Canas OnLine

12/10/2008

A casa do Cabido

Armazém do Cabido, onde as pessoas iam entregar as rendas

A Vila de Canas de Senhorim foi desintegrada da Terra de Senhorim em 1186, por uma carta de couto em que D. Sancho I doou e coutou a Vila de Canas ao bispo de Viseu, D. João Pires.

Em 1196, o Cabido da Sé de Viseu deu foral aos povoadores do seu couto, o que faz supor que o mesmo Cabido (que é uma congregação dos cónegos de uma Sé) terá tomado posse daquelas terras.

Sabe-se que em 1399 os moradores de Canas estavam obrigados a pagar fogaça e eirádega.

Em 1514 Canas recebe o seu foral novo como de terra sujeita ao pagamento de certos direitos reais ao Cabido de Viseu, mas que declarou livre a propriedade dos habitantes. Tinham de pagar ao Cabido um oitavo do pão e do vinho e uma pequena porção de linho.Estava-se então no reinado de D. Manuel I. Será eventualmente desta data a construção do armazém do Cabido, onde as pessoas iam entregar as rendas.

Deste edifício, situado na Rua do Paço, ainda resta a fachada do antigo portão, encimada por um nicho de onde, durante muitos anos (séculos?), vigiou o S. Bartolomeu.

Todos os anos pelos santos populares se acendia uma fogueira no largo de S. Bartolomeu e era costume cantar e dançar para honra dos santos e folia do povo. Na década de setenta e numa dessas noites, o Santo terá decidido sair do nicho e ir, quem sabe, recolher-se em local mais aconchegado. Para isso utilizou uma escada de mão que, inadvertidamente, tinha ficado por ali depois dos preparos da festa. Nunca mais ninguém o viu.Está o povo convencido que não andará longe. Pois que o estimem como nós o estimámos e se puderem que lhe cantem e que lhe dancem.

O santo que se encontra hoje no mesmo local, foi ali colocado pela D. Joana Laurenzini Borges de Campos para que, tendo-se perdido o Santo por esse mundo, não se perdesse também a sua memória.

Maria José Santos e Ana Mouraz_Quem se lembra dos caminhos velhos, Jornal Canas de Senhorim_ed.Set2005

Fogaça: determinada quantia em «pão cozido debaixo da cinza quente»

Eirádega: determinada quantia «geralmente em cereais (eira), mas também em linho ou vinho»

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