Canas OnLine

18/08/2008

Pó-de-arroz


Apenas obras de pó-de-arroz!
por Ana Mafalda


[...]Eu explico-me com um caso real. Como moradora na Avenida da Igreja as obras da sua requalificação não me passariam ao lado, mas mesmo que aqui não morasse pensaria exactamente da mesma forma pois considero ser muito sensível aos problemas dos cidadãos em geral, por isso é um caso que me toca em particular e profundamente, porque atravessa um caso de vida que me é muito querido mas que pode até estar no horizonte de qualquer um, nós não temos a VIDA nas mãos…não sabemos como vamos ficar!
Faz agora um ano, mais dia, menos dia, iniciaram-se as ditas obras para a requalificação da primeira e durante muiiiiitos anos, única Avenida de Canas … a Avenida da Igreja! Iniciaram pois a obra com a colocação nos passeios de infra-estruturas no sub solo (penso que para depois passar luz, telefone, cabo TV, etc.). Posteriormente corrigiram os e rebaixaram os lancis em pontos considerados (não sei por quem!) estratégicos. Seguidamente colocaram o paralelo (mais pequeno) nos passeios. Continuaram a obra com o levantamento parcial do paralelo da própria Avenida, junto ao Solar Abreu Madeira e entre os cruzamentos com as Ruas: da Estrada e Dr. Tiago Marques e a Rua do Rossio, aí retiraram-no na totalidade. A obra foi finalizada com a recolocação “nivelada” do paralelo, onde este tinha sido removido.
Esta obra decorreu durante largos meses!
Só houve celeridade na recolocação dos paralelos e empedramento dos passeios no espaço que decorre entre o Solar Abreu Madeira e a Estrada (salvo seja) do Matadouro para não desvirtuar a Feira Medieval! Na restante Avenida esperámos e desesperámos!!!
Posto isto, obra feita, até parece que ficou tudo bem!! Mas lancem um olhar mais atento, perspicaz, sensível, exigente, um olhar que caracteriza um canense, não é preciso ser especialista!
Foram colocadas passadeiras para peões em pontos estratégicos na Avenida da Igreja?
NÃO!
Foram colocadas sarjetas para recolher e conduzir as águas pluviais?
NÃO!
Foram desviadas as supracitadas infra estruturas por forma a devolver aos passeios maior amplitude para os peões?
NÃO!
Foram escolhidos com sensibilidade e competência os materiais mais adequados, nomeadamente para os passeios, sabendo (como sabem) que nesta Avenida residem pessoas com mobilidade muito reduzida, que por aqui passam, periodicamente pessoas idosas, que se dirigem para a Igreja Paroquial (só o adiantado da idade já é revelador das suas dificuldades de locomoção) e que aqui está sedeado o Lar e Centro de Dia Pe. Domingos?
NÃO!
Consegue um casal, passear lado a lado percorrendo todos os passeios da Avenida da Igreja?
Não!
Poderá uma pai ou uma mãe passear o seu filho(a), no carrinho de bebé, percorrendo os passeios da Avenida da Igreja sem que a criança sinta estar num pesadelo, tal é a trepidação?
NÃO!
Foram acautelados os acessos às moradias onde residem as pessoas com mobilidade condicionada na Avenida da Igreja?
NÃO!
O rebaixamentos nos passeios são facilitadores para quem se desloca em cadeira de rodas?
NÃO!
Houve um entendimento, uma auscultação prévia, às necessidades quer dos moradores quer dos transeuntes, na Avenida da Igreja?
NÃO!
Mas creia que as entidades com responsabilidade foram atempadamente e insistentemente, confrontadas com estas questões que agora aqui denuncio!
Concorda comigo que foi uma obra de cosmética, de pó-de-arroz, ainda por cima rasca?!
O que ocorreu na Avenida da Igreja encontra-se por toda a Vila, ou não se faz nada ou a fazer-se, faz-se da forma mais medíocre …o mesmo se observa nas “parcas”obras que são realizadas nas localidades afectas a esta Freguesiaou ainda pior!Todos estes e outros acontecimentos levaram-me a reequacionar as minhas posições, também gostaria que as nossas pretensões a sermos Concelho viessem a acontecer, vale-nos o sonho!Mas sabe, “podem-nos cortar tudo, menos a raiz do pensamento”, NÃO nos resignamos!

Um abraço fraterno.

Mafalda
(comentário em Ana Mafalda disse... em 15 ag 08)

5 comentários:

MANUEL HENRIQUES disse...

O caso relatado pelo Mafalda - por todos conhecido - é talvez, no consulado da Drª Isaura Pedro o exemplo mais marcante do "para que é bacalhau basta" com que o povo de Canas é tratado.

MANUEL HENRIQUES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Mafalda disse...

Obrigado, Manuel Henriques, lamento informar-te que nem só a Câmara tem responsabilidades neste assunto, tem-na por maioria de razão mas não estão sós...há-os de cá e de lá! Surprendido!!
Os dia passam, mas os problemas ficam com quem os tem...
É muito doloroso não sentir uma onda de solidariedade em situações tão dramáticas, sobretudo junto daqueles que têm essa competência e responsabilidade.
Que a vida não lhes dê uma lição tão forte que venham a lamentar não terem agido em tempo útil, com sensibilidade, competência, saber e entrega!
Um abraço
Até Breve

MANUEL HENRIQUES disse...

Ok Mafalda. Mas não vamos tirar o título a quem o merece...Existe aqui um desprezo grosseiro pelo bem estar das pessoas. E a Câmara era o dono de obra.

Aproveito para "parabenizar" as suas participações aqui na blogosfera que têm vindo a introduzir um outro ângulo nas questões discutidas.

Cumprimentos

Ana Mafalda disse...

@manuel henriques, sem dúvida a Câmara era o dono da obra ...

Apelámos à Câmara.

Mas também fizemos um forte apelo nomeadamente junto da Junta de Freguesia, ficaram-se pela "boa" vontade ...

Obrigado pelas palavras de incentivo.

Mesmo gerando a controversia vou continuar a " blogar por aqui".

Um forte abraço e até breve.