O Burro Prim |II|
A história do burro Prim...
Esta é uma história verídica que correu Mundo, nos anos sessenta do século passado…
Dela fez eco o DIÁRIO DE COIMBRA nº. 10722, de 11 de Março de 1962, pela pena do seu Correspondente em Canas de Senhorim, Dr. Abílio Monteiro.
Mas… leiamos o que se escreveu naquele Diário…
“Falámos aqui, ultimamente, de uma burra que se dá ao luxo de comer as galinhas e frangos que lhe passam perto, originando ao dono muito sérios problemas. Hoje vamos apresentar um caso não menos curioso, em que entra um animal da mesma espécie, este do sexo masculino, que foi atacado pelo vício do vinho, e não é capaz de trabalhar sem que lho satisfaçam.
Utilizemos, porém, os dados que nos são remetidos pelo nosso correspondente em Canas de Senhorim. Há ali um burro, pertencente a um senhor chamado Plácido, ao qual, não se sabe bem porquê, puseram o nome de «Prim». O animal presta os seus serviços no transporte de carnes do Matadouro para os talhos do mesmo Mercado daquela vila, e o dono utiliza-o também para aluguer, no que vai ganhando para sustentar o burro.
Sucede, no entanto, que quando ambos se dirigem à vila, partindo do bairro do Casal, onde moram dono e burro, ao passarem à porta da taberna do sr. Abílio Máximo da Silva têm de fazer obrigatoriamente uma paragem, porque, não o fazendo, o jerico se recusa terminantemente a prosseguir na jornada, não havendo palavras persuasivas ou chibatadas violentas que o demovam do intento. É que ele exige que o dono lhe forneça uma boa ração de vinho, pois se assim não for resolve não dar mais um passo, e não o dá, mesmo! E não pensem os senhores que o «Prim» se contenta com qualquer zurrapa. Isso sim! Há tempos misturaram-lhe água na bebida, e ele rejeitou-a, pura e simplesmente, como bom apreciador cujo paladar dá logo pelo logro. Rejeitou-a e ferrou no dono uma parelha de coices para lhe provar que, apesar de burro, ninguém lhe come as papas na cabeça!
Sucede, algumas vezes, que o sr. Plácido não traz dinheiro para pagar o vinho ao burro. Bem se importa ele com isso! Finca as patas no terreno e chega a levar o atrevimento até ao ponto de, com os dentes, agarrar o bolso do colete do dono, como a querer demonstrar-lhe que ali existem sempre algumas reservas monetárias. Mas – alto lá! – Depois de satisfeito o vício, o burro fica outro, parece ganhar novas energias, e trabalha que é um gosto vê-lo!
Muitas vezes o sr. Plácido, querendo furtar-se à despesa, tem de ir dar longa volta pelo lugar do Paço, evitando a taberna. Porque se passa junto dela, é certo e sabido que esportula o dinheiro do vinho, pois o burro não lhe perdoa, nem arreda da porta sem satisfazer o vício. Tem sucedido até que, quando aquela se encontra fechada, o dono do «Prim» tem sido forçado a chamar o taberneiro, pois de contrário, nem por um decreto o burro arrancaria!
Esta é uma história verídica que correu Mundo, nos anos sessenta do século passado…
Dela fez eco o DIÁRIO DE COIMBRA nº. 10722, de 11 de Março de 1962, pela pena do seu Correspondente em Canas de Senhorim, Dr. Abílio Monteiro.
Mas… leiamos o que se escreveu naquele Diário…
“Falámos aqui, ultimamente, de uma burra que se dá ao luxo de comer as galinhas e frangos que lhe passam perto, originando ao dono muito sérios problemas. Hoje vamos apresentar um caso não menos curioso, em que entra um animal da mesma espécie, este do sexo masculino, que foi atacado pelo vício do vinho, e não é capaz de trabalhar sem que lho satisfaçam.
Utilizemos, porém, os dados que nos são remetidos pelo nosso correspondente em Canas de Senhorim. Há ali um burro, pertencente a um senhor chamado Plácido, ao qual, não se sabe bem porquê, puseram o nome de «Prim». O animal presta os seus serviços no transporte de carnes do Matadouro para os talhos do mesmo Mercado daquela vila, e o dono utiliza-o também para aluguer, no que vai ganhando para sustentar o burro.
Sucede, no entanto, que quando ambos se dirigem à vila, partindo do bairro do Casal, onde moram dono e burro, ao passarem à porta da taberna do sr. Abílio Máximo da Silva têm de fazer obrigatoriamente uma paragem, porque, não o fazendo, o jerico se recusa terminantemente a prosseguir na jornada, não havendo palavras persuasivas ou chibatadas violentas que o demovam do intento. É que ele exige que o dono lhe forneça uma boa ração de vinho, pois se assim não for resolve não dar mais um passo, e não o dá, mesmo! E não pensem os senhores que o «Prim» se contenta com qualquer zurrapa. Isso sim! Há tempos misturaram-lhe água na bebida, e ele rejeitou-a, pura e simplesmente, como bom apreciador cujo paladar dá logo pelo logro. Rejeitou-a e ferrou no dono uma parelha de coices para lhe provar que, apesar de burro, ninguém lhe come as papas na cabeça!
Sucede, algumas vezes, que o sr. Plácido não traz dinheiro para pagar o vinho ao burro. Bem se importa ele com isso! Finca as patas no terreno e chega a levar o atrevimento até ao ponto de, com os dentes, agarrar o bolso do colete do dono, como a querer demonstrar-lhe que ali existem sempre algumas reservas monetárias. Mas – alto lá! – Depois de satisfeito o vício, o burro fica outro, parece ganhar novas energias, e trabalha que é um gosto vê-lo!
Muitas vezes o sr. Plácido, querendo furtar-se à despesa, tem de ir dar longa volta pelo lugar do Paço, evitando a taberna. Porque se passa junto dela, é certo e sabido que esportula o dinheiro do vinho, pois o burro não lhe perdoa, nem arreda da porta sem satisfazer o vício. Tem sucedido até que, quando aquela se encontra fechada, o dono do «Prim» tem sido forçado a chamar o taberneiro, pois de contrário, nem por um decreto o burro arrancaria!
Há mais uma particularidade curiosa no temperamento deste animal. É a da sua dedicação por uma cadela chamada «Pepa», pertencente ao sr. Dr. Madeira Lobo, da vila de Canas, e pela qual o endiabrado «Prim» se parece ter apaixonado! De cada vez que ele pára a cadela aparece e «conversam» os dois animadamente, numa linguagem que só eles compreendem, mas que chega ao extremo da cadela lhe dizer segredos ao ouvido, como se vê na expressiva gravura que acompanha estas linhas.
Outra gravura mostra-nos o burro, pela arreata, com uma coroa de flores ao pescoço, como se tivesse chegado das ilhas do Haway, preparado para a «cerimónia» da fotografia.
Outra gravura mostra-nos o burro, pela arreata, com uma coroa de flores ao pescoço, como se tivesse chegado das ilhas do Haway, preparado para a «cerimónia» da fotografia.
Burro de seiscentos milhões de diabos, tem sido alvo do interesse de toda a gente, figurando entre as curiosidades mais singulares da vila de Canas de Senhorim. E a verdade é que não fica por aqui o seu rosário de «aventuras». Ainda no último Carnaval se tomou de amores pela burrinha branca de um vizinho, sendo preciso chamá-lo à ordem severamente, para que não fosse provocado o escândalo público na pacata localidade.
Tudo isto, repetimos, nos é contado pelo nosso solícito correspondente em Canas de Senhorim, onde várias coisas estranhas estão já a acontecer, em competição acesa com aquelas que se verificam no Entroncamento…” (sic)
Trabalho de Amef
7 comentários:
Há burros e... burros! LOL
O Prim era do paço ou do Rossio?
@AMEF,
Excelente trabalho
lol
:P
Amef,
Excelente recolha, e assim se faz a blog, seja lá isto o que for, quase me atrevo (apesar de não ser leitor assíduo) que este é o post…
Excelente apontamento telúrico, quando o DC tinha um correspondente em Canas de Senhorim, grande a nossa terra…
E como o correspondente tinha uma imaginação… é que põe imaginação nisso… e a censura não devia ter cortado nada, afinal o vinho era instituição nacional a preservar…
Tenho ideia que o Prim também parava no Borges, ideia apenas…
Quando a Câmara Municipal de Nelas (e a actual Junta de Canas de Senhorim) começarem a desenvolver Canas, aqui fica uma ideia para as muitas ruas a abrir em novas urbanizações ou quem sabe em ruas da Zona Industrial, Rua Burro Prim,
Um abraço… aquele.
Fácil Cereja ! faça uma petição à junta para que mude o nome da sua rua . Passaremos a ter o Cereja da Rua do Prim!
Mas, tão famoso asno, também deve servir para homenagear as origens onomásticas da honrada sede de concelho. Seria grandiosa prova de admiração, mudar a designação de Largo do Município para largo do Asno Prim.
"apesar de burro, ninguém lhe come as papas na cabeça!"
Exelente artigo!
chamem-no burro chamem!!!!!
O que eu dava para saber quem são os pequenitos que estão na foto. Especialmente o petiz do Taekwon-do, à direita da foto. Terá agora perto de 50 anos.Está demais.
Enviar um comentário