Canas OnLine

23/07/2007

Sobre a "Alvorada!!!"

Comecei este texto como um “comentário” ao excelente editorial do Farpas “Alvorada!!!”. Depois, achei que o tema e as dúvidas suscitadas pelo autor mereciam alguma reflexão, um pouco para além do mero comentário.
Podemos fazer o diagnóstico de uma comunidade, de uma terra, avaliando a capacidade interventiva das suas Associações. Elas são o reflexo directo do “estado de saúde" da comunidade e delas se pode aferir a relação dos seus cidadãos com a terra. É preciso paixão, ter ideias e capacidade de organização... mas também é preciso que as pessoas adiram, participem nos eventos, acarinhem as iniciativas e até contribuam com algum dinheiro.
Eu creio que as Associações estão vivas, que existem pessoas com vontade e dinamismo para as promover, mesmo que por vezes o entusiasmo esmoreça... mas, essencialmente, é preciso uma adesão colectiva aos diversos projectos, é precisa que as pessoas apreciem e compareçam.
Ouço queixas generalizadas de algum distanciamento: O GDR diz que não tem ninguém nas bancadas, o Canto e Encanto tem mais espectadores fora da terra que cá dentro, o JCS está com problemas de colaboradores e muito boa gente nem sequer é assinante, o Rossio debate-se anualmente com um vazio nos cargos directivos... etc, etc.
Não é de agora a crise associativa, nem a velha e recorrente questão da falta de dinheiro explica tudo. Aliás, a questão dos apoios financeiros patrocinados pela Câmara dava pano para mangas. Uma associação, na sua génese, tem que ter fundos próprios, conseguidos pela quotização dos associados ou por receitas extraordinárias, nas quais se incluem a realização de eventos, doações ou outras iniciativas. Claro que a Câmara deve estar atenta às associações que se destacam pela sua actividade e contribuir para a sua sobrevivência, se estas forem de interesse público, mas não podem, as associações, partir desse princípio e viver nessa dependência, sob o risco de perderem a sua própria "liberdade", como, aliás, já por cá aconteceu, mesmo que pontualmente; ainda por cima quando nós próprios contestamos a "legitimidade autárquica" em que vivemos.
O que precisamos mesmo é sentir o associativismo como uma espécie de prelúdio Municipal... se é que me faço entender. O importante é contribuirmos e apoiarmos incondicionalmente estas forças vivas para que o diagnóstico sobre Canas seja positivo e o orgulho que daí possa resultar reforce a nossa ambição. A tal “Alvorada” de que o Farpas fala.

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