Canas OnLine

20/02/2006

Carta Aberta do Povo de Canas de Senhorim ao E.xº Sr. Pres. da República

Será que, a propósito ainda da sua visita a Ne­las, e nesse enorme e divergente contexto de notícias, comentários e blogues subsequentes - na imprensa, na televisão, do chefe da Casa Civil da PR, do Prof. Marcelo, até ao director de Informação, Luís Marinho -, ainda valerá a pena dizer essa coisa que é a verdade?
Será que, nesta efabulação toda, nesta ceno­grafia imensa de coisas aparatosas, próprias de um Estado policial desde o absoluto secre­tismo a propósito de uma visita a um pacato concelho do país, até à patética fuga da sua comitiva presidencial por caminhos fazendei­ros, passando pela montagem de um autêntico cenário de guerra na região, cercando-a de ar­mas, polícias, cães e canhões de água -, ainda será justo, será útil, será oportuno, adiantar essas coisas circunstanciais e menores, que são os factos? Julgamos que sim.

Daí, esta carta aberta do povo de Canas de Senhorim e a V. Exa. endereçada.
E que verdade? E que factos? Vamos, primeiro, aos factos.

1- No dia da deslocação de V. Exa. a Nelas, na quinta-feira, dia 9 de Fevereiro de 2006, a população de Canas de Senhorim, em lugar de dar demasiado realce a mais uma visita sem qualquer utilidade social, económica e política, antes preferiu fazer o que sempre fez, trabalhar;
2 - Para lá disso, ficou apenas o registo de um minuto de silêncio e o exercício do direito à crítica levado a efeito pelos Canenses, junto da comunicação social;
3 -E, no entanto, V. Exa., aqui e ali, continua a associar às peripécias que rodearam essa sua visita à iminência de manifestações violentas, verbais e mesmo físicas, por parte do povo de Canas de Senhorim.

Na verdade, esta manipulação dos factos define bem os poderes do Presidente da Re­pública na sua dimensão mais autêntica.
Porquanto, de facto o PR possui o poder de vitimar-se, nem que, para isso, se sonhem ma­nifestações violentas das Canenses, quando estes, pelo menos desde há 810 anos, sempre se caracterizaram como um povo digno, tra­balhador e pacifico.
De facto, o PR possui o poder de visitar os concelhos deste país no modo que entender, seja de forma solene ou no desprezo dos mu­nícipes, seja com protocolo de Estado ou em passeio geográfico.
De facto, o PR possui o poder de comprometer-se, primeiro, com a criação do Concelho de Canas de Senhorim e dar, depois, o dito por não dito aos seus habitantes.
De facto, o PR possui o poder, até, de promul­gar ou vetar os concelhos, entretanto aprova­dos pela Assembleia da República, consoante critérios, ainda hoje, incompreensíveis.
Acontece é que, por muitos poderes que um Presidente da República tenha, não há poder que consiga sobrepor-se, ainda, ao poder da vontade de um povo. Ou seja, à nossa determi­nação em lutar pela restauração do Concelho de Canas de Senhorim.
LUÍS MANUEL ABRANTES PINHEIRO PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE CANAS DE SENHORIM E LÍDER DO MOVIMENTO DE RESTAURAÇÃO DO CONCELHO DE CANAS DE SENHORIM

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