Canas OnLine

16/07/2008

Nuno Cardoso

Platónov [A.Tchekhov] Encenação de Nuno Cardoso*
17 de Julho a 3 de Agosto 08_Porto

Demasiado longa, demasiado violenta, demasiado imperfeita. Platónov conviveu sempre de perto com o excesso e o falhanço. Peça inaugural de Anton Tchékhov, escrita com a urgência de tudo dizer e tudo questionar, sucessivamente trabalhada e sucessivamente rejeitada, acabaria por ser resgatada da sombra ao longo do séc. XX. Isto porque talvez se possa dizer de Platónov, a obra, aquilo que alguém diz nela de Platónov, a personagem: “É o exemplo acabado da moderna indefinição”. Retrato em fuga de um grupo de trintões e quarentões desiludidos com uma sociedade que frustrou os sonhos da sua juventude? Celebração vital dos prazeres da culpa e da contradição? Ouçamos o nosso herói, num acesso de ironia e lucidez: “Ser jovem e ao mesmo tempo não ser idealista. Que depravação!”. Nuno Cardoso propõe-nos uma leitura possível de um conflito irresolúvel (foi também esse um dos propósitos que o conduziram a Woyzeck, outro clássico mutilado), acrescentando à sua já extensa galeria de beautiful losers o corpo vacilante de um professor de província, um Hamlet com testosterona a mais, que assiste embriagado ao desconcerto do mundo…
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O génio está de regresso ao TNSJ_Porto
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*Nuno Cardoso. Nasceu em Canas de Senhorim, em 1970. Iniciou o seu percurso teatral no princípio dadécada de 1990, integrando o CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra.Como actor, destacam‑seas participações emOs Olhos do Gato, de Moebius e Jodorowski(enc. Paulo Lisboa, Companhia Absurda,CITAC/1993); Um Processo, a partir de FranzKafka (enc. Paulo Lisboa, CITAC/1994);O Subterrâneo, de F. Dostoievski (enc. PauloCastro, Visões Úteis/1995); Gato e Rato, deGregory Motton (enc. João Paulo Seara Cardoso, Visões Úteis/1997); Na Solidão dosCampos de Algodão, de Bernard‑Marie Koltès(enc. Nuno M Cardoso, Teatro Só/1999); ProjectoX.2 – A Mordaça, a partir de Eric‑Emmanuel Schmitt (dir. Francisco Alves, Teatro Plástico/2000); Gretchen, a partir de Urfaust, de Goethe (enc. Nuno M Cardoso, O Cão Danado e Companhia, TNSJ/2003); e Otelo, de W. Shakespeare (enc. Nuno M Cardoso, O Cão Danado e Companhia, TNSJ/2007). Em 1994, foi um dos fundadores do colectivo Visões Úteis, onde foi responsável pelas encenações de As Aventuras de João Sem Medo, a partir da obra homónima de José Gomes Ferreira (1995); Casa de Mulheres, de Dacia Maraini (1996); e Porto Monocromático, criação colectiva (1997).Encenou também Paysage Choisi, a partir de textos de Federico García Lorca (1999); De Miragem em Miragem se Fez a Viagem, de Carlos J. Pessoa (2000); Antígona, a partir de Sófocles(2001); PRJ. X. Oresteia, a partir de Sófocles(2001); e The Golden Vanity, ópera de Benjamin Britten (2004). Da sua colaboração com o Ao Cabo Teatro resultaram as encenações de Purificados, de Sarah Kane (2002), Valparaíso, de Don DeLillo (2002), e Parasitas, de Marius von Mayenburg (2003). Encenações mais recentes: Ricardo II e R2, de W. Shakespeare(TNDM II/2007), e Boneca, a partir de Uma Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen (Cassiopeia, Centro Cultural Vila Flor, TNDM II, Theatro Circo/2007). Entre 1998 e 2003, assegurou a Direcção Artística do Auditório Nacional Carlos Alberto. No TNSJ, assumiu a Direcção Artística do Teatro Carlos Alberto entre 2003 e 2007. Como criador, encenou os seguintes espectáculos: Pas‑de‑Cinq+ 1, de Mauricio Kagel (1999); Coiso, revisitação das músicas para cena de Albrecht Loops (2001); Antes dos Lagartos, de Pedro Eiras (2001); O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind (2004); Woyzeck, de Georg Büchner (2005); e Plasticina, de Vassili Sigarev (2006). Dirigiu ainda, com Fernando Mora Ramos, Sexto Sentido, de Regina Guimarães, Abel Neves, António Cabrita e Francisco Mangas (1999), um projecto Dramat – Centro de Dramaturgias Contemporâneas do TNSJ.
in Programa da sala "platónov"http://www.tnsj.pt/

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