Canas OnLine

04/05/2007

O estado da Luta

A propósito do Grito Calado de que nos fala o Portuga Suave, convém, friamente, fazer um balanço....de 150 anos de luta.

Quando a Janeirinha de má-memória nos tirou, de vez, o "grande" concelho de Canas de Senhorim (que abarcava o antigo concelho de Oliveira do Conde) os nossos Tetravós só poderiam ter tido uma reacção muito limitada. Os direitos civis e políticos eram coisa de gente muito graúda e os protestos tinham de ser "modestos". Mas, como não se podiam apagar 700 anos de autonomia do dia para a noite, recebemos dos nossos ascendentes este inconformismo "subversivo" que nos leva a tolerar mas nunca aceitar o "roubo político" que o governo de António José de Ávila nos infligiu.

Por força da riqueza do nosso sub-solo, e de uma localização geográfica impar, não ficámos "submersos" no "centralismo municipal" dos 130 anos seguintes. Ao contrário de centenas de outros antigos concelhos que definharam face às prioridades dos novos concelhos novecentistas, Canas de Senhorim desenvolveu-se e foi sempre uma referência na região pelas suas tradições e desenvolvimento industrial.

Com o 25 de Abril, e as liberdades democráticas instituídas nos anos subsequentes, a nossa voz autonomista voltou a ouvir-se.

Este percurso teve um clímax em 2003. Passados 130 anos, em 01/07/2003, a casa da democracia portuguesa elevou Canas de Senhorim a concelho. Este acto político não pode ser apagado nem re-escrito. É, em todo este longo percurso, uma bandeira que não nos podem tirar.

Concordando que a acção política tem de ser sempre adequada aos equilíbrios do momento, não podemos deixar de perceber que, mesmo na "maré baixa" as pequenas conquistas (inclusivé materiais) servem para manter o "folgo" autonomista. Posso respeitar um adversário político (adversários da autonomia canense) como um "casal" em processo de divórcio se deve respeitar.

O estado da causa é este. E deve dar-nos a todos a argúcia necessária para, com pequenas vitórias, ir dando chama à causa. As várias gerações que têm estado à frente da luta têm dado o seu melhor. Uns no movimento outros fora dele. Uns à direita outros à esquerda. Uns no "sistema" outros fora. As novas gerações têm de estar à altura desta rica herança.

4 comentários:

PortugaSuave disse...

É isso Manel. Canas precisa do envolvimento das novas gerações por forma a garantir o "folgo" que refere. Um apelo pertinente.
Cumprim.

ibotter disse...

..um "climax" e uma "rica herança" que valem + do que todos os 30 dinheiros do mundo.

Cingab disse...

@Ibotter,
Isse comentário é muito polémico!
lol

ibotter disse...

Não me parece!
O texto do Manuel Henriques é que é brilhante!
Nem todos os portugueses se podem orgulhar de ter uma "herança" como a nossa.
Saibamos nós ser dela merecedores.