28/11/2006
27/11/2006
Grandeza moral
A pretensão de Rio Tinto a concelho contém alguns argumentos comuns a Canas, como sejam a considerável contribuição para as receitas municipais a troco de um fraco investimento, a falta de infra-estruturas e a constatação de que, seja qual for a cor política que preside ao município, nada se altera. Após aprovação, pela maioria concertada de socialistas e independentes, de uma moção conjunta visando tornar as freguesias de Rio Tinto e Baguim do Monte num só concelho, estão agora reunidas as condições para retomar a matéria e pressionar os partidos nesse sentido, afirmaram os seus responsáveis.Perante o actual cenário político nem outra coisa seria de esperar. Este ensejo já era partilhado por muitos riotintenses, tanto que uma lista de cidadãos independentes, RTC (Rio Tinto a Concelho), obteve uma expressa margem de votos nas eleições autárquicas de 2005, tendo conseguido eleger três representantes na Assembleia de Freguesia, com 3140 votos (14 %), tornando-se a terceira força política da freguesia. O que me causa estranheza é a arrogância do porta-voz do MRTC (Movimento de Rio Tinto a Concelho) que, em declarações ao Primeiro de Janeiro, considera “uma brincadeira as candidaturas a concelho das vilas de Canas de Senhorim e Fátima”, comparadas com a de Rio Tinto. Pois é, Zulmiro Barbosa, contrapõe, como projecto sério, a elevação de Rio Tinto a concelho, por oposição à “brincadeira” de projectos, como o de Canas de Senhorim ou Fátima. E sustenta tal alusão com o número de habitantes das freguesias a anexar, que ronda os 85 mil, insinuando subtilmente a nossa pequenez.Desdenha este senhor da nossa suposta pequenez, ignorando que a formalização da luta de Canas ocorreu em 1975 através da criação do MRCCS (Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim), altura em que esta vila era um dos principais pólos industriais do País, a vila do distrito com maior rendimento per capita e a terceira estação ferroviária, a nível nacional, em cargas e descargas.Ao senhor Zulmiro Barbosa, e a outros que pensam como ele, sempre lhes digo que a seriedade que assiste à causa de Canas de Senhorim nada deve à de Rio Tinto e muito menos é mensurável em função do número de habitantes. A luta de Canas constitui caso único na Europa, emana da história, enraíza no povo e consolida-se na vontade. Mesmo vítima de adversidades várias, como a interioridade, o isolamento, a hostilização, o desinvestimento e a prepotência autárquica, Canas faz da sua pequenez grandeza moral, resistindo estoicamente ao abandono a que foi sujeita pelos sucessivos ventos políticos, inclusive os da democracia, e teima heroicamente em não se deixar vencer pelo abandono a que foi votada. Foi aqui que nascemos e é aqui que desejamos viver com a dignidade que nos é devida, ainda que tenhamos que suportar considerações megalómanas de quem vive ou parasita à sombra das grandes cidades, privilégio que Zulmiro Barbosa deliberadamente omitiu, mas que, por certo, lhe instigou a insolência.Ainda na sequência das declarações do porta-voz do MRTC, a afirmação de que “tais projectos não passaram na Administração Central” é destituída de qualquer relevância. A criação das condições para que o nosso projecto se realizasse foi aprovada com os votos favoráveis de todos os partidos representados na Assembleia, à excepção do PS, e só em sede de ratificação foi vetada pelo presidente, facto que consubstancia um acto político, não um acto administrativo. E aqui sim, pode chamar-lhe uma brincadeira, uma brincadeira de mau gosto perpetrada pelo ziguezaguear do presidente Sampaio, que deu o dito por não dito, traindo os canenses e merecendo destes o justo epíteto de “aldra”, circunstância que, salvaguardadas as distâncias e as razões, Santana Lopes veio agora confirmar no seu livro “Percepções e Realidade”, quando refere que o presidente Sampaio num dia lhe assegurou confiança política e no dia seguinte fez cair o governo de que era Primeiro Ministro.Mas não fica por aqui a “brincadeira”. Será que Zulmiro Barbosa desconhece os elevados custos humanos e ambientais que Canas sofreu e sofre com a exploração caótica de urânio, sem daí tirar qualquer contrapartida?; Serão uma brincadeira as mortes e as doenças, devidamente atestadas como consequência da exposição aos elementos radioactivos que se perpetuaram a céu aberto e em más condições de armazenamento e exploração por incúria dos vários responsáveis políticos?; Serão o tratamento e manutenção desses resíduos tóxicos provenientes dessa actividade também objecto de brincadeira?; E a percepção de que, ano após ano, o dinheiro que deveria ser investido na terra daqueles que, com o seu esforço, muito contribuíram para a riqueza nacional, seja aplicado precisamente na sede de um município que insiste em ignorar a natureza desse direito. Também é uma brincadeira? E a verba orçamentada para 2006, que se cifrou em um décimo da "retida" na sede do município? Uma brincadeira, não é verdade?Ainda acha, senhor Zulmiro Barbosa, que as circunstâncias de Canas são uma “brincadeira” e que as recentes aspirações de Rio Tinto a concelho são as únicas dignas de seriedade? Achará porventura que os canenses andam há 150 anos a “brincar aos municípios”?A pretensão de Rio Tinto é tão digna de respeito como a de Canas ou Fátima, por isso, não faça do entusiasmo arrogância, pois, como nós canenses bem sabemos, os ventos políticos podem ser muito traiçoeiros.
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21/11/2006
Trabalho Liberdade Justiça
5.°) - O Povo da freguesia fixa um prazo de 90 (noventa) dias, contados a partir da entrega, durante o qual este Caderno pode ser aceite ou discutido, mas, neste caso, só nos termos seguintes:
a) - Por representantes do Povo livremente eleitos, por Delegados do M. F. A. ou do Governo.
b) - Em assembleias populares a realizar na sede de freguesia.
c) - Impossível participação nas negociações, pelas razões enumeradas nos considerandos, de quaisquer autoridades concelhias.
d) - Não vinculação a quaisquer informações, pareceres, deliberações das mesmas autoridades e não cumprimento das suas ordens sem prévia discussão e aprovação da assembleia do Povo.
6º) - Realização, durante o prazo fixado, de sucessivas assembleias com a finalidade de criação de outras estruturas revolucionárias e funcionalização das já existentes.
7º)- Esgotado o prazo sem que esta pretensão tenha sido aceite ou discutida a assembleia popular pronunciar-se-á e aprovará medidas concretas sobre:
a)- Cobrança e pagamento dos impostos pela e na Junta de Freguesia ou estruturas revolucionárias competentes;
b) - Aplicação do montante dos impostos locais à satisfação das necessidades prioritárias das povoações já previamente escalonadas;
c) - Urbanização, projectos, licenças, fiscalização, saúde pública, retribuições e toda a administração local;
d) - Obrigação imediata de a Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos e outras entregaram todos os seus impostos nos cofres locais e consequente transferência das sedes para Canas, local onde se produzem as mais valias resultantes da fabricação; (Nelas e Lisboa não podem continuar a colonizar Canas)
e) -Não ingerência da Câmara Municipal de Nelas, ou outra, em qualquer aspecto da administração local, que competirá única e exclusivamente, às estruturas revolucionárias locais criadas ou a criar;
f) - Todos os aspectos, de interesse, desenvolvimento e dignificação da nossa comunidade.
TRABALHO - LIBERDADE - JUSTIÇA, é o nosso grito de Ordem.
N. B. Este caderno foi apresentado pelas Comissões de Moradores e aprovado par unanimidade em Assembleia Popular do dia 15 de Junho de 1975 par cerca de 5.000 pessoas.
Na sua apresentação oficial seguem-se 3.020 assinaturas de naturais ou residentes em Canas de Senhorim.
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20/11/2006
O que Queremos [III]
César Lopes,Edgar Figueiredo, Fernando Pinto,António Pêga, Antº João Miranda, João Leandro,
9.°) - O povo da freguesia toma consciência de que não pode haver democracia enquanto estiver oprimido e inicia a sua luta em busca da Liberdade e Direitos de que foi espoliado e que não pode abandonar a sua «Revolução» até que lhe seja reconhecido o direito de ser livre e restituída a dignidade.Em 25 de Maio realiza a sua primeira Assembleia popular com a presença de cerca de três mil habitantes e aprova uma proposta a que, de imediato, dá cumprimento. Em 15 de Junho em novo plenário do Povo, discute e aprova, entre os vários pontos apresentados, os que integram este Caderno e, por isso,
VEM EXIGIR DO GOVERNO DA NAÇÃO E DO M. F. A.:
1º) - Autonomia administrativa e financeira para a freguesia de Canas de Senhorim, conforme sua vontade livremente expressa, e imediata desvinculação e desintegração do concelho de Nelas, por entender na Revolução em marcha para a sua comunidade socialista o seguinte:
in Canas de Senhorim
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18/11/2006
O Que Queremos [II]
As promessas de «sábios ditadores e seus lacaios» não saíram disso: a necessidade da criação da comarca para inutilizar a distância de 45 quilómetros entre a de Mangualde e a de Santa Comba Dão e a consequente elevação a concelho da nossa freguesia eram das tais promessas que os «Caciques e compadres políticos» abafaram no jogo das suas influências.
E é sob a capa do proteccionismo desse contexto político que na sede de concelho se gasta o que é de todos em realizações sumptuárias e supérfluas (teatro, estátuas, modernização da câmara, etc. - a fachada do regime) em detrimento das necessidades mais elementares dos nossos munícipes (águas, saneamento, etc.);
8 °) – O glorioso movimento de 25 de Abril abriu nova luz e trouxe certa esperança, mas não chegou até nós.
A revolução democrática em marcha para o socialismo, acreditávamos, teria a possibilidade de modificar a mentalidade dessas gentes e seus chefes e que, como consequência imediata, um sistema de prioridades, em igualdade entre todas as povoações, viria a efectivar-se.
Afinal a gravidade dos acontecimentos de 15 de Maio, demonstrou que tudo continua como era. A violência dos desmandos, na fúria de nos dominar, confirmou a impossibilidade de qualquer entendimento com a sede do concelho.
in Canas de Senhorim - O que somos _ o que QUEREMOS
Julho 1975
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16/11/2006
Leonor Keil do Amaral
Nascida em Lisboa em 1973, vive em Canas de Senhorim, neta do Arquitecto Francisco Keil do Amaral. Inicia a sua formação na Escola de Dança do Maputo em Moçambique que completa no Conservatório Nacional em Lisboa. Bailarina premiada no Festival Internacional de Bagnolet (96) e galardoada com o prémio Ribeiro da Fonte (98), do Ministério da Cultura. Leonor Keil sempre se destaca, onde quer que se apresente, devido ao seu inconfundível estilo e qualidade de movimento, é, actualmente, uma das mais interessantes bailarinas no panorama da dança portuguesa. Leonor Keil é, desde 1995, intérprete regular da Companhia Paulo Ribeiro, e desde 2003, a responsável da companhia pelo desenvolvimento dos projectos pedagógicos e espectáculos destinados ao público escolar.
in revista da dança
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15/11/2006
O Que Queremos ... [I]
1º) - A freguesia de Canas de Senhorim é uma das mais populosas e a mais progressiva do distrito de Viseu;
2º) - Perdera, nas incertezas do Reformismo liberal, o seu Concelho e Comarca que justamente pudera conservar durante mais de seis séculos;
4º) - A sua indústria transformadora e extractiva fez dela o maior centro fabril do distrito, com um contributo, no último ano, de largas centenas de milhar de contos para a economia nacional (Comércio interno e externo). Os postos de trabalho que oferece são ocupados por boa parte da população activa de toda a região.
É também centro turístico de primeiro plano procurado por nacionais e estrangeiros. É ainda centro comercial e agrícola de certo relevo;
5º) - Apesar da sua ampla participação na economia e erário nacionais foi, desde sempre, vítima da mais dura opressão e exploração, propositadamente tendentes a minimizar-lhe qualquer possibilidade de maior progresso e de merecido bem-estar.
A orientação dos camarários moveu-se sempre por quadros orientados no sentido de lhe subtrair infra-estruturas necessárias e criadoras de maior desenvolvimento. Só o espírito interessado e dinâmico de sucessivas Juntas de Freguesia pôde obstar à maior miséria. A essa luta permanente com os concelhios se ficou devendo o calcetamento de ruas, os edifícios do Correio, Mercado, Matadouro, etc. Outros benefícios que vieram a ser concedidos pelo Governo, só o silêncio conseguiu impedir que os «administradores concelhios» não boicotassem a sua criação e instalação. E apesar de não acarretarem encargos para o Município, o conhecimento efectivo dessas realizações desencadeou, contra nós, autênticas guerras orientadas pelos «Chefes políticos»
locais e suas populações ávidas de domínio e de determinação (caso Escola Técnica que, por exigências municipais teve de chamar-se do Dão).
6.°) - Com relativa frequência surgiram levantamentos e movimentos dos nossos povos contra injustiças e perseguições e que o «Compadrio político», a nível nacional, sufocara com denúncias, através do então consagrado princípio da «Agitação social»... E do «São Comunistas»...
A luta encetada, agora, por mais de cinco mil pessoas na defesa dos seus direitos após os graves acontecimentos ocorridos na sede do concelho em 15 de Maio último, veio a ser denominada em comunicado emanado por «Outros novos administradores camarários» de «luta de reaccionários que manobram as populações». A população da nossa freguesia já conhece também «esse processo» que pretende obter os mesmos efeitos do dos velhos tempos do fascismo e, por isso, devolve-lhe com prazer «o sábio» elogio.
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14/11/2006
Francisco Keil do Amaral - Fotógrafo
Linhares da Beira, c. 1956/58Prova gelatina e prata 50 x 40 cm
Porto, c. 1956/58Prova gelatina e prata 50 x 40 cm
fotos de Keil do Amaral in
http://fundacao-plmj.com/index.php
Arquitectura Portuguesa
Arq. Francisco Keil do Amaral
Como é que num país marcado por um regime castrador e limitador de acção, onde uma ideia de casa portuguesa tenta ser o suporte arquitectónico de um regime ditatorial, aparecem personagens que são como que um grito de revolta e de chamada de atenção para questões tão actuais como a liberdade, o bem-estar, o funcionalismo humano dos espaços? Este será a ideia chave de um percurso na arquitectura de Keil do Amaral, mas não só, de alguém que tinha uma visão diferente das coisas, e que manteve-se no seu rumo, fez o seu percurso de uma forma sólida, interessante e acima de tudo coerente. Além de ser uma lição de arquitectura, quer no aspecto teórico e prático, é antes de mais uma lição de vida, uma lição de humanismo e da arte de se preocupar com o bem estar e felicidade da população do Portugal amordaçado em particular, mas também da condição de humanos e de um espírito de humanidade em geral...
Textos de : Arq. Pedro Gomes e Arq. Pedro da Silveira
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Correios de Canas de Senhorim
por Amef
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13/11/2006
Obras do Arquitecto Keil do Amaral
A Igreja de S. Salvador de Canas de Senhorim, imóvel de interesse público, é um dos mais notáveis monumentos religiosos da Diocese de Viseu. Situada no amplo largo da Igreja a deslado das nobres casa da família Abreu Madeira, a sua fundação remontará ao séc. XII. Do primitivo edifício nada hoje resta, sendo o actual, inteiramente, obra do séc. XVIII dos reinados de D. João V e de D. José. Velha abadia do padroado do Cabido da Sé de Viseu, rendia em 1321, no tempo de EI -Rei D.Diniz 80 libras (...).
No interior do templo, surpreende a amplidão e luminosidade do corpo da nave, recoberto pela grande abóbada de madeira de castanho, formada por 112 caixotões (7x16), com florões dourados na intercessão dos frisos. Projectada pelo Arquitecto Francisco Keil do Amaral, autor do risco de outras obras na Igreja(…).
Aos lados do arco cruzeiro, os dois retábulos de talha dourada de Nossa Senhora de Fátima e de S. Salvador (outrora da Senhora do Rosário e de S. Pedro) obedecem ao mesmo risco (...)".
Por Alexandre Alves
Notas e Docs para uma monografia da Vila de Canas de Senhorim e seu termo
Revista Beira Alta Vol. LIV, 3 e 4
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11/11/2006
Obras do Arq. Keil do Amaral[II]
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11 de Novembro
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10/11/2006
09/11/2006
Eco
Com a actual conjuntura política, Nacional e Municipal, manifestamente desfavorável à restauração do Concelho de Canas de Senhorim, recaiu sobre nós uma certa descrença quanto à concretização desse objectivo. Associada à descrença acresce, inevitavelmente, a perda do entusiasmo reivindicativo e a frustrante sensação de estarmos num beco sem saída, politicamente amarrados e, até me arrisco a dizer, estruturalmente desmoralizados.Curiosamente, contrariando o espectro de uma comunidade em declínio que, lá no íntimo, alguns já vaticinavam, as forças vivas que constituem o pulsar da sociedade canense, resistem e afirmam-se na realização dos mais variados eventos, demonstrando inequivocamente uma vitalidade que, não só reforça o desígnio político, como, retempera e alenta a alma deste povo.Em tempos, à "conversa" com um conhecido bloguista da nossa praça, admitia ele, dadas as circunstâncias, uma certa resignação quanto à sua participação na luta pela restauração do Município de Canas. Conhecendo-o como um activista voluntarioso e participativo de tudo quanto é evento ou acontecimento cultural cá da terra, alertei-o para o facto de que lutar pelo Concelho não se esgota no combate político ou na insurreição popular. À sua maneira e independentemente de interpretações ou sensibilidades políticas, muitos são aqueles que integram estruturas sociais e culturais e nelas desenvolvem o trabalho de “sapa” que atesta a legitimidade das nossas reivindicações. Quem é que mantém e congrega o Canas em Movimento, o Grupo de Teatro, o Jornal, a Feira Medieval, o Grupo Coral, o Grupo Filatélico, o Carnaval, as Escolas, as Associações, o Grupo Desportivo, o Canas Jovem, as estruturas sociais, etc. etc. etc.? Somos nós, dentro das nossas aptidões, com o dinamismo que nos caracteriza, com as dificuldades conhecidas, mas convictos de estarmos a trabalhar a projecção necessária e o suporte moral para que as nossas reivindicações tenham o eco desejado.Canas tem uma cultura, uma História e uma alma que nos torna especiais e essa identidade há-de acabar por conquistar o merecido reconhecimento político.
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CASA DO VISCONDE DE PEDRALVA
Ao longo do piso térreo surgem pequenas aberturas de contornos decorativos curvos, por onde entram intensos raios de luz do cair da tarde. Apesar das suas linhas singelas, ela é um dos modelos mais característicos de residência senhorial desta Vila.
Nesta magnífica residência viveu o ilustre Francisco Coelho do Amaral, visconde de Pedralva, que era natural de Santar. "Foi deputado em várias legislaturas, no tempo da monarquia e na vigência da República, além de Governador Civil de Viana do Castelo e Viseu, bem como Governador Geral de Angola e Ministro da Agricultura, tendo falecido em Coimbra, em 5 de Abril de J 938 e sido sepultado em Canas de Senhorim" (Loureiro. 1940. 324-325).
Casas Solarengas de Canas de Senhorim
Contributos para a sua análise e valorização
Por Evaristo João de Jesus Pinto
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08/11/2006
Obras do Arquitecto Keil do Amaral
Fachada da Antiga Farmácia Reis Pinto
Largo do Pelourinho _ Canas de Senhorim
" Risco " Modernista do Arquitecto Francisco Keil do Amaral
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06/11/2006
Arq. Francisco Keil de Amaral [III]
(Local não identificado), c.1956/58Prova gelatina e prata 50 x 40 cm
Porto, c. 1956/58Prova gelatina e prata 50 x 40 cm
Sabugal, c.1956/58Prova gelatina e prata 50 x 40 cm
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05/11/2006
Maria Keil
(..) Maria Keil acompanhou o arquitecto Keil do Amaral toda a vida, desde que casaram muito novos e viajaram juntos, começando por uma permanência em Paris quando Chico Keil ganhou o Concurso para o Pavilhão de Portugal da Exposição Universal de Paris, de 1937O casal Keil e o filho Pitum (Francisco Keil do Amaral, mais tarde arquitecto como o pai) criavam um ambiente descontraído mas motivador, sempre com um grande sentido de humor (óptimo antídoto ao ambiente salazarento da época...) e constantes «trouvailles» que revelavam um espírito crítico mas tolerante, mesmo para quem não compartilhava as mesmas ideias.
A casa de Chico e Maria Keil, que era também o local de trabalho de ambos, conseguia simultaneamente conservar a intimidade de um lugar doméstico e abrir-se aos visitantes. A harmonia do casal, apoiada num contraste de feitios e talentos, criava uma atmosfera de sociabilidade civilizada e de boa disposição que distinguia, e ainda hoje distingue, a família Keil.
De acordo com os ritmos de então, as férias grandes eram a altura propícia para prolongar o convívio com os amigos, havendo tempo e disponibilidade para promover as mais diversas iniciativas.
Nesse período, gente normalmente «séria e respeitável» encontrava tempo e vontade para se divertir, dando livre curso à imaginação. Para além dos anfitriões contavam-se entre os amigos, alguns deles residentes em Canas de Senhorim, o poeta José Gomes Ferreira, o músico Fernandes Lopes Graça e o matemático Bento de Jesus Caraça, cada um deles rivalizando em ideias e iniciativas divertidas. Mas ninguém conseguia ultrapassar as de Chico e Maria Keil, que desafiavam toda a gente, umas vezes para serões de gala com recurso às velhas vestimentas dos baús, outras para excursões às termas para tomar banho de «bolhinhas», ou passar um dia à pesca no Mondego, inventando novas receitas culinárias, etc, etc.
Não será possível esquecer o afecto e a atenção, não isenta de pedagogia, que Maria Keil dedicava ao filho, Pitum, desafiando-o para novas brincadeiras de que eu também beneficiava como seu companheiro.
Na Páscoa, por exemplo, organizavam-se passeios ao campo à procura dos «tradicionais» ovos que, surpreendentemente, eram encontrados debaixo das moitas, decorados com várias cores, que o casal Keil tinha encontrado tempo para pintar e esconder, para alegria dos miúdos.(...)
Raúl Hestnes Ferreira
_in Biblioteca Nacional_ Mª Keil "A Ilustradora"
http://purl.pt/708/1/index.html
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03/11/2006
Arq. Francisco Keil do Amaral [II]
Implantada numa quinta, numa zona marcadamente rural, no interior de Portugal, perto da sua casa de família, a casa de Canas de Senhorim assume-se como um volume compacto amando da terra, onde a rudeza do granito tem particular destaque. Desenhada bem dentro do conceito da arquitectura do "português suave", esta habitação unifamiliar datada de 1944, desenhada ainda nos primeiros anos da sua vida profissional, deixa antever desde já algumas das preocupações que Keil do Amaral explora e desenvolve no desenrolar da sua obra e vida. Se por um lado a ligação ao lugar, a sua implantação e relação com a envolvente se destacam como uma preocupação intrínseca desta obra, essa ligação é enfatizada tornando-se tanto mais forte e notada devido à utilização do granito - pedra da região - sem qualquer tipo de revestimento, o que ajuda a conferir-lhe essa ideia de massa compacta. A preocupação com o detalhe, o desenho minucioso e o cuidado em que todas as partes constituintes da obra - desde o telhado até ao desenho do terreno que a envolve - se transformem num todo coerente e uno, revelam essa atitude de pensar a obra arquitectónica como um todo, onde todas as partes têm o seu espaço e a sua influência, sem nunca penetrarem a esfera reservada a outra parte sob pena de deitar a baixo toda esta atitude projectual. Desenvolvendo-se sobre um rectângulo, esta casa de 2 pisos, das quais se destaca um alpendre que alberga a entrada e funciona como espaço de transição entre o interior e o exterior bem ao jeito wrightiano, mas também numa clara alusão às influências exercidas pela arquitectura popular portuguesa da região que Keil do Amaral conhece e da qual é um admirador crítico. Neste âmbito podemos encontrar nesta obra todos os aspectos defendidos por Raul Lino no que diz respeito à ideia de uma arquitectura nacionalista e que revela uma adaptação dos ideais da arquitectura denominada de "português suave" como sendo o beirado, a janela bem definida, a portada de madeira com corações recortados, o trabalho e motivos do ferro forjado que protege as varandas, o uso de material construtivo autóctone, etc., patentes num contexto de uma atitude crítica em relação à arquitectura popular, e aos seus elementos. Mas a ligação à ideia de nação e de unidade nacional que também revela essa mesquinhez que foi definidora do conceito de "português suave" também está presente na colocação de diversas esferas armilares que conferem à habitação a ideia de estar inserida na ideia de pátria defendida pelo Estado Novo. Talvez o único elemento exterior que sobressai desta aparente calma com que Keil do Amaral parece aceitar o espírito do "português suave" na arquitectura tenha a ver com um conjunto de janelas verticais, colocadas timidamente nas traseiras da casa, que rasgam o alçado numa clara alusão à ideia de janela de Corbusier (livre e rasgando o alçado) e que no seu conjunto quase parecem formar um brise-soleil tão usado pelos modernistas internacionais. Ao nível interior salienta-se que a organização da casa é efectuada através de um espaço distributivo (vulgo hall) que assume um pé direito duplo, de ligação entre os dois pisos da habitação. No térreo estão localizadas as actividades relacionadas com as funções sociais e de serviços e no superior a zona íntima da casa. No entanto, se a sala se abre para a paisagem e para a envolvente através de uma série de portas que ligam a referida zona social com o exterior funcionando o alpendre como espaço de transição, já os quartos e as zonas de serviço têm uma relação com o exterior muito mais controlada e recatada ajudando ao claro assumir desta separação entre estes dois pólos de vivência de uma habitação. O cuidado desenho do telhado e a chaminé de forte presença (mais uma influência de Frank Lloyd Wright) ajudam a dar à casa a tal ideia de uma coisa compacta e una que se nota nesta construção. De realçar também uma construção anexa, que seria a casa dos caseiros que tomariam conta da propriedade, que está suficientemente longe da casa mãe para não a influenciar, mas ao mesmo tempo, suficientemente perto para ser influenciada pelo traço adoptado na habitação principal, estando presente, à sua escala a tal ideia de janelas verticais que se assemelha a um brise-soleil corbusiana, o telhado bem lançado, o granito como material constituinte, etc., em suma o mesmo espírito num mesmo programa mas numa escala muito mais reduzida. Estas duas construções fazem lembrar, e relacionam-se claramente com o espírito "português suave" na medida em que nos transportam para o universo das bem desenhadas e conhecidas escolas primárias, casas do guarda, etc., obras que marcaram e se identificaram com o Estado Novo e a ideia de regime que assolava o país de então.
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Arq. Francisco Keil de Amaral [I]
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01/11/2006
1º Novembro
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