Canas OnLine

03/03/2007

Arquitecto Gonçalo Byrne [2]



Entrevista ao Arquitecto Gonçalo Byrne

[…] Embora tenha feito o liceu na cidade, nasci num sítio lindíssimo na Beira Alta, chamado Urgeiriça. Conhece?
CM _Não, não conheço.

Tinha umas minas, já estão fechadas há anos. Mas de certe­za que conhece um sítio, onde fiz a escola primária, chama­do Canas de Senhorim. E Urgeiriça, a dois quilómetros, ti­nha umas minas de Urânio. Nós não sabemos, mas Portugal é dos países com maior riqueza de urânio da Europa ociden­tal. Tirando vento e a água, é o único combustível energéti­co que temos à fartazana. E que não podemos usar porque somos um país não nuclear! Mas compramos a electricida­de à França e Espanha, produzida em centrais nucleares.
Torre de Controlo Marítimo, Lisboa_Arq. G.Byrne_

CM_De que maneira o facto de ter crescido no meio da natureza in­fluenciou a sua arquitectura?

Ainda hoje tenho um fascínio pela natureza. A paisagem da Beira Alta é muito sólida, muito fascinante. O Outono na Beira Alta é espectacular. Por outro lado, este contacto com as minas, (o meu pai era engenheiro de minas, eu visitava minas com ele, especialmente na adolescência) sempre me fascinou porque as minas são uma espécie de arquitectura invertida. As minas são feitas à custa de escavações. E isto cria espaços. Nós, na arqui­tectura, estamos a pensar que os edifícios são feitos construin­do. Paredes, tectos. Mas também podem ser feitos espaços, escavando. Subtraindo. Uma coisa que digo aos meus alunos é que o grande perigo é pensar que só se deve juntar coisas. Se não houver a capacidade de perceber que não é só juntar, tam­bém é preciso subtrair coisas, criamos um monstro.

in Correio da Manhã 10/Fev/o7 Revista Domingo_ Entrevista de Cláudia Melo

A transformação de um logradouro num espaço mágico: Edifício de habitação na Marina de Lagos. Autoria do Arquitecto Gonçalo Byrne.

www.byrnearq.com/

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