Canas OnLine

05/11/2006

Maria Keil

Mª Keil _ A Ilustradora na Biblioteca Nacional

Chico e Maria Keil – a família Keil e os amigos

(..) Maria Keil acompanhou o arquitecto Keil do Amaral toda a vida, desde que casaram muito novos e viajaram juntos, começando por uma permanência em Paris quando Chico Keil ganhou o Concurso para o Pavilhão de Portugal da Exposição Universal de Paris, de 1937O casal Keil e o filho Pitum (Francisco Keil do Amaral, mais tarde arquitecto como o pai) criavam um ambiente descontraído mas motivador, sempre com um grande sentido de humor (óptimo antídoto ao ambiente salazarento da época...) e constantes «trouvailles» que revelavam um espírito crítico mas tolerante, mesmo para quem não compartilhava as mesmas ideias.

A casa de Chico e Maria Keil, que era também o local de trabalho de ambos, conseguia simultaneamente conservar a intimidade de um lugar doméstico e abrir-se aos visitantes. A harmonia do casal, apoiada num contraste de feitios e talentos, criava uma atmosfera de sociabilidade civilizada e de boa disposição que distinguia, e ainda hoje distingue, a família Keil.

De acordo com os ritmos de então, as férias grandes eram a altura propícia para prolongar o convívio com os amigos, havendo tempo e disponibilidade para promover as mais diversas iniciativas.

Nesse período, gente normalmente «séria e respeitável» encontrava tempo e vontade para se divertir, dando livre curso à imaginação. Para além dos anfitriões contavam-se entre os amigos, alguns deles residentes em Canas de Senhorim, o poeta José Gomes Ferreira, o músico Fernandes Lopes Graça e o matemático Bento de Jesus Caraça, cada um deles rivalizando em ideias e iniciativas divertidas. Mas ninguém conseguia ultrapassar as de Chico e Maria Keil, que desafiavam toda a gente, umas vezes para serões de gala com recurso às velhas vestimentas dos baús, outras para excursões às termas para tomar banho de «bolhinhas», ou passar um dia à pesca no Mondego, inventando novas receitas culinárias, etc, etc.

Não será possível esquecer o afecto e a atenção, não isenta de pedagogia, que Maria Keil dedicava ao filho, Pitum, desafiando-o para novas brincadeiras de que eu também beneficiava como seu companheiro.

Na Páscoa, por exemplo, organizavam-se passeios ao campo à procura dos «tradicionais» ovos que, surpreendentemente, eram encontrados debaixo das moitas, decorados com várias cores, que o casal Keil tinha encontrado tempo para pintar e esconder, para alegria dos miúdos.(...)

Raúl Hestnes Ferreira
_in Biblioteca Nacional_ Mª Keil "A Ilustradora"

http://purl.pt/708/1/index.html

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