Canas OnLine

15/11/2006

O Que Queremos ... [I]


SENHOR MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA
EXCELÊNCIA:
Considerando que:

1º) - A freguesia de Canas de Senhorim é uma das mais populosas e a mais progressiva do distrito de Viseu;
2º) - Perdera, nas incertezas do Reformismo liberal, o seu Concelho e Comarca que justamente pudera conservar durante mais de seis séculos;
3º) - Fora submetida a regime de desumana escravidão, mas, nem por isso, os Canenses esmoreceram na luta pelo engrandecimento da sua terra;
4º) - A sua indústria transformadora e extractiva fez dela o maior centro fabril do distrito, com um contributo, no último ano, de largas cen­tenas de milhar de contos para a economia nacional (Comércio interno e externo). Os postos de trabalho que oferece são ocupados por boa parte da população activa de toda a região.
É também centro turístico de primeiro plano procurado por nacionais e estrangeiros. É ainda centro comercial e agrícola de certo relevo;
5º) - Apesar da sua ampla participação na economia e erário nacio­nais foi, desde sempre, vítima da mais dura opressão e exploração, proposi­tadamente tendentes a minimizar-lhe qualquer possibilidade de maior pro­gresso e de merecido bem-estar.
A orientação dos camarários moveu-se sempre por quadros orientados no sentido de lhe subtrair infra-estruturas necessárias e criadoras de maior desenvolvimento. Só o espírito interessado e dinâmico de sucessivas Juntas de Freguesia pôde obstar à maior miséria. A essa luta permanente com os concelhios se ficou devendo o calcetamento de ruas, os edifícios do Correio, Mercado, Matadouro, etc. Outros benefícios que vieram a ser concedidos pelo Governo, só o silêncio conseguiu impedir que os «administradores concelhios» não boicotassem a sua criação e instalação. E apesar de não acarretarem encargos para o Município, o conhecimento efectivo dessas realizações desencadeou, contra nós, autênticas guerras orientadas pelos «Chefes políticos»
locais e suas populações ávidas de domínio e de determinação (caso Escola Técnica que, por exigências municipais teve de chamar-se do Dão).
6.°) - Com relativa frequência surgiram levantamentos e movimentos dos nossos povos contra injustiças e perseguições e que o «Compadrio po­lítico», a nível nacional, sufocara com denúncias, através do então consagrado princípio da «Agitação social»... E do «São Comunistas»...

A luta encetada, agora, por mais de cinco mil pessoas na defesa dos seus direitos após os graves acontecimentos ocorridos na sede do concelho em 15 de Maio último, veio a ser denominada em comunicado emanado por «Outros novos administradores camarários» de «luta de reaccionários que manobram as populações». A população da nossa freguesia já conhece tam­bém «esse processo» que pretende obter os mesmos efeitos do dos velhos tempos do fascismo e, por isso, devolve-lhe com prazer «o sábio» elogio.
in Canas de Senhorim - O que somos _ o que QUEREMOS
Julho 1975

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