Lamas radioactivas continuam a escorrer de mina selada
Urgeiriça inaugura requalificação na segunda-feira.
As lamas radioactivas depositadas nas escombreiras das minas da Urgeiriça não estão totalmente seladas. As obras de requalificação daquelas minas de urânio em Canas de Senhorim, Nelas, são inauguradas na próxima segunda-feira, mas as fortes chuvadas voltaram a provocar escorrências das lamas radioactivas nas escombreiras que estão a ser seladas. Desde o encerramento das minas, em 2004, já morreram mais de cem antigos mineiros - o último dos quais na terça-feira. Um médico de Canas de Senhorim defende que toda a população que esteve exposta às radiações, e não só os mineiros, deve ser sujeita a exames. Ao que apurou o DN, na passada terça-feira o empreiteiro encarregue da obra solicitou, por duas vezes, viaturas dos bombeiros porque "havia uma escorrência superficial na barragem Velha. As lamas chegaram ao alcatrão mas não furaram a camada de argila nem o geotêxtil [tecido específico para a impermeabilização da camada geológica]", afirmou ao DN um trabalhador.
A barragem Velha, local onde estão acumulados mais de quatro milhões de toneladas de resíduos, resultantes da exploração das minas de urânio, começou a ser selada em 2006 e já nesse ano as fortes chuvas encheram a barragem e provocaram o escorrimento das lamas radioactivas para o rio Mondego. Na altura soaram os primeiros alertas para a contaminação do meio envolvente e os riscos para a saúde pública que já foram analisados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge - num estudo coordenado por Marinho Falcão. Este sustenta que o "excesso de mortalidade, da população residente na freguesia de Canas de Senhorim exposta a níveis de radiação e de metais pesados, poderá estar associado à existência da mina da Urgeiriça e da sua escombreira". Esta é também a opinião de Américo Borges, médico em Canas de Senhorim. O clínico adianta que "não são só os mineiros que estiveram expostos à radiação. Toda a população esteve, em menor ou maior grau, exposta à radiação. A recuperação ambiental isolou a fonte de radioactividade, mas é possível que no futuro surjam outros casos". Por isso o médico afirma que "o ideal era que a população à volta da Urgeiriça fosse sujeita a exames porque estamos a falar de uma doença cujo tratamento passa sobretudo pela detecção precoce". O estudo, que abrangeu 966 pessoas, permitiu aferir que as concentrações de substâncias radioactivas com origem no urânio foram também "detectadas nos solos, águas, produtos hortícolas e no radão existente no ar exterior e interior das habitações, sendo mais elevada a sua presença em Canas de Senhorim, comparativamente às restantes freguesias". Além de Canas de Senhorim, foram estudadas as populações das freguesias de Queira (concelho de Vouzela), Rio de Mel (S. Pedro do Sul), Moreira do Rei (Nelas), Sátão, S. Pedro e Campo (Viseu) e Seia. O urânio é um metal pesado e radioactivo, o que lhe confere manifesta toxicidade química e radiológica. Durante quase um século, cerca de meia centena de minas de urânio e rádio foram exploradas em Portugal, a maioria localizada na região centro, sobretudo nos distritos de Viseu e Guarda.
As lamas radioactivas depositadas nas escombreiras das minas da Urgeiriça não estão totalmente seladas. As obras de requalificação daquelas minas de urânio em Canas de Senhorim, Nelas, são inauguradas na próxima segunda-feira, mas as fortes chuvadas voltaram a provocar escorrências das lamas radioactivas nas escombreiras que estão a ser seladas. Desde o encerramento das minas, em 2004, já morreram mais de cem antigos mineiros - o último dos quais na terça-feira. Um médico de Canas de Senhorim defende que toda a população que esteve exposta às radiações, e não só os mineiros, deve ser sujeita a exames. Ao que apurou o DN, na passada terça-feira o empreiteiro encarregue da obra solicitou, por duas vezes, viaturas dos bombeiros porque "havia uma escorrência superficial na barragem Velha. As lamas chegaram ao alcatrão mas não furaram a camada de argila nem o geotêxtil [tecido específico para a impermeabilização da camada geológica]", afirmou ao DN um trabalhador.
A barragem Velha, local onde estão acumulados mais de quatro milhões de toneladas de resíduos, resultantes da exploração das minas de urânio, começou a ser selada em 2006 e já nesse ano as fortes chuvas encheram a barragem e provocaram o escorrimento das lamas radioactivas para o rio Mondego. Na altura soaram os primeiros alertas para a contaminação do meio envolvente e os riscos para a saúde pública que já foram analisados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge - num estudo coordenado por Marinho Falcão. Este sustenta que o "excesso de mortalidade, da população residente na freguesia de Canas de Senhorim exposta a níveis de radiação e de metais pesados, poderá estar associado à existência da mina da Urgeiriça e da sua escombreira". Esta é também a opinião de Américo Borges, médico em Canas de Senhorim. O clínico adianta que "não são só os mineiros que estiveram expostos à radiação. Toda a população esteve, em menor ou maior grau, exposta à radiação. A recuperação ambiental isolou a fonte de radioactividade, mas é possível que no futuro surjam outros casos". Por isso o médico afirma que "o ideal era que a população à volta da Urgeiriça fosse sujeita a exames porque estamos a falar de uma doença cujo tratamento passa sobretudo pela detecção precoce". O estudo, que abrangeu 966 pessoas, permitiu aferir que as concentrações de substâncias radioactivas com origem no urânio foram também "detectadas nos solos, águas, produtos hortícolas e no radão existente no ar exterior e interior das habitações, sendo mais elevada a sua presença em Canas de Senhorim, comparativamente às restantes freguesias". Além de Canas de Senhorim, foram estudadas as populações das freguesias de Queira (concelho de Vouzela), Rio de Mel (S. Pedro do Sul), Moreira do Rei (Nelas), Sátão, S. Pedro e Campo (Viseu) e Seia. O urânio é um metal pesado e radioactivo, o que lhe confere manifesta toxicidade química e radiológica. Durante quase um século, cerca de meia centena de minas de urânio e rádio foram exploradas em Portugal, a maioria localizada na região centro, sobretudo nos distritos de Viseu e Guarda.
Sexta, 11 de Abril de 2008
Diário de Noticias
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