Canas OnLine

31/07/2008

Para a história de Canas….Primeira metade do Séc.XX - A Seca


Os anos de 1939, 1944/45 e 46 foram grandes anos de seca em todo o país. Como é óbvio, Canas sofreu bastante com estas secas. As secas sempre foram cíclicas.
Em Canas não havia água canalizada; As pessoas abasteciam-se no chafariz do Rossio, na Fonte da Vila, na Fonte da Cruz, na Fonte das Moitas, na Fonte do Casal e em vários poços particulares. O chafariz do Rossio ou Quatro-Esquinas e o da Fonte das Moitas tinham uma bomba com uma grande roda. As outras eram todas fontes de chafurdo, ou seja, onde as pessoas mergulhavam os cântaros para retirarem a água.
Nos anos de seca as fontes quase secavam e esperava-se horas para encher um cântaro. Ao longo do muro que separava o Largo da Capela da estrada, havia sempre uma “bicha” de cântaros à espera de vez para encher. Era uma “bicha” enorme que por vezes dava a volta à capela. Havia sempre alguém que ía dando à bomba, e ela, aos soluços, lá ia deitando um bocadito de água. Era raro o dia em que não havia zaragata entre as donas dos cântaros, pois havia sempre uma que era mais esperta e queria passar à frente das outras. Era: “puxões” de cabelo, insultos, bofetadas e cântaros partidos. Mas nem tudo era mau, os rapazes e as raparigas aproveitavam esta longa ida à fonte para namorar.
Na Fonte das Moitas, a bomba deixava de funcionar e como também era de chafurdo, era mais fácil ir pelas escadas de pedra, até ao fundo, buscar a água assim que ela nascia. Este processo era também usado na Fonte da Cruz e na Fonte do Casal, onde havia sempre um púcaro para tirar um bocadinho de água que ia nascendo para os cântaros.
A Fonte da Vila era a que tinha sempre mais água. Mas quando lá caiu, e morreu afogada uma rapariga, passou a ser mais reservada para os bombeiros em caso de incêndio. Esta Fonte estava situada precisamente na entrada da Rua Dr. Madeira Lobo, no Largo da Igreja. As pessoas que tinham poços nos quintais, deixavam os vizinhos irem lá buscar água para uso doméstico. No Rossio havia o Poço do Reginho, onde é hoje a casa da D. Iracema, e o Poço da D. Albertina. No Paço, havia o Poço do Pais Pinto, do Ramos e do João da Coita. Na Rua das Laranjeiras era o Poço de chafurdo da Ana da Rosa. Nestes anos de seca, a água do Prado e da Raposeira, onde as pessoas costumavam lavar a roupa, secava, e por isso, as pessoas tinham que ir lavar à Levada, ou aproveitavam o Domingo, faziam uma merenda e ia toda a família para o Mondego lavar a roupa e tomar banho. Partiam de manhã cedo com a trouxa à cabeça e regressavam à tardinha já com a roupa seca.
As pessoas mais abastadas tinham grandes tanques de pedra ao pé dos poços que serviam como reservatório de água para regar e lavar a roupa. A água destes poços era tirada como noras ou engenhos puxados por burros, cavalos ou bois.
Devido a estas secas houve uma grande epidemia de tifo, que vitimou muita gente em Canas. Nas povoações da Freguesia: Vale de Madeiros, Póvoa e Lapa do Lobo, passou-se exactamente a mesma coisa. Em cada uma destas, havia uma bomba de roda e as outras fontes eram de chafurdo. Em 1939 a seca foi tão grande que os campos de milho secaram e não houve produção. Nos anos de seca era costume fazerem-se Preces, ia-se em procissão para os campos, para rezar e pedir a Nosso Senhor que mandasse a chuva.

Maria Teresa Mouraz Lopes, Jornal Canas de Senhorim ed. Agosto05

30/07/2008

a descobrir...

Cascata da Pantanha
Natureza e Quedas de Água

Águas doces a caminho das Caldas da Felgueira, um fio de água que desliza sobre as colinas da região, sobre as rochas vestidas de verde até desembocar no mar de espuma para onde se precipita: uma ribeira com o nome homónimo.
Caldas da Felgueira _ Canas de Senhorim _ Viseu

29/07/2008

Aldeia + Digital de Portugal


Beijós XXI _ 5º Melhor blog (cidade/região)de 2007

Compreendo os argumentos canenses

por Peixeira



Se há no país alguma freguesia que não pode ser acusada de "sobrecarregar o contribuinte", ela é Canas de Senhorim.
Durante muitos anos, a CPFE e a ENU geraram uma quantia considerável de impostos e de divisas (sobretudo num período em que elas eram muito necessárias). Durante este período agora comemorado em congresso do "Poder Autárquico", a contrapartida do "contribuinte" para a freguesia foi pouco mais de zero.
Canas tem alguns equipamentos desportivos, recreativos e culturais e tem um conjunto mínimo de serviços, devido ao que foi ANTES dos tais 30 anos de "Poder Autárquico". Talvez devido ao papel da cultura e da cidadania na vida dos canenses, Canas tem os melhores alunos do secundário do Distrito de Viseu (e os melhores a nível nacional, dentre os que não residem numa cidade).
Um análise honesta não pode deixar de admitir que, até finais do séc. XX, Canas sempre teve muito melhores condições do que o Carregal para ser sede de concelho. Só a desigualdade de investimentos, quer os que são pagos pelo "contribuinte", quer os que não o são, mas têm de passar pelo "Poder autárquico", verificada nos últimos anos, está a alterar essa situação.[...]

27/07/2008

Festa do Santíssimo Salvador

24/07/2008

Uma Verdade Inconveniente : Posição do PS Nelas sobre o IC 37

Que pensa o PS Canas desta tomada de posição? Concorda? Discorda? Tomou posição pública sobre o assunto? Canas de Senhorim agradece um esclarecimento. É uma questão importante e deve merecer resposta.



"Manifesta “a sua preferência pelo traçado identificado como “Opção B – Cenário Extremado”, que faz a ligação do IP5–A25, a partir de Viseu, ao IP2-A23, na Covilhã, com passagem por Nelas, entre o Estádio Municipal e a Zona Industrial e por Seia, com atravessamento da Serra da Estrela através de túneis.”
· Refere que para a ligação de Seia à Covilhã, “poderá ser equacionada uma alternativa que não obrigue à execução de túneis”.
· Recomenda que seja estudada a interligação com o IC12, de forma a permitir a melhoria do acesso ao centro da Vila, à Estação de Caminho de Ferro e à Zona industrial do Poço Forrado, bem assim como às localidades próximas, sugerindo que para além do nó de ligação ao IC12 seja prevista a construção de um outro nó de ligação com a EN 234, devendo ser estudada a possibilidade deste troço do IC7-IC37, entre os referidos nós, servir de acesso ao nó do IC12.
· Rejeita liminarmente a opção C – cenário compósito."


in Relatório da Consulta Pública à Avaliação Ambiental Estratégica do Plano Rodoviário Nacional, na Região Centro Interior (IC6, IC7 e IC37) ( Pág. 41)

NOTA FINAL : O cenário C era o único vantajoso para a Vila de Canas de Senhorim.

Obras na Escola

Os pavilhões da Escola Secundária estão a ser pintados por fora (cada um de cor diferente), um trabalho que já merecia estar pensado há algum tempo e que está agora a ser concluído. Um bom trabalho, pois na minha opinião um pavilhão de cada cor dá outra vida á escola. Pelo que já ouvi por aí comentar também irão ser feitas obras na nossa biblioteca escolar que parece ir ser aumentada. Acho muito bem que se façam obras, nestes últimos anos tenho assistido a “bons movimentos” no que toca a obras nesta escola. Como é que elas aparecem feitas isso são contas de outro rosário, a verdade é que aparecem feitas. Uma realidade muito positiva para todos nós.



Um grupo de jovens criativos com a ajuda de um professor estão a fazer umas pinturas espectaculares numa das salas de artes.


22/07/2008

Caldas da Felgueira

Companhia das Águas Medicinais da Felgueira, S.A.,
Caldas da Felgueira 3525–201 Canas de Senhorim

Caldas da Felgueira _ O Rio Mondego à passagem pela Qtª da Bugueira
[IV Festival Tribal 25 26 e 27 de Julho 08]


Estação da CP Canas - Felgueira em Canas de Senhorim
Azulejo representando o Grande Hotel Club das Caldas da Felgueira.

Balneário das Termas da Felgueira - Anos 60
Postais Illustrados com Clássicos

Nuno Cardoso [Platónov]



Platónov no Teatro S. João

É o último espectáculo em palco da primeira temporada deste ano do Teatro Nacional de S. João, no Porto. A peça "Platónov", de Tchékov, marca também o regresso do encenador Nuno Cardoso às produções do S. João.
(Até 3 de agosto)
ver vídeo RTP [Reportagem e entrevista a Nuno Cardoso] aqui

21/07/2008

A aldeia dos Pardieiros na blogosfera


Evolução da população dos Pardieiros (por J.S)

Quero deixar-vos um resultado de uma pesquisa que fiz na minha pequena biblioteca onde guardo religiosamente alguns livros sobre a nossa terra e sobre o nosso concelho. Deles gostava de vos apresentar os registos existentes sobre a evolução da nossa população [Pardieiros]. Quantos fomos e quantos somos.
Adaptado do Livro: “Monografia de Beijós”, escrito por Antônio Coelho de Moura Pais do Amaral Mendes:


Ano de 1527 – Cadastro mandado fazer por D. João III, em todo o reino – 8 moradores;
Ano de 1904 – Cadastro do Pároco Bernardino D. C. Gomes – 506 Almas distribuídas por 146 fogos.
Ano de 1939 – Cadastro do Padre Júlio J. A. Requixa – 712 almas, distribuídas por 153 fogos.
Ano de 2008 – Informação retirada de “Pardieiros Online” – 386 habitantes.

19/07/2008

IC 37

(Publicado na Edição nº 116 do Jornal "Canas de Senhorim")
Em edição anterior falámos aqui do projecto do IC 37 que ligará Viseu à Covilhã. A solução aprovada (Cenário C) prevê, desde a versão inicial, que esta via passe a meio do concelho de Nelas (junto à NelCivil/Borgstena). Ora, a concretizar-se, seria o melhor cenário possível. Que concelho se poderia gabar de tal sorte? Uma via estruturante que, pela localização prevista, serviria de forma equitativa todas as freguesias do Concelho. Neste contexto, causa alguma perplexidade a vontade do colégio dos vereadores da Câmara Municipal de Nelas que votaram, por unanimidade, uma moção que pugnava para que esta via passasse não junto à NelCivil (na fronteira entre as freguesias de Canas e Nelas) mas sim a Norte do Estádio Municipal de Nelas. As razões (poucas) que foram tornadas públicas para este “tiro no pé” são, pelo menos para mim, incompreensíveis. Uns falavam da perda da centralidade da sede de concelho. Outros temiam pela “descaracterização” da freguesia de Canas. De facto custa a entender estas posições.
Todas as razões apontaram, sempre, para uma natural preferência das gentes do concelho pela solução junto à Nelcivil/Borgstena: seria o traçado que melhor servia o interesse todas as freguesias do concelho (nomeadamente as periferias); era a solução que a Avaliação Ambiental do projecto recomendava como a mais económica e equilibrada ambientalmente; era aquela que melhor servia a estância termal das Caldas da Felgueira; e por último era aquela que mais vantagens comparativas trazia face a concelhos vizinhos, permitindo reequilibrar economicamente o concelho. A solução a norte do Estádio Municipal beneficia objectivamente o concelho de Mangualde (já bem servido de acessos – A 25) e marginaliza Canas de Senhorim. Muito prejudicada sairia a população de Nelas porque ter uma via desta natureza perto de casas, escolas e supermercados não é um cenário de sonho para ninguém (Algeraz desaparecia?). Um desastre anunciado par Senhorim, com a perda, irremediável, do seu ar bucólico já em degradação. Talvez a viabilidade da expansão da Zona Industrial não o justifique….
De acordo com a informação veiculada no sítio da Internet do Ministério das Obras Públicas a solução escolhida foi o Cenário C, que mantém o traçado do Estudo Prévio (
http://www.moptc.pt/cs2.asp?print=true&pcont=5545).
Sabemos contudo que a politica dá muitas voltas e até à aprovação do Projecto de Execução todos pressionarão o Governo e as Estradas de Portugal para alterar o traçado. Esperamos contudo que prevaleça o bom senso e se defenda o interesse de todos quantos habitam no concelho e não siga a estratégia (já conhecida) de o que interessa é a sede de concelho e o resto é paisagem. E sobretudo que quem vota da forma vota estas decisões saiba que se coloca a jeito para todo tipo de criticas. Veremos como evolui o assunto porque, como prova o dossiê do IC 12, estes temas são alvo de muitas pressões e a politica impede, tantas vezes, que se tomem as decisões mais acertadas. Garantidamente, nesta fase impõe-se que quem de direito defenda, com unhas e dentes, estes acessos dentro do concelho, e com a melhor localização para todos, e deixe para momento posterior as discussões sobre portagens, inúteis nesta fase, e que irão ser condicionadas pelo governo do momento e pela evolução da situação das finanças públicas (ainda incerta).

Nota Final

Uma última referência ao novo PORTAL DE CANAS DE SENHORIM (
http://www.canasdesenhorim.org/), que resultou da iniciativa de bloggers canenses agregados no já “famoso” blogue MCdS -Município Cannas de Senhorym. No portal poderão encontrar tudo sobre Canas desde Carnaval, actualidades, história, desporto e ligações aos princípios blogues e sites canenses.
Este novo espaço, conforme o editorial de abertura refere, pretende “oferecer à nossa terra, neste universo virtual que é a Internet, um “portal de navegação” onde os canenses se reconheçam e recriem e, ao mesmo tempo, um espaço vocacionado para promover a Vila de Canas de Senhorim, enaltecendo a sua história, divulgando o seu passado e registando o seu presente”. Com grande simbolismo, o Novo Portal abriu portas a 1 de Julho de 2008.

Manuel Alexandre Henriques
(
mahenriques@sapo.pt)

Entrevista a José Vaz, Candidato à Câmara Municipal


(Publicada no Edição nº 116 do Jornal "Canas de Senhorim")


Quais as razões para uma candidatura independente?

Como toda a gente sabe nunca fui filiado em nenhum partido político não só porque prezo muito a minha independência mas, sobretudo porque cedo me apercebi que são raros os que lutam por apenas ideais.
O descrédito nos partidos políticos predominantes na sociedade é tal que, hoje, o sentimento dominante assenta em candidaturas independentes, sem tutelas nem dependências partidárias, porque só assim é possível fazer-se uma gestão isenta, equilibrada e participativa dos orçamentos municipais.

Já estão definidas as bases do programa a apresentar ao eleitorado?

Certamente que sim. E vai assentar fundamentalmente numa forte aposta na juventude, naqueles que procuram o primeiro emprego e nos jovens licenciados que no final dos seus cursos não regressam ao Concelho por falta de perspectivas para o futuro.
A Educação, o Ambiente, o Turismo e o Termalismo terão sempre uma atenção muito especial, sem nunca se descurar a criação de uma plataforma logística para apoio às actuais e novas industrias.
O Desporto, a cultura e o associativismo, bem como o comércio e o desenvolvimento rural terão sempre uma porta aberta com vista a alcançarem os seus objectivos.
E a terceira idade irá ser contemplada com um programa real que combata não só as suas dificuldades mas também o seu drama da solidão.
Enfim, os munícipes de todo o concelho sabem que podem contar comigo naquela cadeia de progresso e grandes obras com que os habituei no passado em todas as freguesias.

A candidatura pressupõe um movimento de cidadãos que inclua candidatos às Juntas de Freguesia e à Assembleia Municipal?

Certamente. Isso é um pressuposto essencial para o sucesso.
Apesar de já contar com um grupo alargado de cidadãos de elevado rigor técnico e com grande espirito de missão para abraçar esta causa, continuo à espera da adesão de todos, com vista à formulação das respectivas listas.

Quais as perspectivas de sucesso num cenário muito marcado pelas candidaturas partidárias?

Estou plenamente confiante no sucesso da minha candidatura, não só porque quem actualmente preside aos destinos do Município de Nelas se revelou uma verdadeira desilusão, totalmente incompetente e incapaz de apresentar uma única obra de referência em todo o Concelho, mas também porque a oposição não tem ninguém que reuna os mínimos requisitos de credibilidade nem de capacidade para resolver os nossos problemas.
Resta pois a terceira via, que é a única, para restaurar a esperança ao Concelho de Nelas em face do notório abandono em que se encontra.

Como caracteriza a actual situação do Concelho e de Canas em particular? Temos excesso de centralismo na sede de concelho?

A um candidato independente não lhe cabem fazer análises políticas.
Compete-lhe, essencialmente, fazer profundas análises de gestão e manifestar a sua discordância quando são gastos mais de 72% do orçamento municipal em despesas correntes para pagar a comissários políticos e permanentes festas de ostentação perante quem vive deslumbrado com o poder e pouco preocupados com quem lhes paga os impostos.
E compete-lhe, também, indignar-se com a falta de investimento em despesas de capital, não dando continuidade às obras iniciadas, sem lançar qualquer uma de novo e limitando-se a desfazer o que já está feito para o refazer de novo.
O problema de Canas de Senhorim e do centralismo apenas será resolvido quando for eleito um Presidente da Câmara residente em Canas de Senhorim, como se viu no passado.
A Freguesia de Canas de Senhorim tem 3849 eleitores inscritos nos seus cadernos eleitorais e só não resolve este problema e todos os seus anseios se não quiser.

Que balanço faz do consulado de José Lopes Correia?


Não faz sentido falar dos erros do passado sobretudo quando essa situação não voltará a repetir-se no futuro.

Que avaliação faz da actuação do executivo chefiado pela Dr.ª Isaura Pedro nas suas acções concretas na nossa freguesia?

Um desastre total e uma tragédia para todo o concelho em anos perdidos de progresso e investimento.
Se o arrependimento matasse os que nela votaram teríamos, já há muito, construído novos cemitérios.
Existe uma frustração enorme em todo o Concelho, falharam todas as expectativas de mudança, foram admitidos dezenas de novos trabalhadores e não conhecemos um único desta Freguesia que aí passasse a trabalhar, prometeram-se grandes obras na Freguesia e a desilusão está à vista de toda a gente.

Que papel pode ter o eleitorado Canense nas próximas eleições autárquicas? Pode ser de novo o “fiel da balança” (como em 2005)?

No programa eleitoral que oportunamente será apresentado para todo o Concelho, posso garantir desde já uma repartição equilibrada, com rigor e bom senso dos mais de 13 milhões de euros anuais do orçamento municipal.
Será retomado o programa das grandes obras à semelhança do passado em todas freguesias e de acordo com as prioridades dos seus Presidentes.
Canas de Senhorim terá a sua Casa da Cultura como no passado teve água ao domicilio, pontes e viadutos, habitação social, novos arruamentos, iluminação pública, Quartel da G.N.R., novo campo de futebol, sede da Junta de Freguesia e escola pré-primária para não fazer alusão a tantas outras obras feitas.
É preciso que os habitantes desta Freguesia tomem consciência da sua força eleitoral porque está nas suas mãos, mudar o seu próprio destino.

Que recordações guarda da sua experiência como Presidente da Câmara Municipal no inicio dos anos 80?

Guardo as melhores recordações porque é muito gratificante trabalhar para o bem público e deixar obras para as gerações vindouras.
Quando saí, no final de um mandato de três anos e com um orçamento anual de apenas 80.000 contos ganhava por mês 72 contos.
Entendi que tinha uma família para sustentar e o futuro dos filhos para acautelar e decidi fazer uma opção económica na vida não me recandidatando e passando a exercer a Advocacia.
Hoje tenho um sucessor no escritório capaz de assegurar todas as tarefas profissionais e estou disponível para retomar a vida autárquica.
Faço-o com espirito de missão sem qualquer necessidade e consciente de que isso não me trará qualquer compensação financeira.
Mas como o que temos não serve e o que nos propõem em troca é pior ainda, aqui estou, porque entendo que o Concelho de Nelas merece mais.

18/07/2008

Crepúsculo de pálpebras desejadas


quase amanhece…
fixo um ponto invisível por entre as rugas da parede, local onde moram os carregadores do piano de palavras e faíscas de sombra…
absorto, inclino-me na cama,
escrevo-te tendo a certeza de que ninguém será capaz de roubar os sapatos que carrego na direcção das tuas costas…

se quiseres, vem dormir perto de mim antes que trema o
corpo no frio da tua ausência…

lá fora, as Avenidas de mortalhas permanecem vazias…
cheias, correm sem destino, sem ti
os eléctricos já passam e os carris anunciam a tua chegada ao ponto de partida dos barcos,
as aves inquietas…

tira a corda com que me amarras a perna…
arrasta-me na asa da tua sombra enquanto te percorro a
estrada de pele…

*
Nuno Albuquerque Vaz
**

Nuno Vaz

Nuno Vaz no Fórum FNAC-Viseu
Foi no dia 10 de julho de 2008 que uma vez mais um canense lançou com sucesso um livro de alta qualidade.
Nuno VAZ - o nosso poeta - fez na FNAC -Viseu a apresentação do seu novo livro " A LADO DE FOGO". Foi um acontecimento notável, com a presença dos amigos e da família, sendo um orgulho para todos ouvir do representante da editora palavras de reconhecimento do valor do nosso poeta. Gostaria de salientar que Nuno faz questão sempre de que nas suas obras seja colocado num sítio bem visível a sua terra natal, passo a citar a desta última obra: "Nuno Albuquerque Vaz nasce em Canas De Senhorim no ano de 1978, enclausurado entre as serras de Estrela e Caramulo, onde o mar é apenas uma miragem".
Aconselho a todos a aquisição deste livro e apelo a que estejam atentos ao percurso deste nosso poeta canense.
Mais uma vez se vê que em Canas há grandes pessoas e grandes talentos vamos dar-lhes o merecido valor.
Ricardo Rosa Cavaco

17/07/2008

Parque Temático de Radionatura

Ontem...

...Hoje....

...e Amanhã[?]

Urgeiriça

16/07/2008

Nuno Cardoso

Platónov [A.Tchekhov] Encenação de Nuno Cardoso*
17 de Julho a 3 de Agosto 08_Porto

Demasiado longa, demasiado violenta, demasiado imperfeita. Platónov conviveu sempre de perto com o excesso e o falhanço. Peça inaugural de Anton Tchékhov, escrita com a urgência de tudo dizer e tudo questionar, sucessivamente trabalhada e sucessivamente rejeitada, acabaria por ser resgatada da sombra ao longo do séc. XX. Isto porque talvez se possa dizer de Platónov, a obra, aquilo que alguém diz nela de Platónov, a personagem: “É o exemplo acabado da moderna indefinição”. Retrato em fuga de um grupo de trintões e quarentões desiludidos com uma sociedade que frustrou os sonhos da sua juventude? Celebração vital dos prazeres da culpa e da contradição? Ouçamos o nosso herói, num acesso de ironia e lucidez: “Ser jovem e ao mesmo tempo não ser idealista. Que depravação!”. Nuno Cardoso propõe-nos uma leitura possível de um conflito irresolúvel (foi também esse um dos propósitos que o conduziram a Woyzeck, outro clássico mutilado), acrescentando à sua já extensa galeria de beautiful losers o corpo vacilante de um professor de província, um Hamlet com testosterona a mais, que assiste embriagado ao desconcerto do mundo…
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O génio está de regresso ao TNSJ_Porto
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*Nuno Cardoso. Nasceu em Canas de Senhorim, em 1970. Iniciou o seu percurso teatral no princípio dadécada de 1990, integrando o CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra.Como actor, destacam‑seas participações emOs Olhos do Gato, de Moebius e Jodorowski(enc. Paulo Lisboa, Companhia Absurda,CITAC/1993); Um Processo, a partir de FranzKafka (enc. Paulo Lisboa, CITAC/1994);O Subterrâneo, de F. Dostoievski (enc. PauloCastro, Visões Úteis/1995); Gato e Rato, deGregory Motton (enc. João Paulo Seara Cardoso, Visões Úteis/1997); Na Solidão dosCampos de Algodão, de Bernard‑Marie Koltès(enc. Nuno M Cardoso, Teatro Só/1999); ProjectoX.2 – A Mordaça, a partir de Eric‑Emmanuel Schmitt (dir. Francisco Alves, Teatro Plástico/2000); Gretchen, a partir de Urfaust, de Goethe (enc. Nuno M Cardoso, O Cão Danado e Companhia, TNSJ/2003); e Otelo, de W. Shakespeare (enc. Nuno M Cardoso, O Cão Danado e Companhia, TNSJ/2007). Em 1994, foi um dos fundadores do colectivo Visões Úteis, onde foi responsável pelas encenações de As Aventuras de João Sem Medo, a partir da obra homónima de José Gomes Ferreira (1995); Casa de Mulheres, de Dacia Maraini (1996); e Porto Monocromático, criação colectiva (1997).Encenou também Paysage Choisi, a partir de textos de Federico García Lorca (1999); De Miragem em Miragem se Fez a Viagem, de Carlos J. Pessoa (2000); Antígona, a partir de Sófocles(2001); PRJ. X. Oresteia, a partir de Sófocles(2001); e The Golden Vanity, ópera de Benjamin Britten (2004). Da sua colaboração com o Ao Cabo Teatro resultaram as encenações de Purificados, de Sarah Kane (2002), Valparaíso, de Don DeLillo (2002), e Parasitas, de Marius von Mayenburg (2003). Encenações mais recentes: Ricardo II e R2, de W. Shakespeare(TNDM II/2007), e Boneca, a partir de Uma Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen (Cassiopeia, Centro Cultural Vila Flor, TNDM II, Theatro Circo/2007). Entre 1998 e 2003, assegurou a Direcção Artística do Auditório Nacional Carlos Alberto. No TNSJ, assumiu a Direcção Artística do Teatro Carlos Alberto entre 2003 e 2007. Como criador, encenou os seguintes espectáculos: Pas‑de‑Cinq+ 1, de Mauricio Kagel (1999); Coiso, revisitação das músicas para cena de Albrecht Loops (2001); Antes dos Lagartos, de Pedro Eiras (2001); O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind (2004); Woyzeck, de Georg Büchner (2005); e Plasticina, de Vassili Sigarev (2006). Dirigiu ainda, com Fernando Mora Ramos, Sexto Sentido, de Regina Guimarães, Abel Neves, António Cabrita e Francisco Mangas (1999), um projecto Dramat – Centro de Dramaturgias Contemporâneas do TNSJ.
in Programa da sala "platónov"http://www.tnsj.pt/

14/07/2008

Concelho de Canas de Senhorim



Canas de Senhorim e Fátima: próximos concelhos?
Actualmente, Portugal é composto por 308 concelhos. No entanto, o futuro poderá ditar uma divisão geográfica diferente com a possível criação de mais dois novos concelhos: Canas de Senhorim e Fátima. Resta a aprovação do Presidente da República.
O concelho de Canas de Senhorim será composto por três actuais freguesias do concelho de Nelas - Aguieira, Canas de Senhorim e Lapa do Lobo. Observando o peso que o futuro concelho tem no actual concelho de Nelas, verifica-se que a área deste novo concelho representa 47.2% da totalidade do território de Nelas e que, à excepção de alguns indicadores económicos , todas as variáveis consideradas na nossa análise apresentam um peso acima dos 50%.
Das 9 freguesias que compõem actualmente Nelas, 3 delas representam cerca de metade do concelho no que diz respeito a demografia, edificado, território e alguns indicadores económicos. Serão estas que farão parte do novo concelho de Canas de Senhorim, caso a legislação de criação de novos concelhos aprovada no Parlamento entre em vigor.

A Marktest.com autoriza a reprodução desta notícia nos meios de comunicação social desde que indicada a fonte:
Marktest.com

Festa em honra de Nossa Senhora de Fátima 2008




























Festa de verão Lapa do Lobo 2008















Canas OnLine


A contribuir lideramos!?

MAPA ANEXO AO MAPA X
PARTICIPAÇÃO DAS FREGUESIAS NOS IMPOSTOS DO ESTADO


Aguieira_ 3 039
Canas de Senhorim_ 11 550
Carvalhal Redondo_ 3 871
Lapa do Lobo_ 4 053
Moreira_ 3 183
Nelas_ 10 285
Santar_ 4 984
Senhorim _8 961
Vilar Seco _3 980
Total _53 906


...contribuições para o estado (por freguesia)?
[quem é que descodifica isto]

11/07/2008

BVCanas - Dispositivo de combate a incêndios 2008

Com o calor a chegar, chega também a altura dos incêndios. E mais uma vez os Bombeiros Voluntários de Canas de Senhorim montaram um dispositivo de prevenção e ataque rápido pronto a intervir em qualquer foco de incêndio.

Englobadas no DECIF (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais), as primeiras operações, denominadas por fase BRAVO, começaram a 15 de Maio e terminaram a 30 de Junho. Para a fase BRAVO esteve mobilizado um ECIN (Equipa de Combate a Incêndios c/ 5 homens e 1 viatura). Ainda no âmbito do DECIF decorre agora a fase CHARLIE que termina a 30 de Setembro e mobiliza um ECIN e um ELAC (Equipa de Apoio Logístico c/ 1 Auto tanque e 2 homens). Estas equipas têm a missão de vigilância e estão preparadas para combater um incêndio nascente.

Para além do DECIF, os Bombeiros juntamente com a Câmara assinaram um protocolo que prevê a atribuição de uma verba de 7500€ destinada a manter uma equipa permanente composta por 4 bombeiros e uma viatura. Esta equipa funciona durante 10 horas diárias trabalhando em 2 turnos de 5 horas. Começa a vigilância às 9:00 e volta ao quartel às 19:00. Percorre todos os dias caminhos previamente seleccionados por terem boa visibilidade e por estarem localizados em pontos altos. De modo a que haja uma maior cobertura do terreno, e porque a GNR também faz um trabalho de vigilância, estes percursos são previamente enviados e aprovados pela câmara e pela GNR de modo a não haver duas equipas a patrulharem a mesma zona. Estas equipas são compostas por Cadetes (elementos com idade entre 14 e 18 anos) e por bombeiros do Quadro de Honra (quadro a que pertencem os elementos que não podendo estar no activo, podem exercer funções auxiliares e de representação, para este quadro vão elementos com mais de 15 anos de serviço ou aqueles que prestaram serviços relevantes). A verba atribuída pela Câmara para além de ser usada para pagar o combustível dos veículos é também usada para dar uma pequena contribuição aos bombeiros que fazem este serviço.

Como em anos anteriores também existem equipas do IPJ (Instituto Português da Juventude) coordenadas pela câmara que têm como objectivo sensibilizarem a população para a defesa da floresta contra incêndios e também a missão de vigilância. Neste momento está a trabalhar apenas uma equipa de Santar que funciona em pontos estratégicos em Carvalhal Redondo e Moreira, mas, a partir de 15 de Julho haverá mais uma equipa que será apoiada a coordenada pelo quartel de Canas. Estas patrulhas estão equipadas com um rádio que devem usar sempre que virem algum indício de incêndio, comunicando para a Central dos bombeiros de modo a accionar de imediato os meios de ataque.

Contudo, embora haja bastantes meios mobilizados, nunca é demais a prevenção por parte da população, principalmente no chamado período crítico, este ano de 1 de Julho a 15 de Outubro. Muitas pessoas só se lembram do quanto importante é a limpeza das matas quando têm os seus terrenos a arder. As normas de segurança apontadas no Decreto-Lei 124/2006 devem ser rigorosamente seguidas pois o desconhecimento não é desculpa.

Para finalizar apenas queria agradecer ao 2º Comandante o Sr. João Marques por todos os esclarecimentos prestados e desejar um Verão de pouco trabalho a todos os bombeiros da nossa corporação!

CanasCriativa


Porque "Criativar" Canas passa por Todos


Canas de Senhorim é uma vila em desenvolvimento, que pede por mudança, empenho e novas ideias por parte dos seus habitantes.

Assim, pretendemos com este trabalho projectar ideias rentáveis e económicas para melhoria/evolução da vila.

É necessário para isso estudarmos a nossa vila e conhecermos os ideais dos Canenses para conseguirmos com isso beneficiar ao máximo a nossa vila, com as nossas ideias…
[...]
Canas foi desde sempre uma grande área industrial de grande investimento, coisa que veio a ser perdida aos longos dos anos. Provocando aumento da taxa de imigração e falta de emprego. Assim, pensamos, que apostar no desenvolvimento poderia contribuir em muito para a evolução de Canas. Aumentaria a taxa de população visto a abertura de postos de trabalho.

Seria também rentável para o aumento económico da Terra, o que ajudaria a que houvesse um maior investimento na mesma.

Outro ponto de importante relevância é o Ensino, investir de forma a incentivar os jovens e a motivá-los para a criação de um futuro mais promissor. O que também poderia contribuir com o aumento de jovens na Terra e mesmo o contacto com mais pessoas de outras localidades.

A Arte e a Cultura são pontos essências na formação de uma Pessoa, assim, achamos que este ponto é um ponto de importante exploração e investimento futuro! Porque uma sociedade Culta está mais facilmente apta a mudanças e a adoptar novas ideias.

Por ultimo, mas não menos importante, achamos que a Saúde associada ao desporto é indispensável. Pensamos então que o incentivo à actividade física regular é muito importante bem como todo o controlo a nível de saúde. [...]

CanasCriativa é um projecto académico da autoria de Carlota Ambrósio e Rita Camões.
visite em http://canascriativa.blogs.sapo.pt/

10/07/2008

Canas de Senhorim [1917]



31-12 1917

Canas de Senhorim-Portugal _ Vista Geral
Edição e Cliché de António da Costa Reis

Quatro-Esquinas


Encontra-se em adiantada fase de construção o edifício das Quatro-Esquinas. Pensado para albergar serviços e comércio reserva igualmente espaço para habitação e lazer. Como todos os projectos com esta envergadura, também este levanta alguma polémica, designadamente o impacto que a sua dimensão introduz no espaço envolvente e algumas características arquitectónicas alegadamente invasivas, como por exemplo o ângulo excessivamente avançado do bloco norte.

Difícil é agradar a gregos e troianos, que isto de gostos cada um com os seus. Vamos ver se os canenses se revêem neste projecto que irá alterar profunda e definitivamente o traçado do Largo do Rossio.



As Quatro - Esquinas
por Cristalinda

Cai a tarde nas Quatro-Esquinas. O vazio amputado de uma das fachadas é como um bocado arrancado de mim. É um pouco da minha história que se esvai, que se perde irremediavelmente, como perdidas estão outras memórias de outros tempos e de outros lugares. Este largo soalheiro anuncia o peso da modernidade e do progresso, e as esquinas, outrora cúmplices dos meus passos de catraia exploradora, remetem-me agora para outros passeios.

Aos domingos, pela mão da minha tia, lá íamos vaidosas ao Café Rossio, ex-libris da terra, onde o café era mais café. Eu, na mira do “rajá” prometido, ela, de rapaz promissor. O Sr. António João, bem-humorado, atirava um piropo amoroso à minha tia, do género “ainda dizem que as flores não andam”, enquanto escolhia meticulosamente os grãos de café. Primeiro espalhava-os numa bandeja de servir à mesa (naquele tempo um simples café tinha honras de bandeja e empregado de laço). Depois, munido de artes que só ele dominava, esticava o dedo indicador e exercia a sua justiça ao lote, “tu para aqui, tu para ali e tu vais fora”. Que cheirinho emanava do café que o Pedro trazia para a mesa, após aquela selecção.

Às vezes também íamos aos sábados. Creio que na altura se trabalhava aos sábados de manhã, mas, mesmo assim, a minha tia lá arranjava tempo para ir à bica, devidamente acompanhada pelo salvo-conduto, que era eu. Não pensem que nessa altura, as moças casadoiras se livravam de censuras e reparos se ousassem frequentar sozinhas o Café (se calhar, ainda hoje sobrevive, nalgumas mentes, essa reprovação). Ora, para obviar tal desaprovação social, nada melhor que uma sobrinha como livre-trânsito para realçar o pudor. Era aí que entrava eu, no meu vestidinho de chita e sandália domingueira. Depois de inspeccionada até às profundezas do lóbulo auricular, não fosse a menina comprometer o bom-nome da família com alguma crosta de surro pespegada à tez, “ala que se faz tarde”, aprovava a minha tia em ânsias de rapariga solteira.

Despachado o “rajá”, cirandava por entre as mesas de tampo em mármore escuro e cadeiras em madeira castanha, confortavelmente resistentes ao meu baloiçar de menina. Sentados ao fundo, nas poltronas, senhores distintos, discutindo assuntos sérios, enchiam a minha imaginação de tramas e conspirações, pois os tempos eram conturbados e o local discretamente apropriado. O Professor, muito cioso da sua pochette, conjurava intrigas revolucionárias no conforto da lareira granítica. Comunista devoto, anunciava aos convivas golpes e contra-golpes a cada artigo do jornal. Os jornais eram a sua cartilha. Solitário e indiferente aos remoques políticos, o Artista, fechado na sua habitual gabardina, fumava pesaroso. Na sua loucura inofensiva, distinguia-se pela pose sobranceira e pela boquilha dourada, da qual, a espaços, retirava citações poéticas. No bilhar, senhores mundanos, de fato e gravata baratos, trocavam impressões sobre fortunas perdidas no casino da Figueira.

Fascinavam-me a mesa de bilhar e as carambolas conseguidas por aqueles senhores perfumados. Gostavam de se meter comigo e eu fazia-lhes o gosto empurrando-lhes levemente o taco no pico da concentração. “O raio da miúda!”, praguejavam, enquanto eu, pernas para que vos quero, escapulia ágil por entre as cadeiras e estacionava junto às montras, a namorar os bonequinhos, as garrafinhas, os livros aos quadradinhos, os chocolates e os rebuçados. Só o Mário Pica, na sua tonteira plácida, me tirava do deslumbramento. Mãos atrás das costas, corpo dobrado para a frente, sorriso seráfico, percorria as mesas do café na esperança de um cigarro ou de uma beata esquecida. Menino grande sem condição, aprendeu a sorrir porque sim, e nunca mais se esqueceu.
Também ali se faziam e desfaziam namoros, se davam e devolviam fotografias, se prometiam noivados e juras de casamento, para gáudio do Sr. Pinga das Gordas, que via assim assegurados os proventos de fotógrafo oficial da terra. Por entre bilhetinhos trocados à socapa e intimidades disfarçadas, sempre havia tempo para tentar a fortuna que o Sr. Acúrcio, o cauteleiro, garantia em duodécimos. “Ele há horas de sorte...”, apregoava, ainda que ciente do seu próprio infortúnio e da maleita que lhe tolhia os membros.

Quando a minha irrequietude ultrapassava os limites que a minha tia considerava adequados, era remetida para os banquinhos de ripas vermelhas do terreiro da capela. Bem que eu queria misturar-me com os rapazes da minha idade que por ali jogavam à bola, mas o olhar reprovador da minha tia e o vestido imaculado desaconselhavam qualquer ousadia. Ali ficava, joelhos juntinhos, como a minha mãe me tinha ensinado, apreciando o cheirinho da fruta que o Sr. António e a Menina Natália dispunham à porta do Lugar, as senhoras da Varanda da Má Língua, que desconheciam os ensinamentos da minha mãe, o Sr. Pereirinha, muito dono do parqueamento do seu Mercedes, a loja do Sr. Alberto e da Dona Eracema, onde a mãe fazia as compras, a padaria do Sr. César, que vendia a melhor broa do mundo, a Socolar, onde se alinhavam aqueles “dossiers” fantásticos de argolas, novidade na época, que ainda preservo algures no sótão, o Café Belcanto e as filhas do dono, por sinal muito bem criadas, o Sr. Pinheira da Barbearia eternamente à conversa com o Sr. Jorge da Farmácia e, fascínio dos fascínios, o colorido atrevido dos vestidos curtos das mulatas hospedadas na Pensão Monteiro, vítimas da descolonização das províncias africanas, autênticas impalas fora do habitat, tentando, com o brilho sedoso que lhes emergia dos corpos, ofuscar frios desconhecidos e disfarçar mágoas passadas.

Se fosse por altura dos Santos Populares ainda podia assistir ao despautério de alguma senhora do Rossio de Baixo, retardada na recolha dos vasos que uns “bandidos”, pela calada da noite, como manda a tradição, deixaram a embelezar os passeios das Quatro-Esquinas. “Então, os vasos ganharam pernas?”, perguntava o Sr. António João, “ganharam pernas o carvalho”, respondia esbaforida a senhora. Ruborizava a minha tia, ria a plateia e consolava-me eu, autorizada pelas circunstâncias a registar os palavrões proibidos.

Noutras alturas quebrava-se o encanto. A loucura instalava-se no largo, personificada na herança dramática da guerra do ultramar. O ex-soldado, se bem me lembro, maqueiro de profissão, de tanto mutilado carregar, acabou amputado do juízo e baralhado no cenário. A epilepsia tomava conta dele e as Quatro-Esquinas transformavam-se em palco de batalhas sangrentas e os transeuntes em inimigos emboscados. Espumava ordens e desacertos para incómodo dos presentes e desespero da sua mãe que acorria ao largo, suplicando humildemente que lhe internassem o filho. Carregava sózinha, ainda, uma guerra acabada.

Intimidava-me o infortúnio do soldado-maqueiro e então, apertadinha de xixi que o medo tornara premente, traçava uma linha recta entre o terreiro da capela e a porta do Café-Rossio e corria desenfreada para o aconchego do café. Deixava para trás o largo e o passado que agora me ocorre.

Cai a tarde. Num banco do terreiro da capela de S. Sebastião estendo o olhar de esquina a esquina, reconstruo alçados e montras, retenho cheiros e sons, e recordo carinhosamente as pessoas que habitaram as Quatro-Esquinas da minha meninice.


Cristalinda escreve no blogue

http://mulheres-de-canas.blogspot.com/