Canas OnLine

25/01/2008

O Relinchar do Cavalo

Carnaval de Fato e Gravata

Quando se fala da tradição, cheia de rituais, que é o Carnaval de Canas, quase sempre esquecemos o que está por trás... A política ou, para melhor explanar, a organização (já que, actualmente, a palavra “política” tem conotações muito negativas)...

Em conversa de café com ex directores das duas associações, todos e lamentavam do facto de terem sido tratados com “escravos” dos respectivos associados, construtores de carros alegóricos, ou marchantes... Ser director do Rossio ou do Paço é, apenas e só, uma missão que contempla unicamente obrigações e maus tratos...

Na verdade, o espírito de missão tem de estar presente nestas ou noutras associações, mas, o que mais custa, são os nomes puxados para a lama, já que o muito trabalho é recompensado no Domingo Gordo quando vêm os respectivos corsos a desfilar nas ruas... Uma sensação de dever comprido...

Por muito boa vontade que se tenha, não é possível elevar o Carnaval de Canas sem mais gente de fato e gravata!...

Para se fazerem carnavais mais “elevados”. Não podem os tesoureiros andar a fazer flores enquanto anda o presidente à procura dele para ser assinado um cheque para pagar um fornecedor... Não pode um presidente de um bairro deixar de reunir com o do outro porque tem uma carro alegórico para fazer... Não podem os cobradores de cotas perder tempo a negociar esferovite...

Esta (des)organização, por exemplo, impede que alguém tenha disponibilidade de tempo para “estudar” e encomendar as quantidades certas de papel, esferovite, tintas e tudo o mais, em procurar os melhores preços... Digo-vos que, com tempo, se conseguem materiais 75% mais baratos...

Com tempo, pessoas e uma melhor organização teríamos espaço para animação de rua, música ao longo dos 3 dias, realização de eventos anexos, fogo de artifício no final do despique, promoção nos média, mais apoios institucionais, mais patrocínios e tudo o mais que cada pessoa de “fato e gravata” se lembrasse...

Contudo, o Carnaval de Canas, não tem na sua génese este espírito organizacional... Basta notarmos que numa tradição com IV séculos os “fatos e gravatas” só apareceram há pouco mais de 20 anos... É um poder do Povo...

Ainda hoje, a maioria das pessoas torce o nariz a uma simples reunião entre as direcções do Paço e do Rossio... Ainda hoje, principalmente no Rossio, parece haver vergonha em aceitar apoio da Cmasn... Os foliões, organizados, ou não, em grupos que fazem os corsos, ainda não entenderam que não podem todos ir na frente na marcha ou colados as carro da música... Não compreendem que cabe a alguém (sob indicação das direcções) a organização da marcha, com todas as dores de cabeça que tem associado, mas, no entanto, assumido!...

As pessoas, teimam, principalmente as do Paço, que há horários de passagem, que não se pode estar parado uma hora no mesmo sítio... Não pode uma marcha organizada estar constantemente é ser vítima de saídas para beber um fino... muitos finos... Não podem ir os carros alegóricos por uma rua e a maioria dos marchantes sair em debandada por outra... Mas, enfim, os populares é que mandam, é isso o Carnaval de Canas...

Uma tradição, com inúmeros momentos, dezenas de rituais... Quando se pede algo mais ao Carnaval, ele em si, não se permite elevar... O Carnaval de Canas é o que é... Não está muito virado para pessoas de fato e gravata... São, direi até, dispensáveis!...

De mim, têm um muito obrigado e o respeito por todas as suas decisões tomadas de boa fé... Às vezes não há tempo, nem pachorra, para mais... Obrigados a “eles”!...

1 comentário:

ibotter disse...

1.Obrigado a todos os que tornam possível esta incrível "Festa do Povo"!
2.O fogo de artifício seria um fantástico final!
3.Convém lembrar pela enésima vez que o dinheiro que a cmasn tem a obrigação de gerir é do ESTADO PORTUGUÊS fruto dos impostos de muitos (não de todos). Estado esse que o distribui pelas autarquias para ser colocado ao serviço das populações. A cmasn não é dona de dinheiro nenhum!!(não nasce dinheiro na antiga cavalariça!) A cmasn tem obrigação ( enquanto o estado português não nos conceder a autonomia que desejamos, para gerirmos o que nos é devido) de não se apoderar do que é nosso!e muito menos dar o que é nosso a outros!
O que fez em 2006 ao distribuir o dinheiro do "ESTADO" para as festas de carnaval _ 10 mil euros para os bairros de asnelas e 5 mil para os índios foi muito mais que má distribuição de dinheiros públicos foi algo que me abstenho de qualificar!