identidade (II)
[...]A Identidade colectiva inscreve-se também num longo trajecto de luta e de resistência, num percurso de sofrimento e de abandono, num quadro de injustiça (Gamson, 1992). Esta comunhão de sentimentos alimenta a luta e é o suporte dos argumentos de socialização dos mais novos para as razões que movem o Movimento e os seus simpatizantes. As identidades pessoais e o reconhecimento pessoal entrecruzam-se com essa identidade colectiva de luta, resistência e sofrimento. Cada pessoa situa-se, auto-avalia-se, avalia e é avaliada pelos outros na hierarquia de credibilidade e nas carreiras morais locais. Embora um factor marcante para a posição nessa hierarquia de credibilidade seja a naturalidade, alguns dos que se encontram próximos do Movimento não nasceram na localidade, tendo, contudo, ido residir para lá enquanto crianças. Dois componentes permitem legitimar e reforçar a sua posição moral na localidade: a) o estatuto e o comportamento da família de origem; b) a integridade e a coerência pessoais e familiares nas atitudes em favor do Movimento (tradição e biografia) e nas acções em prol da localidade. No primeiro, é factor de valorização o estatuto como trabalhador (contra, por exemplo, o que acontecera com os engenheiros e técnicos que vinham trabalhar para as empresas existentes na localidade) e a integração da família nas redes locais de sociabilidade. No segundo, avalia-se a capacidade dos indivíduos de aderirem e estarem próximos dos valores e dos ideais locais para a restauração do concelho.
José Manuel de Oliveira Mendes
Uma localidade da Beira em protesto: memória, populismo e democracia
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