Canas OnLine

13/02/2006

...andar à sorrelfa pelo País é um triste desfecho!



Um Presidente não apanha canas
Joana Amaral Dias
Psicóloga genecanhoto@hotmail.com

Podia o Presidente da República ter escolhido um epílogo mais atabalhoado para os seus mandatos? Não. Pior era difícil.A ideia de visitar todos os concelhos tinha um lado interessante alertar para a estrita necessidade do reordenamento do território. Mas Sampaio baralhou. Começou por garantir que não falaria sobre a regionalização e terminou a dizer que esta é o que os portugueses querem. No meio da manta de retalhos enriçada que é o País, o mote "308 concelhos" soou como um slogan de uma volta a Portugal em três mil dias. Há muito que o problema da elevação a concelho de Canas de Senhorim e do conflito com Nelas se arrasta. Com que objectivo Sampaio escolheu, para remate, a reactivação de uma polémica? Podia ser para terminar corajosamente os seus mandatos. Iria a Nelas, não obstante as manifestações, coerente com o seu veto ao concelho de Canas e mantendo que, na sua perspectiva, optou pelo melhor para o País.Mas não. Sampaio preferiu uma espécie de agenda secreta e passou por Nelas à tangente. Um Presidente nos finalmentes, a andar à sorrelfa pelo País, é um triste desfecho. Para quê, então, Nelas? Para poder dizer que "visitou todos os concelhos de Portugal", exibindo uma espécie de caderneta rústica?Uma jornalista da RTP recebeu ordens para não mostrar os protestos (consentâneas com o comentário de Sampaio, assegurando que nestes dez anos não recebeu um único insulto dos portugueses). Em resposta a um texto de Constança Cunha e Sá (o-espectro.blogspot.com), João Serra, chefe da Casa Civil da Presidência da República, enviou-lhe uma carta. Um comunicado presidencial para um blogue honra a blogosfera. Contudo, por mais considerada que seja CCS ou por mais que se admitam divergências nas linhas editoriais, para quê toda esta clandestinidade?Os primeiros cinco anos de Sampaio foram apáticos. E basta lembrar Guterres, para lembrar que havia muito que fazer. No segundo mandato a decisão de não dissolver logo o Parlamento, na sequência da debandada de Durão, acabou por ter consequências gravíssimas. A totalidade dos efeitos dos silêncios de Belém, sobre os mais variados assuntos, designadamente sobre a crise na justiça, ainda está por apurar. Contudo, a ponta do icebergue é grande. Mas enfim... Sampaio visitou todos os concelhos e não recebeu nenhum insulto. Pode ir descansado. Nós por cá ficaremos, sabendo que o futuro presidencial ainda é menos prometedor.
in DN 13 fev06

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