádio não ficasse por cá (penso eu), a machadada foi fatal.
Como a rádio dá trabalho e não dá dinheiro (o que acredito), foi “vendida”, o brinquedo fartou as criancinhas que o quiseram trocar por outro mais atractivo.
Agora digam-me:
Todos aqueles que colaboraram durante estes anos, todos os sócios, todos os fundadores, era isto que queriam?
Era isto que esperavam quando foi feita a unificação?
E o dinheiro das cotizações de sócios ?
E o da “venda” do alvará por acaso alguém o viu?
Pois eu como SUPER HEROI também não…
Sabem quem é que mais uma vez se ficou a rir ??????
Foi o Zé……

Publicada por ZHULKORRO
em Município de Cannas de Senhorym

31/12/2008

A Pedido - Saídas do Baú


Pois bem, aqui vai a postagem que mais me têm pedido, espero que se consiga ampliar e que agora sim reconheçam os envolvidos ...
Não sei responder o que aconteceu às rádios em Canas, sei que houve um alvará e que a população contribuiu para um peditório ... mas mais ... ...sinceramente não sei...
Nos capítulos seguintes da história, perdi entretanto o seu desenrolar, já me encontrava a fazer o meu percurso académico, haverá alguém mais habilitado para o fazer, espero que o faça comentando este post!

26/12/2008

A noite ganhou outra alma!!!







01/12/2008

Villa Romana do Fojo - Entrevista - IGESPAR


Já está disponível no Canas Online a entrevista que a Drª Gertrudes Branco, do IGESPAR, concedeu ao Jornal "Canas de Senhorim", a propósito da destruição de vestígios arqueológicos na Villa Romana do Fojo.

A entrevista é parte integrante da edição nº 120 do Jornal "Canas de Senhorim".

23/11/2008

Enigma

Caros visitantes do Blog, quereis adivinhar de que trata a foto?

Onde se localiza, em Canas?

E qual foi a sua função?

14/11/2008

Lembrete

Município de Canas de Senhorim:
650 anos 
Município de Asnelas:
150 anos

A terra de Canas (...) recebe uma carta de foral de D. Sancho I, em Abril de 1196 . Este documento revela importância histórica, por certificar a existência de um grupo de povoadores em Canas de Senhorim, que se davam ao labor da agro-pecuária. Que se tornava urgente arrotear a terra, fica patente no texto ao especificarem-se as rendas a cumprir pelos lavradores "destas herdades que hora são rotas como das que se depois se romperem". Seria, pois, este o primeiro foral de Canas de Senhorim, que o Rei D. Manuel haveria de reformar em 30 de Março de 1514(...) 
       A chancelaria de D. Manuel ainda é mais abundante em fontes sobre o território de Senhorim com a nomeação de muitos ofícios públicos. Brás Rodrigues ali morador, foi nomeado tabelião da terra em substituição de Rodrigo Afonso ; Lourenço Pires, morador em Canas de Senhorim, recebeu carta de inquiridor das inquirições judiciais de lugar e do concelho ; como escrivão das sisas, surge, em 1504, Afonso Gonçalves para todo o concelho de Canas de Senhorim ; os juizes, concelho e homens bons de Canas de Senhorim foram notificados pela coroa, no mesmo ano, da eleição de Fernão Talesso, escudeiro de Nuno Martins da Silveira, para o ofício de tabelião do público e judicial ; assim com igual notificação sobre a mercê concedida a Domingos Pereira, morador em Asnelas, do concelho de Canas de Senhorim, do ofício de tabelião do público e judicial e de escrivão dos órfãos .
http://clientes.netvisao.pt/armcarv/informacoes/nelas.htm
Do Lugar de AsNelas à Formação do Concelho
Prof. Doutor Joaquim Veríssimo Serrão
Presidente da Academia Portuguesa da História

A História continua ...

13/11/2008

O Concelho de Canas de Senhorim_1706[II]



Corografia Portugueza e descripçam Topografica do famoso Reyno de Portugal(...)
MDCCVI


O Concelho de Canas de Senhorim fica tres legoas de Vizeu para o sul, he da Coroa ; tem uma Igreja Paroquial de invocação do Salvador(...)
Corografia portugueza
e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal...
[BN H.G. 1065 V.]

21/10/2008

Villa Romana do Fojo

Num post anterior foi referido que Canas de Senhorim está na iminência de perder uma importante zona de interesse arqueológico. Por me parecer evidente que o local referido é o abaixo designado e para que não haja dúvidas sobre a sua importância, transcrevo as referências que o Instituto Português de Arqueologia possui na sua base de dados relativamente a este património que é nosso.
Fojo 1

Designação: Fojo 1
Tipo de Sítio: Villa
Periodo/Notas: Romano ; Indeterminado
CNS: 12637
Topónimo: Fojo
Div. Administrativa: Viseu/Nelas/Canas de Senhorim
Classificação:
Descrição: Possível villa implantada em área plana, e onde são visíveis fragmentos de cerâmica de construção romana e cerâmica comum. Nos muros divisórios de propriedade sõ visíveis algumas pedras aparelhadas. Existe no local uma pequena lagareta circular.Espólio: Tégulas, imbrices, cerâmica comum muito desgastada.
Ref. Bibliográficas: Património arqueológico da vila e freguesia de Canas de Senhorim/Canas de Senhorim. História e Património/1996Contributo para o inventário arqueológico do concelho de Nelas. Freguesia de Canas de Senhorim/Beira Alta/1999
Trabalhos: Relocalização/Identificação/1998

Fojo 2

Designação: Fojo 2
Tipo de Sítio: Villa
Periodo/Notas: Romano
CNS: 12638
Topónimo: Fojo
Div. Administrativa: Viseu/Nelas/Canas de Senhorim
Classificação: -
Descrição: Villa romana onde é visível como testemunho estrutural uma soleira de porta inserida num dos muros divisórios de propriedade. No terreno, à superfície são visíveis materiais de construção romana, cerâmica comum e fina.
Espólio: Tegulae, imbrices, cerâmica comum (bordos , fundos, arranques de asa), vários fragmentos de sigillata hispânica tardia.
Ref. Bibliográficas: Património arqueológico da vila e freguesia de Canas de Senhorim/Canas de Senhorim. História e Património/1996
Contributo para o inventário arqueológico do concelho de Nelas. Freguesia de Canas de Senhorim/Beira Alta/1999
Trabalhos: Relocalização/Identificação/1998

Nota: Para pesquisar na BD do IPA aceda à página e no menu "Base de Dados - Endovélico" escolha "Pesquisa de Sítios Arquelógicos".

20/10/2008

Companhia Portuguesa dos Fornos Eléctricos

Curiosamente não há em Canas uma única referência digna desse nome a essa grande Indústria que tirou Canas do anonimato rural a que estava condenada, que deu emprego a milhares de homens e também algumas mulheres, provenientes dos mais diversificados pontos de país, ... que colocou esta Terra no mapa, que fez desta Terra o maior e mais importante pólo industrial de todo o interior português durante décadas ( porventura o único )!




Companhia Portuguesa dos Fornos Eléctricos apresenta as indústrias que introduziu em Portugal e que constituem o seu programa de fabricação:

Carbonato de Cálcio
Cianamida cálcica
Ferro-gusa em lingotes
Hetatite
Semi-Fosforoso
Fosforoso
Tipos Especiais
Ferro-ligas
Ferro-Silício
Silício-Metal
Ferro-Manganês
Silício-Manganês
Ligas Especiais

A Companhia Portuguesa dos Fornos Eléctricos ( CPFE), sociedade anónima, fundada em 1917 em Portugal, orientou inicialmente a sua actividade, na indústria electroquímica, para permitir a utilização dos excedentes de energia das hidroeléctricas da Serra da Estrela.
Na primeira fase instalaram-se fornos monofásicos com uma potência global de 2 500 KVA para produção de carboneto de cálcio.
No entanto as limitações de abastecimento de energia eléctrica e a segunda guerra mundial restringiram o desenvolvimento da CPFE que somente depois de 1946 pode orientar-se para dois novos domínios: produção de cianamida cálcica e de ferro-ligas e gusas em forno eléctrico.
Após 1946 iniciou-se a fabricação de gama extensa de Ferro-ligas que inclui desde o ferro silício de 25%Si até ao de 90%Si e o silicío-metal, além das ligas de manganês ( ferro-manganês, silício manganês). Produz-se também tonelagem apreciável de gusas eléctricas, de composições correntes especiais.
Derivada da indústria do carboneto desenvolveu-se paralelamente a indústria da cianamida cálcica cuja fábrica atingia em 1958, a capacidade de produção de 20 000 toneladas/ano.
O conjunto alcançou, em 1958, uma potência de 20 000 KVA.


O conjunto fabril da CPFE em Canas de Senhorim ocupa a área de 200 000 m2 , da qual 20 000 m2 em edifícios, trabalhando nestas instalações 600 pessoas.
A posição da fábrica, situada no centro de Portugal, é favorecida sob o ponto de vista de transportes pois, limitada por um lado pela estrada nacional, dispõe ainda de ramais privativos ligados à rede ferroviária da Beira Alta.
A localização é boa, do ponto de vista de abastecimento de energia eléctrica, visto que as instalações fabris se encontram próximo de centrais que as alimentam, estando também ligadas directamente à rede eléctrica primária do País. A potência instalada nas subestações é de 27 000 KVA.
Junto à fábrica foram construídos, além do bairro residencial para pessoal dirigente e especializado, uma escola primária e profissional, campos de jogos, salão de festas e posto médico com enfermaria.

Cianamida Cálcica – Adubos Químicos

Fornos eléctricos descontínuos para fabrico de cianamida cálcica


É obtida em fornos descontínuos pela azotação do carbonato de cálcio.
Adubo azotado amídico, titulando 20,5% de azoto e 60% de cal, com as seguintes aplicações principais:
1 – Adubação de fundo de todas as culturas dos solos ácidos.
2 – Adubação de cobertura dos cereais praganosos com dupla finalidade de combater as plantas daninhas e fertilizar as culturas.
3 – Preparação de estrumes artificiais a partir de diversos materiais, tais como palhas, folhas, bagaços, etc.
Os Serviços Agronómicos sa CPFE fornecem todas as indicações que lhes forem pedidas sobre o modo de aplicação da cianamida nas diferentes culturas e nos diversos tipos de solo e regiões do País.


Ferro Gusa em Lingotes - Electometalurgia


-

Hematite

Semi-fosforoso

Fosforoso

C

3,5 – 4 %

3,5 – 4 %

3,5 – 4 %

Mn

0,7 – 1 %

0,7 – 1 %

0,5 - 0,7 – 1 %

P

0,08 % max

0,5 – 0,7 % max

1 – 1,3 % max

S

0,05 % max

0,05 % max

0,05 % max

Si

1,5 – 2 2 – 2,5 2,5 – 3%

3 – 3,5 3,5 – 4 %

2 . 2,5 2,5 – 3 %

3 – 3,5 3,5 – 4 %

2,5 – 3 % 3 – 3,5 %

Fabricado no forno eléctrico em diversos tipos normalizados.
Além das composições correntes indicadas no quadro acima, pode fornecer, de harmonia com as necessidades e especificação do cliente, outros tipos de gusa.
Dispondo de modernos laboratórios e gabinete de estudos, a CPFE está em constante evolução, orientando-se sobretudo para a fabricação de produtos que exigem técnicas mais especializadas.



Ferro Ligas
Produzido no forno eléctrico com estrutura e composição química de grande regularidade.

-

C

Si

Mn

P

S

Ferro-Manganês

6 – 7 %

1,5 % max.

76 – 80 %

0,35 % max

0,05 % max

Ferro-Silício

0,5 %

20 - 25 %

________

0,1 % max

0,07 % max

0,5 %

25 – 30 %

________

0,1 % max

0,07 % max

0,1 %

45 – 50 %

________

0,1 % max

0,05 % max

0,1 %

75 – 80 %

________

0,07 % max

0,05 % max

0,1 %

90 – 95 %

________

0,05 % max

0,05 % max

Além das composições indicadas – as mais correntes – a CPFE fabrica ferro-ligas com outras características, conforme aplicações específicas e desejo dos clientes.
A CPFE tem o domínio da fabricação de ferro-ligas, larga experiência e técnica bastante apurada que lhe permite apresentar produtos de alta qualidade.

Sangria de um forno


Carboneto de Cálcio - Electroquímica


O carboneto de cálcio foi o primeiro produto que a CPFE fabricou em forno eléctrico.
O mercado tem aumentado dadas as inúmeras aplicações industriais do carboneto (soldadura, corte, metalurgia, síntese química e iluminação).
Uma parte importante da produção no fabrico da cianamida cálcica a qual é obtida em fornos eléctricos descontínuos, com eléctodo central, onde o carboneto é azotado.
A CPFE produz carboneto de cálcio satisfazendo normas internacionais.
Assistência Técnica
A CPFE põe os seus meios laboratoriais e de investigação, ao serviço dos clientes para estudo de novos materiais e de técnicas de utilização, especialmente adaptadas ao emprego mais eficiente e económico dos produtos que fabrica.


Estes dados, fotos e texto foram compilados na íntegra, de um prospecto da antiga CPFE, trilingue( portugês, francês e inglês) com o intuito de a promover e dignificar junto de futuros clientes.
Surge, este documento, nos finais da década de 60 principios da década de 70, em pleno Estado Novo e na sua época aurea!

Aos seus antigos trabalhadores, aos que ainda estão connosco e aos que já partiram, às fuas famílias, aqui fica este registo em jeito de HOMENAGEM!

18/10/2008

Canadas

Image

Provavelmente estão na origem do nome de Canas de Senhorim. São uma forma de canalização de água, muitas vezes feitas de pedra mais ou menos aparelhada, outras vezes talhadas na rocha, ou apenas escavadas na terra e que serviam para fazer transvasar a água dos ribeiros e desviá-las para as zonas de cultura e para os pastos do gado, numa altura em que não existiam motores de rega para tirar água dos poços.
Em Canas encontram-se em muitos sítios e por vezes são ainda utilizadas para servir à sua velha função.
Deram origem, ao longo dos séculos a muitas histórias de partilhas de água, de mortes à sacholada, de questões de família. Usaram-se para dividir terrenos, para marcar estremas, às mulheres para lavar roupa ou as tripas do porco e às crianças para apanhar rãs.
Mª José M.Santos e Ana Mouraz, Jornal Canas de Senhorim, ed.Jul2005

12/10/2008

A casa do Cabido

Armazém do Cabido, onde as pessoas iam entregar as rendas

A Vila de Canas de Senhorim foi desintegrada da Terra de Senhorim em 1186, por uma carta de couto em que D. Sancho I doou e coutou a Vila de Canas ao bispo de Viseu, D. João Pires.

Em 1196, o Cabido da Sé de Viseu deu foral aos povoadores do seu couto, o que faz supor que o mesmo Cabido (que é uma congregação dos cónegos de uma Sé) terá tomado posse daquelas terras.

Sabe-se que em 1399 os moradores de Canas estavam obrigados a pagar fogaça e eirádega.

Em 1514 Canas recebe o seu foral novo como de terra sujeita ao pagamento de certos direitos reais ao Cabido de Viseu, mas que declarou livre a propriedade dos habitantes. Tinham de pagar ao Cabido um oitavo do pão e do vinho e uma pequena porção de linho.Estava-se então no reinado de D. Manuel I. Será eventualmente desta data a construção do armazém do Cabido, onde as pessoas iam entregar as rendas.

Deste edifício, situado na Rua do Paço, ainda resta a fachada do antigo portão, encimada por um nicho de onde, durante muitos anos (séculos?), vigiou o S. Bartolomeu.

Todos os anos pelos santos populares se acendia uma fogueira no largo de S. Bartolomeu e era costume cantar e dançar para honra dos santos e folia do povo. Na década de setenta e numa dessas noites, o Santo terá decidido sair do nicho e ir, quem sabe, recolher-se em local mais aconchegado. Para isso utilizou uma escada de mão que, inadvertidamente, tinha ficado por ali depois dos preparos da festa. Nunca mais ninguém o viu.Está o povo convencido que não andará longe. Pois que o estimem como nós o estimámos e se puderem que lhe cantem e que lhe dancem.

O santo que se encontra hoje no mesmo local, foi ali colocado pela D. Joana Laurenzini Borges de Campos para que, tendo-se perdido o Santo por esse mundo, não se perdesse também a sua memória.

Maria José Santos e Ana Mouraz_Quem se lembra dos caminhos velhos, Jornal Canas de Senhorim_ed.Set2005

Fogaça: determinada quantia em «pão cozido debaixo da cinza quente»

Eirádega: determinada quantia «geralmente em cereais (eira), mas também em linho ou vinho»

11/09/2008

O Caminho Real/Estrada Velha

Antes de existir a estrada real que atravessa o Planalto Beirão desde Santa Comba até Mangualde, que foi unindo todas as povoações e cuja construção se terá iniciado após as invasões francesas, existiam já dois caminhos muito antigos, mais ou menos paralelos, que atravessam também o Planalto e que em Canas passam nos pontos mais altos a norte e a sul. Dum lado, vinda das Terras de Senhorim passa a estrada velha que ladeia o Folhadal, segue aos Carregais e à Pantanha, sobe ao Alto da Cumieira, à Lapa do Lobo e chega aos Fiais mesmo junto à Orca dos Fiais. Do outro lado, a estrada velha que vem desde Nelas (Asnelas na altura) e segue ininterruptamente até à entrada da Póvoa de Sto. António. Depois perde-se no início da estrada para as Laceiras, mas volta-se a encontrar mais adiante seguindo na direcção de Cabanas de Viriato.
O caminho que hoje propomos é exactamente um troço desta estrada que todos conhecem como Estrada Velha da Póvoa ou Caminho Real embora tudo leve a crer que é bem mais antiga que a existência da monarquia.
Os caminhos reais eram as vias de comunicação mais importantes no século XVI, e, segundo o livro “Peregrinatio Hispânia”, de Edme de Saulieu, Abade de Cister, [] que por eles andou em 1632 visitando os conventos da Ordem, estes caminhos seguiam habitualmente o traçado de estradas romanas já existentes. Mas, provavelmente este caminho é bem mais antigo porque à sua beira se encontrou o monumento fúnebre conhecido como a Orca das Pramelas (6.000 aC).
Prova de que este caminho velho foi estrada de romanos, que como se sabe estiveram na Península Ibérica a partir de 218 aC, embora nesta zona só por volta de 80-70 aC, são duas moedas romanas que se encontraram exactamente no desaterro da Orca das Pramelas.
Ainda segundo os relatos de viagem do Abade de Cister, que esteve em Canas e Vale de Madeiros, esta estrada era larga, plana e aprazível, beneficiando em muitos troços de boas vistas e boas sombras. Para quem tinha vindo do Lorvão e passado as serranias do Luso, atravessado rios e córregos a vau e fazendo grande parte do percurso por caminhos “de pé posto”, este caminho devia ter parecido uma auto-estrada.

Este livro, “Peregrinatio Hispânia” pode ser encontrado na biblioteca dos Bombeiros Voluntários de Canas de Senhorim.

(Maria José Santos; Ana Mouraz) no Jornal Canas de Senhorim, ed. Agosto2005


Orca das Pramelas

foto de LMPRosa


Memória da estrada da Póvoa,
também Estrada Velha ou Caminho Real...
e outras memórias (menos boas)
foto http://canasesenhorins.blogspot.com/

01/09/2008

Excursão á Serra da Estrela - "Impressões" por um Excursionista

Fica em baixo uma cópia integral do primeiro capítulo deste livro escrito por João Miranda de Azevedo e editado em 1916 pelas Oficinas da Ilustração Portugueza.

Nos confins da Beira Alta, quási a igual distância do Mondego e do Dão, encontra-se uma planura ligeiramente acidentada, sobre a qual assenta a antiga vila de Canas de Senhorim. Não é recente a sua fundação. Vestigios de variada espécia, postos a descoberto na parte Nordeste, tais como: alicerces de casas, sepulturas, tijolos, etc., provam uma relativa antiguidade. Mas deixemos a questão arqueológica, que daria margem a um capítulo aliaz interessante, assim como a genealogia.
Estendida na direção Norte Sul, e irregularmente distribuida, acumula as suas casas principalmente junto das estradas.
O escurecido granito beirão, exclusivamente empregado nas construções, imprimir-lhe-hia uma nota agreste e triste, se, a breve trecho não fosse desvanecida pelo alvejar de uma ou outra casa branca, pela verdejante ramaria do arvoredo pitorescamente disseminado nas circumvisinhanças e até no povoado.
Não é possível abranger numa vista geral toda a povoação. Apreciada de longe, apenas resalta á nossa atenção a torre da bela Igreja e um massiço de casas que, ocultando outras aqui e acola permite distinguir o cume dos edifícios mais altos e grandiosos. A visita interna proporcionará ao «touriste» ocasião de observar edifícios importantes, como o Solar Abreu Madeira e outros, um sumptuoso tempo, etc.; dum modo geral, a casaria apresenta uma feição higiénica e moderna, dado o regular pé direito das construções. Possui também digno de menção: Estação Telégrafo Postal, quatro Escolas Primárias belamente instaladas, Farmácia, um grande armazem de Vinhos, bons estabelecimentos comerciaes, casas de hóspedes, garage, alquilaria, etc.
Como prémio da sua privilegiada situação topográfica e não devido a influências políticas que, longe de serem aproveitadas teem sido desprezadas, goza esta antiga vila de óptimas estradas que se cruzam quási ao meio da povoação, ligando-a pelo Nascente com a vila de Nelas de cujo concelho faz parte, pelo Sul com as Calas da Felgueira, pelo Norte com Carvalhal e Vizeu e pelo Poente com a vila do Carregal e Santa Comba; goza além disso do incalculável beneficio da Estação do Caminho de Ferro da Beira Alta.
A índole activa e trabalhadora dos seus despretenciosos habitantes contribuíu eficazmente para a divisão da propriedade - que consídero um bem - para o desaparecimento de antigas casas fidalgas, e nos últimos tempos para a reedificação e construção de casas mais ou menos aparatosas que lhe imprimem um aspecto novo e muito agradável.
Tem uma população bastante grande - quatrocentos e tal fógos - e prevê-se num futuro próximo um regular movimento comercial. E' verdadeiramente produtiva a região.
Nos campos circumvisinhos poderá o visitante observar, além da beleza dos terrenos, uma consideravel fertilidade: Nos lugares baixos cultivam-se com grande proveito: cereais, legumes, fruteiras, etc., e na breve encosta a vinha, cujo produto constitue a principal riqueza da região, tanto pela qualidade como pela quantídade.
Calculam-se em 4:500 hectolitros as vendas anuais edectuadas nesta povoação. O pinheiro, formando a certa distância um vasto circuito, é a arvore predominante, deixando examinar por cima das suas cristas, a Sudeste a Serra da Estrela e a Noroeste o Caramulo.
Canas de Senhorim é a cabeça da freguezia do mesmo nome, que conta cinco povoações algumas quasi tão populosas como Canas. A mais pequena, a uma distancia de cinco quilómetros, é a das Caldas da Felgueira, estancia termal muito concorrida, onde o aquista encontrará, ao lado dum esplendido estabelecimento balnear, um dos melhores hoteis do paiz. Atravessam agora um período de grande desenvolvimento, prometendo nos anos próximos uma extraordinaria frequência, atendendo aos melhoramentos a realisar, que as colocarão ao lado das primeiras estancias do paiz.
A menos de um quilómetro de Canas, ficam as ricas minas de uránio da Urgeiriça, exploradas pela firma Henri Burnay & C.ª. E' digno de minuciosa visita o local, não só por ser aprazível, mas, porque a Companhia aí sustenta em constante actividade máquinas de extracção e trituração do minério, que brevemente tambem iluminarão e ventilarão as minas.
As Caldas da Felgueira e as Minas de Uránio dão á povoação um movimento novo, e constituem lugares dignos de serem visitados por as pessoas que atravessam a região da Beira Alta.

24/08/2008

Não Calarão As Pedras



Caminheiros do Túmulo

por Portuga Suave


9H30. Fim de Agosto. Temperatura máxima prevista 36º. Objectivo: Caminhada que nos levaria à Orca das Pramelas, via Urgeiriça com regresso pelo Casal.Concentrámo-nos a caminho da Urgeiriça. Pensos rápidos para proteger os calcanhares, mais habituados ao doce conforto do pedal da embraiagem e do acelerador que ao percurso pedestre que decidimos de véspera levar a cabo.
Chapéus eram oito, menos um do que os elementos deste grupo incursionista, pois o sol não atemorizou o nosso guia, rapaz voluntarioso mas de poucos recursos de orientação, batedor de outras matas que não estas, como mais tarde se deu conta. Cinco adultos e quatro crianças que, como sabemos, nestas andanças dão o dobro do trabalho e da preocupação, como mais tarde também se haveria de verificar. Água em abundância, o único peso permitido.
Lá fomos com repreensões à esquerda e à direita a cada pincho dos putos enquanto caminhávamos pela estrada da Urgeiriça. Relaxámos quando entramos na mata. A frescura aromática oferecida pelos eucaliptos e pelos pinheiros seculares promoveram de imediato inspirações de bem-estar e comentários irónicos sobre os malefícios daquele ar puro aos fumadores presentes.
Confiantes no instinto de batedor do nosso guia deixámo-nos conduzir mata dentro fora do carreiro, pico aqui pico ali, ai, ui, que não viemos preparados para atravessar tojo e o calor desaconselhou vestimenta mais defensiva. Mas não foi suplício assinalável, pois em menos de 50 metros da estrada, sem hesitações nem sinalizações, o nosso guia levou-nos ao primeiro túmulo.
Esculpido na pedra maciça e talhado na forma poupada de um corpo humano, remetia para tempos remotos mas de nada nos serviram especulações sobre a época e os costumes, pois a sepultura no seu silêncio granítico nada confirmou. Das duas uma: Ou um túmulo com esta simplicidade, sem qualquer inscrição, não é susceptível de grande interesse arqueológico ou, caso contrário, se efectivamente foi possível datá-lo e relacioná-lo historicamente, carece de tratamento patrimonial e de alguma referência informativa local, à semelhança do que foi feito e muito bem no caso da sepultura da Orca das Pramelas.
Foi com estas considerações que abandonámos o local no encalço de outros dois túmulos idênticos que, segundo o nosso dedicado guia, se encontravam perto. Esforçou-se o nosso batedor. Norte, Sul, Este, Oeste, num raio de 1000 metros, mas túmulos nem vê-los. Tumular fiquei eu quando no meio destes desachados perdi um dos meus putos que, na ânsia de encontrar o desencontrado se pirou mata dentro sem aviso nem consentimento. Raio do puto. Qual André qual quê! Depois de muito chamarmos, de muitos palavrões e vitupérios, lá apareceu de dentro da mata, cabisbaixo, sem túmulo nem cor, conformado com a palmada que se adivinhava na minha expressão. Poupei-o com a reprimenda histérica de pai aliviado «à tarde não vais à piscina, sigamos p’ra Orca das Pramelas».11h30.
Sepultura da Orca das Pramelas. Bem conservada e devidamente identificada com placa informativa por iniciativa da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim. Uma certa religiosidade envolvia o sepulcro pré-histórico! Indução psicológica por certo. Pausa para apreciar e desidratar. Aqui sim, o monumento apresentava uma construção peculiar já de todos conhecida e devidamente documentada. As pedras teimavam em contar-nos histórias perdidas no tempo e cerimoniais remotos. Que divindades teriam sido invocadas? O Sol, a mãe Terra? Algum sacrifício para recomendar o defunto? Que gentes teriam chorado sob estas pedras, quem teria ido a enterrar (emparedar?) neste local há 6000 anos atrás? Dada a dimensão da câmara alguém importante com certeza ou talvez uma família, um casal. Como seria o aspecto do túmulo completo? Que raio! Porque não falam as pedras.
Ultrapassadas estas reflexões e aliviados da carga da mochila pelas bocas ávidas de água, que o percurso e o sol secaram, contornámos o Paçal e rumámos ao Casal. Colhemos amoras, umas belas uvas (que nos perdoe o dono) e deslumbrámo-nos com a vista da serra na sua dimensão e plenitude. O nosso guia, contrafeito por não encontrar os túmulos resmungava inconformado, «ainda na semana passada cá estive… mas não é fácil, até o Peixoto teve dificuldades em dar com eles», e ia-se redimindo debitando informação complementar, «ali debaixo daquele lago estão umas ruínas romanas» e apontava uma represa que provavelmente servia de bebedouro aos animais da Quinta do Brasileiro ou da Machamba ou lá como é, ou então «esta zona está repleta de romanóides» indicando com a ponta do sapato a orla do caminho onde alguns fragmentos toscos de barro vermelho cozido se desalinham humildes perante a indiferença de quem passa. Ali mesmo, à entrada do Casal. Romanóides, resquícios do Império ali no Casal, à mão de semear? Pelo sim pelo não devia ter trazido um.
Descemos a Rua do Casal que perdeu muito da sua génese pitoresca com aquela camada de alcatrão urbano. Ali adequava-se o velho e característico macdame, mas estamos em Canas, onde estes aspectos e outros que aqui não cabem são objectivamente desprezados pelos irresponsáveis conhecidos. Aliás, que raio de política ou preocupação patrimonial tem este município imberbe para com esta terra quase tão antiga como a portugalidade? Que valores culturais perfilharia o vereador do pelouro da cultura que permitiu esta e outras enormidades? «Botem para lá alcatrão para ver se eles se calam». E nós vamos calando, pois antes assim que umas jantes novas por semestre. Do mal, o menos. Adiante. Ainda na Rua do Casal, do lado direito de quem desce, existe uma inscrição aparentemente antiga preservada numa pedra granítica que encima uma porta construída recentemente. Incompreensível aos nossos olhos despertou-me alguma curiosidade (se alguém souber diga-me sff o que conta aquela inscrição). Mais abaixo, a fachada da capela de S. Caetano remete-nos para 1694, reinava então D. Pedro II, O Pacífico.
Chegámos ao Largo Abreu Madeira, enquadrado pelo magnífico solar que lhe dá o nome e pela Igreja Matriz. O largo, mais pobre agora, desde que lhe retiraram o fontanário e o levaram para o Carvalho (que o levaram para o Carvalho para não dizer outra coisa... lembrei-me agora! Será que era ali, no Carvalho, o seu local original? Mesmo que assim fosse preferia-o no largo, na certeza da minha infância. Paciência). Para compensar, agradável surpresa, coisa já pouco vista por essas vilas fora, a Igreja de S. Salvador acolhia estes caminhantes já exaustos de portas abertas. Abertas é como quem diz, encostadas para preservar a frescura e permitir o retiro espiritual de quem a procura para esse fim. Agradável meta para estes caminheiros de meia-tigela. Ali depositámos os corpos e a alma por breves minutos. Fosse por acção divina ou pela amplitude arquitectónica, desvaneceu-se o cansaço e retemperou-se o espírito. Caminhada cumprida com a satisfação de que nos esperavam uns filetes de Veja (peixe açoriano?) para saciar um apetite que há tempos não experimentava.
Sugiro que façam este ou outros percursos a pé, pois só assim se alcança plenamente a beleza e a ancestralidade de Canas. Chega-nos através dos cheiros, das pedras milenares, da arquitectura senhorial, dos fantasmas industriais, do horizonte maciço da serra. Preenche-nos os poros de orgulho e relembra-nos as raízes da nossa origem, vagamente perdida no bulício do dia a dia. Também nos podem ocorrer memórias mais recentes - Viriatos emboscados nas malhas da República. Destas memórias e outras vindouras não calarão as pedras, assim não nos falte a firmeza, a determinação e o empenho na consolidação de um projecto digno para Canas de Senhorim.
P.S.: Obrigado ao nosso guia, mesmo que dos quatro túmulos só tenha encontrado dois. Pior para ele pois ganhava ao túmulo.
Sexta-feira, Setembro 08, 2006