Canas OnLine
Mostrar mensagens com a etiqueta Pessoas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pessoas. Mostrar todas as mensagens

01/03/2009

Entrevista

[…] Começámos o ano passado como um grupo de amigos de Canenses, cujo "núcleo duro" se manteve para a presente temporada e dos 14 jogadores inscritos para este ano, apenas um não é de Canas de Senhorim […]
[…] Quem olhar para a classificação não dirá por certo que nós fomos a equipa que mais golos marcou (seis) ao líder e a diferença nesse jogo foi de apenas 2 golos […]
[...]É fundamental que haja alternativas e quiçá complementaridade com o GDR Canas de Senhorim e que os apoios, nomeadamente camarários, se mantenham e permitam esta continuidade[…]
[…] Existimos porque nos sentimos bem e abraçámos um projecto em Canas de Senhorim que fazia falta. O apoio do nosso púbico é prova que há receptividade e emoção não falta. […].
**********
Entrevista a José Costa,
treinador da equipa de Futsal do Canas+Jovem no seu :

18/02/2009

Rossio Adorado! (MNM)


No Rossio tens o Pão
A Escola, a estação,
A Capela até
Tens a Feira, tens a Praça
Também o nosso Café


Vens ao Rossio Santinha
Buscar a Cartinha
Cheia de alegria
Não fales mal do Rossio
onde irás morar um dia


Rossio adorado
És o meu encanto
Por seres tão bonito
É que eu te amo tanto


Ó jóia querida
Que a serra gabou
Alegre e garrida
Tu dás-me essa vida
Eu dou-te o que sou


É tão linda a nossa terra
Como não há outra igual
É a mais linda da Serra
A maior de Portugal

Enamorou-se,
quando a viu cheia de brio
Ostentando sobre o peito
A jóia do meu Rossio

Maria Natália Miranda

Natural de Canas de Senhorim (Viseu), Beira Alta, é licenciada em Filologia Românica e com os cursos de Ciências Pedagógicas e do Magistério Primário. Foi assistente pedagógica e autora de textos para a R.T.P., com trabalhos para a Rádio Renascença, Rádio Estação Orbital e outras. Foi fundadora e directora, por vários anos, do Jornal Vento Novo - Sacavém, e conta com 60 obras em vários campos: poesia, Infanto-juvenis e pedagógicos.

Com colaborações em vários jornais, revistas, livros escolares, antologias, etc., promove o Livro e a leitura junto de crianças e jovens através de escolas e bibliotecas a convite dos Municípios. Tem cerca de 400 prémios literários no pais e estrangeiro, poemas para canções gravadas em disco, vários prémios das Marchas de Lisboa e Porto, etc., e o título de "Trovador da Língua Portuguesa" a nível de todos os países de expressão portuguesa.

Segundo Maria Rosa Colaço:

"Obreira discreta de uma obra vasta e séria em que é urgente repararmos, Natália Miranda escreve sobre a vida com palavras de sol. A poesia dos seus textos acende a esperança e devolve a quem lê os espaços de fraternidade possível. E necessária."

in www.joaquimevonio.com/.../nataliamiranda.htm

10/02/2009

Jantar de Carnaval de 2007

Bem sei que a época é de crise, por aqui vivem-se momentos angustiantes, que muitos estão fora outros ficámos por cá, uns são do Paço outros do Rossio, uns são movimentalistas outros não, uns são de esquerda outros de direita, uns foram bem sucedidos outros nem por isso, mas todos passámos na Escola Técnica do Dão ( excepto os que se encontram em rodapé, esses são parte da descendência) , todos gostamos muito desta Terra a quem chamamos "berço", não a renegamos nunca, e esse sentimento une-nos e dias não são dias e "é muito mais o que nos une do que aquilo que nos desune!"

Vamos reeditar o nosso Jantar da Segunda-feira das Velhas, dia 23 de Fevereiro de 2009, pelas 20h no edifício da mítica ESCOLA TÉCNICA DO DÃO, vamos trazer os que anteriormente não puderam comparecer ou não tiveram conhecimento a tempo, este ano com um cenário mágico, e com um baú soberbo, apressem-se, as inscrições podem faltar ...

Até lá, Viva o Nosso Carnaval e a nossa capacidade de nos reunirmos contra todas as adversidades.

16/01/2009

Ao grande Capitão




Figura incontornável do futebol canense e distrital.

Respeitado e admirado pelos colegas e idolatrado pelas camadas jovens, foi o jogador que por mais vezes vestiu a camisola do GRD e que mais vezes envergou a braçadeira de capitão, ficou mesmo conhecido como o "grande capitão".

Já esteve à frente dos desígnios do GDR, hoje pertence aos "ultra"...

O seu desempenho pelo GDR atravessou três décadas, iniciou a carreira nos anos 70, jogou toda a década de 80, vindo a concluir a carreira já na década de 90!

A Associação de Futebol de Viseu, no seu conselho disciplinar, reconheceu as qualidades deste capitão ao atribuir-lhe um louvor pela meritória actuação, um caso ímpar no futebol distrital, atribuído assim a um jogador do GDR.

09/01/2009

Ser Padre...

Ser padre é ser abençoado e verdadeiramente escolhido por Deus. Sem dúvida nenhuma, somente alguém que tem Deus ao seu lado é capaz de realizar tantos feitos como celebrar a Eucaristia, pregar o Evangelho, acolher os pecadores, orientar e acompanhar como somente um pai pode fazer. Um pai espiritual dado pelo Senhor para nos guiar no caminho da salvação. Ser padre não é uma tarefa fácil! Deixar tudo e entregar-se completamente nas mãos do Senhor pede vocação, força e fé. Muita fé. O padre é um ser humano sujeito a tentações, fraquezas e também emoções e sentimentos. É claro que, em alguns casos, nem sempre os limites humanos são superados, mas a graça divina e a oração constante são a melhor ajuda para os momentos de dificuldade. O padre precisa de nós tanto quanto nós dele. Precisa do nosso apoio, colaboração e compreensão; precisa do nosso amor, da nossa amizade e das nossas orações. Precisa que rezemos pedindo que Deus o santifique, ampare e console nos instantes de fraqueza.


    efeneto - Atendendo à sua idade, poderemos dizer que é um jovem padre e um padre jovem mas tem certamente já algo a relatar do passado. Sempre dedicado à causa Cristã? É padre por opção, por influência familiar, ou outras?

    Padre Nuno - Como todos os jovens gosto de desafios, julgo que ser padre é um grande desafio. Fui educado para a liberdade, por um ambiente familiar harmonioso, apesar de plural (entre os + crentes e - crentes), desde pequeno senti um fascínio especial pela Igreja, sempre participei na vida da minha paróquia e um apelo interior crescente “vem e segue-Me”... tudo isto contribuiu, mas quem chamou foi Deus!

    efeneto - Sabendo que tinha vocação e vontade de ser Padre, com que idade pensou realizar o seu sonho?

    Padre Nuno - Ainda continuo a descobrir hoje a minha vocação, e espero assim continuar, mas a decisão foi tomada aos 25 anos e a ordenação aos 27 anos.

    efeneto - Onde realizou os seus estudos?

    Padre Nuno - Com 29 anos continuo a estudar, penso que já ando há 23 anos na ‘escola’, onde as oportunidades de aprendizagem foram imensas, tive grandes mestres na ‘arte do ensinar’, ganhei importantes amigos e enfim, muito gosto em me sentir um aprendiz. Frequentei a escola primária da minha aldeia (Vila Mendo de Tavares), as escolas preparatória e secundaria em Mangualde, os Seminários Diocesanos de Fornos de Algodres e de Viseu, a Faculdade de Teologia em Lisboa na Universidade Católica e actualmente tenho o privilégio de frequentar a Universidade Pontifícia de Salamanca. Talvez de escola já chegue, é hora de me dedicar mais a outros saberes, menos livrecos!

    efeneto - Onde celebrou a primeira Missa?

    Padre Nuno - Na Igreja onde fui Baptizado no dia 31de Dezembro de 1979, no 1º aniversário de Matrimónio dos meus pais em Abrunhosa-a-Velha, concelho de Mangualde. No dia 12 de Setembro de 2005, o dia seguinte à minha ordenação Sacerdotal, aí celebrei a primeira Missa.

    efeneto - Em Canas de Senhorim sente-se realizado?

    Padre Nuno - Graças a Deus, sinto-me muito feliz aqui!

    efeneto - Tem nesta freguesia bons colaboradores?

    Padre Nuno - Sem dúvida que encontrei um grupo muito interessante de pessoas comprometidas com a paróquia, graças ao bom trabalho que os meus antecessores por aqui fizeram. Agora, na paróquia há espaço para todos. Há sempre lugares em aberto, vagas para a boa vontade e urgência de solidariedade!

    efeneto - Em quantas aldeias desta freguesia celebra Missa?

    Padre Nuno - Em todas (Póvoa de Stº António, Lapa do Lobo, Caldas da Felgueira, Vale de Madeiros, Urgeiriça e Canas), temos 8 locais de Culto na paróquia – vamos procurando rotativamente, com a ajuda de um grupo de leigos que fazem Celebrações da Palavra, que se celebre o Domingo em toda a paróquia.

    efeneto- A requalificação da Capela de Santa Bárbara, a jóia da coroa aqui da terra, foi, certamente, um especial orgulho para si. O que sentiu no dia da sua inauguração?

    Padre Nuno - Senti-me muito feliz, mais do que orgulho uma enorme gratidão. Foi um trabalho de equipa muito interessante e sobretudo bem sucedido. Encontrei desde o início um grupo de pessoas muito motivadas para que esta obra se concretizasse, o que facilitou muito. Penso que os que de ali são ou ali têm alguma ligação participaram desta mesma alegria. É a alegria dos sonhos concretizados!

    efeneto - Já publicámos as contas da obra e os elogios sucedem-se. Foi difícil gerir a obra a nível financeiro?

    Padre Nuno - A paróquia ao nível dos seus recursos materiais, vive da generosidade dos seus paroquianos. Todos os anos são prestadas contas, àcerca da gestão que é feita e daquilo que as pessoas partilham com a paróquia, é um direito que as assiste e que temos respeitado com o máximo rigor. Este processo das obras de requalificação da capela conta com quase 3 anos de trabalho – sem falar do que está para trás, onde o Sr. D. Ilídio sempre colocou muito empenho – desde a elaboração do projecto, a procura de apoios para a excução do mesmo (aonde algumas portas não se abriram mas outras sim, felizmente!). Resolvemos avançar, mesmo sem ter todos os meios necessários (o que naturalmente traz sempre alguns calafrios), mas com duas convicções fortes: 1ª que sabíamos o que queríamos e a 2ª o dinheiro iria aparecer. Graças à Providencia Divina, manifesta em tanta generosidade, da parte de muita gente e algumas instituições, tudo foi possível.

    efeneto – Por certo que segue todo o mundo virtual canense. Nalguns comentários foi notória a insatisfação, em relação à placa comemorativa da inauguração não mencionar o seu nome - que para muitos deveria estar acima de alguns nomes que lá estão. O que nos tem a dizer àcerca disso?

    Padre Nuno - Li alguns comentários – que me pareceram pouco amplos e demasiado politizados - mereceram a minha melhor atenção e reflexão. Sempre tive para mim que as opiniões são para serem discutidas, os princípios para serem seguidos. Penso que esta matéria é perfeitamente opinável, no que diz respeito à conveniência da tal placa - pelo menos do seu conteúdo - mas como tudo tem um contexto, alguns desses comentários estavam feridos de descontextualização. Pensámos colocar uma placa para assinalar o acontecimento, que traduzisse o bom relacionamento institucional entre a igreja e poderes autárquicos, que acarinharam este projecto e o tornaram possível. É muito arriscado nestas coisas falar duns e deixar outros, concordo com isso! Mas sem dúvida de que os que lá figuram foram determinantes para que a requalificação da capela fosse concretizada, para além da sua função representativa. A mim agradam-me as parcerias, penso que é necessária a cooperação institucional, é claramente um motor de desenvolvimento. Estas ideias estão um pouco por de trás da tal placa. Pena é, a hipersensibilidade que atinge as pessoas aqui nestas terras em tudo que toca à esfera política. Claro que isso também tem um contexto!
    Agradeço os comentários, especialmente os que me foram feitos pessoalmente.

    efeneto - Normalmente, há três palavras que é melhor não referir em conversas com sacerdotes. Como o padre Nuno não é propriamente um sacerdote à "antiga", com todo o respeito para os sacerdotes com mais idade, arrisco-me a juntá-las na mesma pergunta e peço-lhe que comente como entender. Aborto, contracepção, homossexualidade.

    Padre Nuno - Os padres gostam de conversar, são pessoas predispostas para o diálogo, alguns mais ‘antigos’ são sábios, quando tiverem oportunidade falem com eles. Tudo aquilo que é do Homem é de Deus, onde está um Homem aí está Deus (celebramos este mistério no Natal). Entender assim a vida traz consigo algumas responsabilidades, impõe-se o máximo respeito diante da dignidade da Vida Humana, o aborto é uma interrupção do ciclo da vida, é um atentado à vida, um mal para responder a outros males, esta resposta é um caminho que não tem futuro.
    Contracepção, parece-me que se usa e abusa, suspeita-se hoje em dia que a crescente infertilidade das mulheres se deva a isso. Aqui é preciso conjugar meios e fins.
    Homossexualidade é uma opção (àcerca da qual a ciência pouco ou nada nos sabe dizer), total respeito por todos. Equiparar à família heterossexual, uma relação homossexual, acho errado.

    efeneto - O celibato é assim tão essencial à prática do sacerdócio como nos é dado a entender? Acha que um padre casado poderia ser um bom padre? Uma mulher poderia ser um bom sacerdote?

    Padre Nuno - O Amor feito entrega de vida é o mais importante! O celibato tem sentido na medida em que favoreça isso. O celibato não nos desumaniza. Sentimo-nos humanos como toda a gente. É uma matéria ‘disciplinar’ dentro da Igreja Católica Latina, nem sempre o foi ao longo da história. Pode ser reformada pela igreja, não é imposição é uma opção, uma forma de viver a nossa sexualidade. Com certeza que os homens casados podem ser bons padres bem como as mulheres, embora neste caso esteja a desfavor delas toda tradição, onde as mulheres nunca desempenharam estas funções na igreja, mas outras, que os homens nunca desempenharam nem puderam desempenhar.

    efeneto - Como cidadão do mundo e face ao actual cenário, como vê o futuro do país a curto e médio prazo?

    Padre Nuno - Julgo que passaremos por algumas dificuldades sociais, que se impõem algumas reformas, sobretudo em matéria político-social, onde por desgraça, se cometem injustiças de ‘bradar aos céus’. As reformas têm de começar por ‘cima’, tal como o exemplo tem de vir de “cima” (classe política). É preciso mudar mentalidades, investir na formação das pessoas e sempre apoiar as famílias. Se somos parte do problema também somos parte da solução.

    efeneto - E do mundo?

    Padre Nuno - O mundo tem de colocar o Ser Humano no centro de tudo e não o dinheiro, espero que seja capaz de fazer o que até agora ainda não fez: aprender com os erros passados.

    efeneto - Entrando no domínio da fantasia (ou talvez não, pois o futuro apenas a Deus pertence) imagine que era escolhido para ser Papa. Quais as três primeiras coisas a fazer?

    Padre Nuno - Convidava o @Efeneto para dinamizar o sítio na Internet da Santa Sé e depois resignava.

        *****

        Quero aqui publicamente agradecer ao Padre Nuno a disponibilidade e entrega dada a esta entrevista.

        21/12/2008

        Saídas do Baú - Desporto (quase) Escolar

        Houve em tempos um homem que está connosco, mas já não está entre nós, que por pura carolice organizava provas de atletismo, costumavam ser no 25 de Abril e também a 1 de Maio... ou noutros feriados. Como as provas eram de manhã, por vezes coincidiam com a missa e o Sr. P.e Domimgos afinava que nem queiram saber...
        Como pertencia ao CAT convidava sobretudo filhos dos trabalhadores da CPFE, mas se algum jovem lhe chamasse a atenção pela sua compleição fisica e prestação atlética não o deixava ficar para trás, tinha olho!!
        Aqui fica mais um enigma para desvendar, um registo de atletas de Canas de Senhorim que levou para participarem numa prova de Atletismo em Lamego, há ...talvez 34 anos!!
        Esse homem chamava-se Albelto Moura mais conhecido como " Bé Moura", aqui fica esta foto em jeito de homenagem.

        20/12/2008

        "Chorámos agarrados os colegas mortos"


        As minhas memórias estão marcadas pelo sangue daqueles que vi combater e tombar em nome da Pátria. E também pela fome e sede constantes por que passei durante dois anos.
        Assentei praça e fiz a recruta no Regimento de Infantaria 7, em Leiria. Passados seis meses fui tirar especialidade de atirador de morteiro de calibre 60 mm. Sabia que, mais dia menos dia, ia para a guerra do Ultramar e não me enganei. Em Outubro de 1965 embarquei, contrariado e revoltado, no navio Niassa com destino à Guiné-Bissau. Na viagem, que demorou perto de uma semana, passei muita fome e sede e apercebi-me logo daquilo que me iria acontecer nos dois anos seguintes. Chegámos desidratados.
        Os primeiros três dias deviam ser de descanso para a formação da companhia, mas sofremos logo a primeira emboscada: estávamos a atravessar um rio de barco, com destino ao aquartelamento de São Domingos e Varela, e fomos atacados a tiro por uma força inimiga. Quem sabia nadar salvou-se e os outros foram ajudados ou morreram. Foi muito triste ver morrer cinco camaradas de repente e ainda só estávamos há uma semana na Guiné. Quando ficámos a salvo agarrámo-nos todos uns aos outros e chorámos as mortes dos nossos militares.
        Uma semanas depois do primeiro massacre, aconteceu o segundo. O meu pelotão estava parado em Biambi e foi atacado pelos guerrilheiros. As nossas casernas eram valas comuns, sem qualquer tipo de defesa. Tivemos mais cinco baixas. O ataque foi muito violento e eu fiquei gravemente ferido num braço. A confusão foi tão grande que o nosso comandante desabafou de uma maneira que nunca mais me saiu da cabeça: 'Em caso de dificuldade extrema guardem pelo menos a última bala para vocês próprios!' Uns meses depois, a minha companhia foi desviada para o quartel de Ancheia, onde parecia estarmos fora da guerra, o que se revelou ser puro engano. Fomos atacados várias vezes pela população, que de dia gostava de nós, mas de noite nos via como inimigos.
        Em Junho de 1966 fomos alvo de outro ataque violento. Os inimigos queimaram as pontes dos rios e nós, para fugir, tivemos de passar um deles por cordas, com a G3 e o saco às costas, com cuidado porque havia muitos crocodilos esfomeados. Na altura, valeu--nos a intervenção dos aviões Fiat da Força Aérea. Mas a situação no campo de batalha esteve complicada, porque ao dispararem para o meio do mato denso causaram involuntariamente baixas entre as nossas forças. No regresso ao quartel houve mais confrontos com os inimigos, mas o pior foi fazer 40 km a pé, numa selva pejada de cobras venenosas, passando muita fome e sede.
        Por aquela altura fomos, pela primeira vez, à bonita praia de Varela Suzamar, mas mais valia não o termos feito. A água estava contaminada e ficámos com graves problemas de pele. Muitos camaradas estiveram às portas da morte ou ficaram com marcas para sempre. Antes da guerra, aquela praia era muito procurada por turistas portugueses, mas quando lá estivemos as casas de campismo estavam destruídas.
        No quartel de Biambi, as condições eram muito precárias: dormíamos em valas comuns e quando decidimos cortar troncos para construir uns barracões mais dignos com a nossa condição de combatentes, mas humanos, os turras não descansaram enquanto não os incendiaram. Num dos confrontos, fomos apanhados desprevenidos e tivemos mais duas baixas; dois camaradas executados a sangue-frio, sem hipóteses de defesa. Por incrível que pareça, o que nos valia muita vezes eram os mosquitos, que não nos deixavam dormir e assim estávamos sempre em alerta. Houve semanas em que não dormi por causa dos insectos mas, sobretudo, por não conseguir esquecer a barbaridade de uma guerra que inundou de sangue a nossa Pátria.
        Mas nem só na morte se baseia a minha passagem por África. Durante quase dois anos também conheci, fora da companhia, muita gente boa e passámos bons tempos, com muitas bebedeiras e farras. Eu era dos mais activos. Foi minha a ideia de criar uma conjunto musical – Kassum Kup’ –, com instrumentos de pouca qualidade, mas afinados. Fizemos grande sucesso, sobretudo junto das mulheres. Éramos os artistas da zona, mas muitas vezes só tivemos homens na plateia – as chamadas ‘madames de chicote’. Um dia fomos premiados com a actuação de um artista a sério: o Badaró. Ofereceu-nos um espectáculo memorável.
        No entanto, estes divertimentos não bastavam para fazer esquecer a fome, que não nos largava. Uma vez, durante uma operação de patrulhamento, um colega disparou cinco tiros, para matar uma gazela, mas acabou por abater um macaco gigante. Levámos o animal para o quartel, que foi cortado aos bocadinhos e cozinhado. Muitos camaradas estavam, de início, com relutância em comê-lo, mas a fome era tanta que não se podiam dar ao luxo de recusar aquela carne rija. Eu só provei o molho, que até nem estava muito mau.
        Em meados de 1967 regressei à Metrópole. Lembro com saudade os bons tempos passados com os camaradas, mas as principais recordações estão pintadas pelo sangue dos militares mortos a defender a Pátria.
        'UMA VIDA MUITO COMPLICADA MARCADA POR VÁRIOS COMBATES'
        Quando regressou da Guiné-Bissau, José Maria da Cruz foi viver para Canas de Senhorim. Casou, teve três filhos e candidatou-se PSP. Esteve cinco anos a patrulhar as 'complicadas' ruas de Lisboa, mas não descansou enquanto não obteve autorização de transferência para Viseu, o que conseguiu 'com muito custo'. Nesta cidade, esteve ao serviço durante 30 anos, até se reformar. 'Na polícia também vivi situações muito complicadas. É claro que não foi tão difícil como combater na guerra do Ultramar, mas muitas vezes tive de ter sangue frio para resolver algumas situações a bem', refere o ex--combatente, que agora passa os dias a descansar em casa. 'Tive uma vida muito complicada, marcada sempre por muitos combates', recorda José Maria da Cruz.

        A Minha Guerra - José Maria da Cruz, Guiné-Bissau

        02/12/2008

        Entrevista[s]

        Dois homens, duas sensibilidades, um objectivo. Não gosto de falar do que faço ou escrevo, bem ou mal, para isso estão os leitores e comentadores, mas desta vez vou abrir uma excepção. As entrevistas eram para sair individualmente, como é hábito, como é normal, como é usual. Decidi juntá-las para melhor as saborearem. As sensibilidades de dois condutores de futuros homens merecem ser juntas, não só pelas respostas mas principalmente pelo conteúdo e trabalho realizado. Tenho o privilégio de os acompanhar de perto e é de enaltecer o seu trabalho, a sua entrega e disponibilidade. Uma palavra também para os atletas que sabem ouvir quando têm que ouvir e falar quando necessário. Não nascemos homens, fazemo-nos, e com a ajuda destes homens os “putos” estão no bom caminho.

        1 – Ano novo, vida nova. Que projectos e ambições para esta época em relação á equipa que orienta?


          Paulo Dias - Os projectos estão desde sempre traçados, quem pensa trabalhar com crianças com estas faixas etárias, tem que ter bem presente que o seu desenvolvimento físico tem que ser acompanhado pelo desenvolvimento intelectual e social, é certo que as vitórias são muito importantes, mas mais importante ainda é a sua dedicação à escola, é fundamental que os atletas tenham um comportamento equilibrado entre a sua prestação escolar e desportiva.
          Esta actividade pode dar às crianças um complemento muito importante para a sua vida, nesta sociedade moderna cada vez mais existe a necessidade de trabalhar em conjunto, o desporto colectivo isso proporciona;
          O gosto pelo futebol e principalmente pelo GDR, é uma batalha completamente ganha, estas crianças aderiram de corpo e alma ao projecto.
          Este projecto tem perto de 3 anos, as crianças que nos chegaram pela primeira vez aos treinos não conheciam a cor da camisola, o símbolo, o próprio estádio. Com o decorrer dos anos, passaram a gostar e a defender o GDR como qualquer um de nós. Por esta perspectiva (quanto a mim a mais importante) os projectos estão bastante conseguidos, cada vez existem mais crianças nos variados escalões e que “rebocam” também familiares que estavam completamente desligados do clube.
          O amor à terra, ao clube e ao desporto é um factor que está sempre presente nos nossos objectivos, está e continuará a estar dentro do nosso projecto.
          No entanto as ambições também passam por lutar pela vitória em todos jogos que são disputados. Estas são bastante importantes, dão auto-estima quer às crianças quer a quem com elas trabalha. Quando as derrotas surgem analisamos em conjunto o porquê. Como sabemos, durante a nossa vida perdemos mais do que aquilo que ganhamos, logo estamos a preparar o futuro, estamos a aprender a perder, porque ganhar toda a gente sabe.
          João Marques - Quando se começa a trabalhar com pequeninos o objectivo principal é, na minha modesta opinião, apenas vê-los progredir como jogadores. Em consequência disso, os resultados serão sempre melhores e é isso que pretendo para esta época: melhores resultados e exibições do que na anterior e temo-lo conseguido.


          2 – Muito criticada na época passada em relação às camadas jovens, o que espera desta nova direcção do GDR Canas de Senhorim a nível de apoio e infra-estruturas?

            Paulo Dias
            - Penso que todo o apoio é sempre bem-vindo. Apesar de termos sempre por perto um director que está directamente ligado à direcção, as próprias crianças comentam que “ não sabem quem é que manda no Desportivo”.
            O Desportivo deveria ser mais a arrojado em relação à formação, não me refiro só ao futebol mas também a outros desportos. As crianças são o futuro da nossa terra, no entanto tudo isto dá muito trabalho, sendo por vezes difícil arranjar alguém que esteja disposto a ajudar.
            Sem dúvida que gostaria de proporcionar mais momentos de convívio entre todos os elementos da equipa, gostaria que todos almoçassem juntos pelo menos uma vez por mês, no entanto tenho consciência que tal é impossível, ficaria muito dispendioso para o clube.
            Ao nível das infra-estruturas e apesar de existirem 2 campos existe colisão de horários no campo pelado em vários escalões.
            A boa vontade, o gosto de ensinar, e a paixão pelo futebol fazem com que tudo seja resolvido com bom senso.
            João Marques - Na história mais recente do GDR que vai desde o seu ressurgimento nos finais da década de 60 do século passado até aos dias de hoje, as equipas de formação sempre foram o parente pobre do futebol no Desportivo, excepção às duas ou três épocas em que tivemos efectivamente grandes equipas de juniores em que fomos campeões distritais e disputámos os campeonatos nacionais. E não excluo as minhas responsabilidades pois também fiz parte de algumas direcções fora desse período glorioso.
            É sempre muito difícil a qualquer treinador trabalhar com as condições que nós tivemos num passado recente, sobretudo pela falta de espaços para treinar, e tendo em conta que na época passada havia uma equipa altamente competitiva com pretensões ao título e, em consequência disso, se apoiasse essa em detrimento das restantes.
            Pela minha parte posso dizer que já trabalhei em condições bem piores, em que para iniciar um treino tivemos que ir comprar uma bola, paga por todos, já que não aparecia nenhum director para abrir o balneário.
            Este ano, com as remodelações que houve na direcção penso que o apoio é mais visível, embora se mantenha o problema de falta de espaço para treinar.


            3 – Trabalha na área de formação de novos talentos. Que relação com os jogadores é no seu entender a mais adequada?


              Paulo Dias
              - Sem dúvida que trabalhar com estes escalões não é o mesmo que trabalhar com seniores. É preciso ter alguma compreensão, alguma paciência para compreender as necessidades e dificuldades que por vezes aparecem. A minha formação profissional ajuda bastante, no entanto com o trabalho do dia-a-dia as pessoas apercebem-se disso, têm que ter paciência e gosto de ensinar.
              Já não é o primeiro, segundo e terceiro pai que em conversa refere que não tinha paciência, no entanto alguém teve que ter paciência com eles porque a grande maioria também jogou futebol e fez a sua formação no GDR.
              João Marques - Pessoalmente, procuro fazer exercícios simples e repetidos, não insistindo naqueles que não resultam e tentando, normalmente, pô-los a pensar nos seus erros e na forma de os corrigir.
              ... Mas isto é o que tento fazer...!
              O mais complicado é fazer-lhes ver que não podem jogar todos e que num futuro muito próximo ainda será mais complicado, pois a partir dos iniciados só são permitidas 3 substituições e que estas são definitivas.

              4 – Fala-se sempre da falta de apoio por parte dos pais e do público em geral nos jogos e treinos, principalmente nas camadas jovens. Diz-se até que o apoio do público se baseia apenas nos seniores. Sente o apoio dos pais e do público nos treinos e jogos?

                Paulo Dias
                - O apoio dos pais é uma realidade, todos os anos têm aparecido pais a ajudar naquilo que podem e sabem fazer, no entanto existem outros que nada ajudam.
                A equipa de infantis vai para o seu terceiro ano de trabalho, sem dúvida que durante o primeiro ano (escalão de escolas) foram bastante apoiados pelos familiares, não havia jogo onde não estivessem bastantes pessoas a apoiar a equipa fazendo claque. Com o avançar dos anos essas claques vão rareando, principalmente fora vai diminuindo, a época anterior demonstrou isso.
                Com o apoio ou sem ele o jogo é realizado, os seus intervenientes batem-se sempre até ao último minuto.
                Este ano, no primeiro jogo fora (Vitória em Viseu) a equipa foi bastante apoiada.
                Penso que a "crise" de apoio do público é comum a todos os escalões. Quando posso vou apoiar ao domingo à tarde e vejo com alguma tristeza que os tempos mudaram ou estão a mudar, existem outras ofertas que as pessoas acabam por escolher a que as retira da festa do futebol ao domingo à tarde (que saudades….).
                Penso que se trata de um problema social.
                João Marques - Não concordo com a totalidade da ideia. Os pais tem sido o grande suporte de apoio às equipas dos mais pequenos, com muitas presenças nos treinos e não regateando aplausos até mesmo nas situações mais difíceis e nunca esquecendo o pequeno convívio que se faz no final dos jogos.
                Quanto ao público em geral, olhando para as assistências dos últimos jogos no nosso complexo desportivo, em que os visitantes estão sempre em maioria ou perto disso (ao contrário do que acontece fora) constato que já nem os seniores são apoiados e isso entristece-me.

                5 – Para terminar imagine-se presidente do GDR Canas de Senhorim por um dia. Que medidas e decisões tomaria de imediato?

                  Paulo Dias
                  - È uma pergunta difícil de responder, olharia mais para os escalões de formação, criaria ou tentaria criar uma actividade para as meninas, que sempre foram tão esquecidas, tentaria formar uma escola de iniciação ao badmington, ou então uma escola de iniciação à patinagem artística e porque não uma escola de iniciação ao andebol.
                  É certo que as raparigas também podem jogar futebol e competir nestes escalões com os rapazes, mas penso que ainda existe algum preconceito relativamente a este problema, no entanto ele vai desaparecendo, já não é a primeira vez que em equipas adversárias isso acontece.
                  Mas também sei que se alguém apresentar este projecto à direcção do Desportivo esta o apoiará como fez com o nosso.
                  João Marques - Se fosse presidente por um dia, pediria às entidades competentes para recuperar o campo da Urgeiriça para o serviço da comunidade e depois de pequenas obras, através de protocolos com a entidade a que o mesmo fosse entregue, passava para ele toda a actividade do futebol de 7 (Infantis e Escolinhas) criando assim melhores condições de trabalho para todas as equipas.
                  Depois tentaria perceber a razão porque vai tão pouca gente ao futebol.

                  08/11/2008

                  Escrita em dia





                  Estão já disponíveis no Canas Online as entrevistas que o Nuno Vaz e o Rui Fonte deram ao Jornal "Canas de Senhorim" ( a propósito da publicação dos livros " Alado de Fogo" e "Qualquer", respectivamente).

                  Portugueses na República Democrática do Congo

                  Kinshasa – Paulo Monteiro, 37 anos, chegou ao Zaire, actual República Democrática do Congo (RDC) com apenas um ano. Parte para estudar em Portugal e regressa a Kinshasa para acompanhar a gestão do Hotel Estoril e abrir duas discotecas com o mesmo nome.
                  Muitos congoleses de Kinshasa, capital da RDC, não sabem onde se encontra a embaixada portuguesa, mas raros são aqueles que não conhecem o hotel, ou a discoteca, Estoril. Dois ícones sobreviventes da actual presença portuguesa na capital congolesa.Instalado num edifício construído em 1930 junto à estação de caminho de ferro, o Hotel Estoril abre as portas em 1982 numa iniciativa de Aurélio Fernandes Monteiro, português de Canas de Senhorim instalado no Congo durante a década de 60. Progressivamente o hotel impõe-se como uma referência. Viveu as piores crises que o ex-Zaire, actual RDC, ultrapassou nos últimos dois decénios, guerras e pilhagens foram por vezes o prato do dia.Em torno de uma genuína sopa Alentejana, com Rui Veloso em música de fundo, prostrados perante um magnífico embondeiro que cresceu no pátio do Hotel Estoril, Paulo, filho de Aurélio Monteiro, não esconde o orgulho quando relata a epopeia dos seus pais no Congo.O português é sua língua materna, mas expressa-se em lingala (língua dominante em Kinshasa) sem dificuldades. Conhece a mentalidade congolesa melhor que a portuguesa, Paulo Monteiro, «Paul» para os congoleses, antigo aluno dos pupilos do exército e do colégio religioso Via Sacra em Viseu, tornou-se numa das referências dos portugueses em Kinshasa.«Os portugueses são muito bem vistos aqui» e «Portugal tem muitas tradições no Congo» afirma Paulo Monteiro que lembra que «há cidades no interior que foram construídas por portugueses, que aí se instalaram, desenvolveram as suas actividades e integraram junto dos congoleses acabando por eleger o Congo como a sua segunda pátria. Já aconteceu, muitas vezes, eu ter alguns problemas com polícias, problemas que se resolvem rapidamente quando dizem: ‘ah! é português!’... eles adoram os portugueses» conta Paulo Monteiro.Em 2001 Paulo Monteiro, juntamente com a sua mãe, proprietária do Hotel Estoril, adquiriram uma parcela à entrada de Kinshasa, Beau Marché, onde construíram uma discoteca, congolesa, que também foi baptizada de «Estoril».O Beau Marché «era apenas um bairro residencial, a cinco minutos do Hotel Estoril e muito perto do centro da cidade, além de ser um ponto de passagem obrigatório de quem vem do aeroporto. Desde que abrimos a discoteca tornou-se num bairro de animação nocturna. Junto à estrada começaram a abrir pequenos bares, esplanadas, pequenos comércios que não existiam. Nós demos vida ao bairro.»«É uma discoteca tipicamente congolesa que também agrada aos europeus porém, estes não gostam muito de sair do centro da cidade, daí que nossa clientela é maioritariamente congolesa» explicou.Perante uma oportunidade que surgiu em 2006, decide adquirir uma segunda discoteca no animado bairro de Bandala, e já pretende abrir outra discoteca no centro da cidade, Gombe, mais adaptada ao gosto dos europeus de Kinshasa. Com formação universitária em engenharia mecânica, Paulo Monteiro apostou também na aquisição e aluguer de camiões, além de ser sócio da empresa de consultadoria Sei-Congo Internacional.Mesmo com toda a actividade empresarial em que Paulo Monteiro está envolvido, a comunidade portuguesa de Kinshasa é uma preocupação permanente, perante a qual não pretende ficar indiferente.Actualmente em decadência a Associação dos Portugueses de Kinshasa, Amicale, que foi gerida temporariamente por Aurélio Monteiro, acabando por ser demitido intempestivamente, encontra-se praticamente inactiva. Paulo Monteiro não esconde que está disposto a assumir a direcção e desenvolver as actividades da Amicale. Já manifestou o interesse, mas não obteve qualquer resposta.A década de 70 foi o período de ouro da Amicale. Com as pilhagens e a guerra, os portugueses foram progressivamente abandonando o país e o papel da associação foi enfraquecendo, «agora não tem dirigentes, não há nada» lamenta Paulo Monteiro que não concorda com a intenção da venda do prédio da Amicale pretendida por alguns membros.A Amicale, tornou-se num reflexo dos problemas e divisões que minam a comunidade portuguesa no Congo. Paulo Monteiro responsabiliza, em parte, a Embaixada portuguesa pela deterioração desta situação. «A Embaixada deveria ajudar mais os portugueses, mas, na minha opinião, algumas pessoas que trabalham lá colocam entraves aos portugueses» critica Paulo Monteiro. «Por exemplo a secretária, Fernanda Ramalheira, uma pessoa que me conhece desde pequeno, é alguém de competente mas, se tem alguma coisa contra os portugueses ou contra alguém, faz os seus próprios grupinhos que obtêm tudo o que querem da Embaixada e os outros simplesmente não existem». O embaixador «acaba indirectamente por ser vítima desta situação, e até talvez não saiba que tal existe» disse Paulo Monteiro.Regressar a Portugal, é uma ideia remota. Paulo Monteiro conhece profundamente a mentalidade, a sociedade e a «lógica» congolesa, e Portugal, além da vivência como estudante, tornou-se o país das férias. No entanto, conseguindo implantar em Portugal ramos de negócios à dimensão daqueles que desenvolveu no Congo, a hipótese de regresso não está excluída.

                  Rui Neumann in Jornal Digital

                  31/10/2008

                  Canas (S) Em Festa!

                  Não sei quem é a Senhora Celeste Nunes. Para o caso também não interessa. Apenas interessa as palavras sentidas e sábias de quem já viveu belos momentos na sua terra. Momentos que têm tendência a desaparecerem.
                  Tomei a liberdade de transcrever na integra um artigo de opinião colocado por esta senhora no Jornal de Canas de Senhorim. Porque as palavras inteligentes vindas do pensamento do ser humano devem ser (ainda mais) divulgadas.

                  Nasci em Canas de Senhorim, e embora tenha saído muito cedo para Coimbra, todas as minhas férias eram passadas aqui e desde que a minha memória o permite recordo-me com saudade e alguma nostalgia, até porque todas estas lembranças me trazem ao pensamento a minha mãe, pelo seu envolvimento e pelas histórias que me contava, de todas as festas que aconteciam na nossa terra e que traziam à mesma gente do espectáculo e forasteiros.
                  Saudosas Festas da Vila! Importantes Festas de Santa Bárbara e do S. Pedro, na Urgeiriça, com as famosas gincanas que tanto nos divertiam! Brilhantes teatros apresentados pelo grupo cénico “Os Canenses”, que tinha por ensaiador o fabuloso Manuel Pereira da Rosa! Carnavais onde sobressaia a simplicidade dos trajes, a beleza dos carros alegóricos e primavam pelo despique salutar onde o importante era a brincadeira e a originalidade do mesmo!
                  A tradição Pascal! A família reunida, todas as portas abertas com a verdura a dar as boas vindas ao “Senhor”. Era a roupa nova, era a visita a casa dos padrinhos para recolher o folar, era a partilha!

                  Mas infelizmente os tempos mudam, e para pior. Já nem as festas escapam á crise. Mas acima de tudo é uma crise de valores, pois o comodismo apoderou-se das pessoas, e, se eu posso ir á festa vizinha sem ter trabalho nenhum, para que hei-de eu incomodar-me a participar e organizar uma festa?

                  Num passado não muito longínquo a entrega pessoal era a chave para o sucesso de tudo o que se organizava, mas certo também que a pouca adesão e participação da comunidade desmotiva e dá para pensar se valerá a pena o esforço de meia dúzia de pessoas que fazem tudo para não deixar cair as tradições da nossa terra.

                  Este ano a festa em honra de Nossa Senhora das Dores ficou marcada pela Eucaristia e pela procissão que generosamente duas ou três pessoas organizaram, pois os mordomos eleitos não tiveram disponibilidade para o fazer.
                  Agora pergunto:
                  Não sentiram falta da quermesse?
                  Não sentiram falta da tasquinha dos comes e bebes?
                  Não sentiram falta do rancho, do teatro ou da tuna?
                  Principalmente não sentiram falta do convívio e da união entre todos e pela devoção a Nossa Senhora das Dores?
                  E o vazio que se criou também pelas receitas que se perderam e poderiam beneficiar a Paróquia e algumas pessoas mais carenciadas?


                  Aos Mordomos eleitos para 2009 e todas as pessoas que se mobilizam para ajudar, eu dou as boas vindas, pessoalmente fico grata por poder usufruir de alguns momentos agradáveis e simples que são o pilar da alma e ajudam a fortalecer a mesma contra as agruras da vida!

                  Por Canas de Senhorim e Com Canas de Senhorim, sempre!

                  Celeste Nunes

                  In: Jornal de Canas de Senhorim nº 119
                  24 de Outubro de 2008

                  22/10/2008

                  “Retrato” de António Minhoto

                  […] Começou a trabalhar muito cedo, foi a maior parte da vida um "trabalhador indiferenciado" - a expressão é sua - e é hoje um homem bem-sucedido com uma actividade absorvente […]

                  Reportagem em :Urgeiriça

                  21/10/2008

                  Memórias do “Pirolito”

                  Sporting Clube de Santar há 40 anos
                  (ainda não federado)Em cima da esquerda para a direita:
                  Mineiro – Tónio Pera – Manel Mena – Pina – Zé Juino e Aurélio Gabriel (gr)
                  Em baixo pela mesma ordem:
                  Fernando Madeira – João Pé Descalço – PIROLITO – Zé Pera – e ????? (o Pirolito não se lembra)

                  11/10/2008

                  Leonor Keil


                  11 Out Feminine Criação de Paulo Ribeiro
                  Teatro Viriato Viseu


                  Cinco mulheres e Fernando Pessoa. Um Pessoa no feminino e de saltos altos. As palavras do poeta desafiam as delas, que se deixam perder pelas suas próprias narrativas. A poética do movimento feminino percorre a peça, misturada com o ardor colocado em cada gesto. Neste universo pessoano elas preocupam-se com o cabelo, usam saltos altos, desdenham do homem e dançam, dançam com os corpos que transpiram sensualidade. O movimento é contido, escorreito e desagua num prazer prolongado. E este espaço de sensações é apenas interrompido pela força maior do coreógrafo de colocar as suas criações a rir de si próprias. Feminine explora o imaginário pessoano, desta vez, a partir do olhar de cinco mulheres. A bola de futebol deu lugar aos saltos altos e a energia masculina ao belo estético, que emociona, que marca e não passa.

                  Direcção e coreografia Paulo Ribeiro Interpretação Elisabeth Lambeck, Erika Guastamacchia, Leonor Keil, Margarida Gonçalves e São Castro Música Nuno Rebelo Assistente do coreógrafo Peter Michael Dietz Co-produção Companhia Paulo Ribeiro, Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest e IGAEM – Centro Coreográfico Galego
                  in

                  06/10/2008

                  A "estória" do Pirolito

                  Toda a sua história contada em versos e quadras de uma vida retratada a nú.
                  Um agradecimento pela partilha.

                  16/09/2008

                  António Portugal

                  “Para os filhos dos homens que nunca foram meninos…”
                  In; “Esteiros” de Soeiro Pereira Gomes


                  Quando jovem
                  Queria abraçar a relva.
                  Os anos passaram e
                  Ele continua jovem.

                  ©efeneto
                  *****
                  Tudo sobre a Taça Amizade António Portugal integrado nas comemorações dos 75 anos do GDR Canas de Senhorim no seu:
                  ***

                  04/09/2008

                  Tito Mouraz : "Restos e Rastos" - Trabalho fotográfico em exposição


                  31/08/2008

                  Memórias de Alexandre Pais







                  Por Alexandre Pais, director do jornal desportivo Record na edição de 31 de Agosto de 2008

                  23/08/2008

                  Sábias quadras do poeta popular António Aleixo

                  • ANTÓNIO ALEIXO: Poeta 1899 - 1949

                    Aleixo compreende o motivo que lhe permite ver sempre ao longe:

                    Há tantos burros mandando,
                    Em homens de inteligência,
                    Que às vezes fico pensando
                    Que a burrice é uma ciência!

                    Embora os meus olhos sejam,
                    Os mais pequenos do Mundo,
                    O que importa é que eles vejam
                    O que os homens são no fundo.

                    Aleixo aponta o dedo às injustiças:

                    Co'o mundo pouco te importas,
                    porque julgas ver direito.
                    Como há-de ver coisas tortas,
                    quem só vê o seu proveito?

                  08/08/2008

                  ATENÇÃO... não soltar. Entrevista ao Dep Nuno Antão do PS




                  Perguntas:

                  1 - Como membro da comissão parlamentar para o desenvolvimento regional como vê a tendência das câmaras em geral em concentrar os pólos de desenvolvimento (industrial, comercial, social, cultural, etc) nas sedes de concelho?

                  2 - Sabendo que tal comportamento tem uma razão de ser eleitoralista (é lá que está o grosso dos eleitores) e que tal atitude afecta um desenvolvimento harmonioso dos espaço concelhio, que avaliação faz a comissão de que é membro sobre esta matéria?

                  Pelos motivos atrás apontados e por outros que o Sr. Deputado está por certo informado Canas de Senhorim trava uma luta há dezenas de anos pela sua emancipação face ao centralismo da Câmara de Nelas – uma luta legítima e fundamentada. O seu partido, em 2003, há altura representado na Câmara de Nelas, votou contra a Lei que permitiria Canas ser concelho e o presidente Sampaio, também socialista, inviabilizou a sua aplicação ao vetá-la. Passados cinco anos, sendo as actuais circunstâncias políticas, locais e nacionais, muito diferentes, para não dizer opostas, qual a sensibilidade do partido socialista relativamente à nossa causa? E a sua, em particular?


                  3 - O PS teve, no passado, um papel importante nos processos que levaram a criação de novos concelhos ( Vizela, Trofa). Sendo Canas de Senhorim uma terra historicamente "amiga" do PS, como se explica este divórcio entre o PS e as mais genuínas ambições do povo canense?

                  4- Como está o processo da Lei-Quadro da criação de novos concelhos?

                  5 - Na qualidade de Ministro, uma iminente figura do PS ( António Costa, actual presidente da CM Lisboa)chegou a falar, no inicio da legislatura, na possível redução de concelhos e freguesias ( neste caso desapareceriam as que tivessem com menos de 1000 Hab). Qual a posição oficial do PS sobre esta matéria?

                  6- Por desacordo entre o PS e o PSD não foi aprovada na Assembleia a nova lei das autarquias locais. Esta lei alterava radicalmente a composição dos executivos municipais, eliminando o método de hondt na composição dos executivos. Que vantagens traria este sistema quando o vigente tem funcionado bem em 30 anos de democracia? Serão os executivos (quase) mono-partidários capazes de garantir a saúde da democracia?

                  7- Regionalização - Como está este dossiê, que é em simultâneo uma obrigação constitucional?

                  8- Recentemente o governo anunciou mexidas no IMI que, espera-se, terão efeitos positivos no orçamento das famílias em 2009. A parte menos boa é que mexer neste imposto é mexer em receitas das autarquias e não do governo. Como ligar este tipo de medidas avulsas a uma crescente transferência de competências para as autarquias que se vêem, de forma involuntária, privadas de receitas com que legitimamente contavam? Este tipo de medida reforça ou diminui a autonomia local?

                  9 - Dossier Energia Nuclear. Em tempos falou-se sobre uma possível reabertura das minas da Urgeiriça bem como da instalação de uma central nuclear na nossa zona. Será isto uma utopia ou algo fiável?

                  10 - Qual a explicação do PS face aos deputados por Viseu ter se comprometido com as revindicações dos ex-trabalhadores da ENU [Empresa Nacional de Urânio] indo ao ponto de afirmar que o estado tinha uma divida para com os mesmos?!

                  11 - Qual a explicação do PS para com o avanço da recuperação ambiental das restantes Minas que se encontra parado?

                  12 - Porque é que o PS que diz que a interioridade deve ser apoiada e quer meter portagens no próximo IC12 prejudicando assim os habitantes do interior?