Canas OnLine

16/01/2007

"salvador de vidas"

Grandes Portugueses _ Aristides de Sousa Mendes

... mas foi em Bordéus que a história prendeu Sousa Mendes nas suas garras. O seu destino passou a estar inelutavelmente ligado ao destino colectivo de dezenas de milhares de pessoas desaparecidas. Assumiu-se como homem certo no lugar e momento certos. Aquilo que muitos poderiam considerar como defeitos de personalidade num diplomata - a natureza demasiado emotiva e o seu carácter impulsivo - tornaram-se força motora de um heroísmo.
Sacrificou tudo quanto amava e presava - uma família, uma carreira - por estranhos de quem se apiedou associando ao seu honroso desempenho a espiritualidade e dignidade humana então raras, mas que, afinal, caracterizam o povo português. Numa altura em que pairava a rebeldia pelo mundo, Sousa Mendes não só era um digno diplomata como também se desenhava como o modelo do português crítico, o representante ideal da nação que todos gostaríamos que Portugal sempre fosse.
As suas atitudes tinham o cheiro do perfume cuja marca a lei portuguesa só viria a reconhecer tardiamente. Ainda assim, aos olhos dos poucos que um dia ouviram falar de Sousa Mendes, a mais viva recordação que resta deste "salvador de vidas" português é a punição desumana que lhe foi atribuida:
Salazar e seus discípulos condenaram-no à "pena de um ano de inactividade" com direito apenas a "metade do vencimento da categoria", tendo sido colocado "na disponibilidade aguardando aposentação", situação da qual só viria a se livrar com a morte, mais de 13 anos depois.
Ainda que nada dissipe o sofrimento de um conjunto de acusações e processos fundados numa ideologia retrógrada e desumana, e a humilhação de uma sentença cheia de vícios, feita a rogo das leis de uma ditadura nacional, nada explica que obra de tão grande valor e prestígio seja comprada a tão barato preço.
Aristides de Sousa Mendes, natural de Cabanas de Viriato, foi redescoberto pela escritora "canense" Júlia Nery que sobre ele escreveu o livro "O Cônsul".O Cônsul (Publicações D. Quixote, Lisboa, 1991; Edição do Círculo de Leitores, Lisboa, 1993; tradução francesa, editora Le Mascaret, Bordéus, 1992; tradução alemã, Editora Epoca, Zurique 1997; Editora Pipper, Munique, 1999)
Angelina, mulher de Aristides de Sousa Mendes é natural da nossa vizinha Beijós

3 comentários:

Cingab disse...

Grande homem

Micas10 disse...

Afinal Julia Nery é de Canas !
Um livro muito interessante.

Vejam também http://amigosdesousamendes.blogspot.com

PortugaSuave disse...

Ao que parece era uma pessoa controversa, segundo algumas opiniões da malta de Cabanas e de Beijós (ver o blog Beijós XXI). De qualquer maneira a sua coragem e espírito humanitário é de louvar.
Cumprimentos