Canas OnLine

06/03/2006

2º feira das velhas

Sem samba, mas Carnaval

Muito embora o Carnaval em Portugal seja cada vez mais associado aos corsos e desfiles onde pontificam as escolas de samba e as estrelas da televisão mais em voga, há quem insista em festejar mantendo o cariz popular e pagão da quadra. No distrito de Viseu, milhares de pessoas também se juntam nas ruas de sábado a quarta-feira, mas para participarem na «Dança dos Cus», verem passar os Caretos e lançarem bocas e provocações aos bairros vizinhos. Em Cabanas de Viriato, os foliões de todas as idades desfilam ao som da valsa batendo ancas e cus uns contra os outros, uma «dança» que, dizem os habitantes locais, tem raízes no século XIX. Em Lazarim são os Caretos e o desfile etnográfico com os tradicionais Zés Pereiras, e em Canas de Senhorim a «segunda-feira das velhas» faz saltar a imaginação com «ajustes de contas» verbais lançados ao desafio. Em ambas localidades, o carnaval anima ainda o estômago com a patuscada de porco, a cerveja, o caldo de farinha e a feijoada para todos os visitantes, em Lazarim, e a «batatada» (couves, bacalhau e batatas) em Canas de Senhorim. Mais a Norte, em Trás-os-Montes, a tradição com mais de 400 anos continua a fazer festa rija no Entrudo. Em Podence também há Caretos. Com máscaras de ferro, trajes berrantes e chocalhos à cintura, percorrem a vila em provocações saudáveis às mulheres da terra, especialmente as solteiras. Em localidades mais a Sul do distrito, a sátira social e política toma partido e, sem pudor, «arrasa» novos e velhos, num ritual de liberdade e expressão popular onde todos têm lugar, para brincar, criticar e serem criticados.
in http://www.avante.pt/

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