Canas OnLine

25/08/2008

2 de Agosto ( e novos motivos de luta)

(Publicado no Edição nº 117 do Jornal "Canas de Senhorim")


2 de Agosto ( e novos motivos de luta)

Comemorou-se há dias o 26º aniversário do 2 de Agosto. Como vem sendo hábito o MRCCS organizou o tradicional evento festivo, onde não faltaram os 3 condimentos essenciais da festa (discurso, música e sardinhas assadas).
São conhecidas as dificuldades presentes da luta que dá alma ao 2 de Agosto, todas elas externas ao Movimento e ao povo de Canas. De todo modo, o simples facto da festa se continuar a realizar é uma demonstração notável da dignidade do povo da nossa terra, que não esquece as suas ambições e história colectiva.
Sendo esta festa uma comemoração do dia em que um movimento popular espontâneo demonstrou a sua indignação contra a perda de valências do interesse da colectividade (o código postal próprio) e reivindicou direitos que lhe pareciam da mais elementar justiça (a paragem de comboios rápidos, a construção de um posto de saúde e a restauração do concelho), o significado da comemoração renova-se a cada ano, com as novas necessidades e aspirações, contribuindo para a construção da identidade colectiva.
Sabemos que algumas destas lutas foram perdidas, outras foram ganhas e outras permanecem num limbo ainda indefinido. A vida é assim mesmo. Certo é que 26 anos passados não faltam (novas) razões de mobilização cívica, ainda que por pretextos distintos e em moldes diferentes. Como foi lembrado no discurso deste ano pelo líder do MRCCS (Luís Pinheiro) está em curso uma luta, nos bastidores políticos, pela definição dos nós de acesso e locais de passagem das novas acessibilidades da região centro interior (IC 12 e IC 37). Sabemos que nesta luta de galos partimos em desvantagem pela nossa menoridade institucional (somos apenas freguesia) e por termos como adversários forças que pertencem à estrutura partidária que governa, actualmente, o nosso país, e cujas opções são opostas às nossas.
Contudo, isto não serve de desculpa para baixarmos os braços ao nosso “fado canense”. Todos os grandes projectos sempre motivaram lutas mais ou menos intensas. Relembre-se o caso da construção da Linha da Beira Alta (década de setenta, séc. XIX) cuja construção motivou disputas entre os municípios do distrito da Guarda e de Viseu contemplados (ou não) pela passagem da via-férrea.
Foi anunciado um abaixo-assinado promovido pelo MRCCS para contestar a intervenção de alguns políticos locais e distritais em demarches prejudiciais ao interesse de Canas de Senhorim, onde alegadamente se ignora a decisão tomada pela Câmara e Junta de Freguesia quanto ao nó do IC 12 e, como já abordado nesta coluna no mês passado, se contesta a inerranável votação dos Vereadores da Câmara de Nelas (Oposição e Situação) por uma solução no IC 37 que prejudica a maioria das freguesias do concelho.
Saibam por isso, os que têm responsabilidades politicas ou pretendem vir a ter, que o interesse da nossa terra é mais bem defendido se aderirmos todos a estas lutas deixando de lado questiúnculas do passado, olhando para estes temas de forma apartidária. Com isto ninguém põe em causa as suas diferenças com quem é poder. Em democracia estas diferenças existirão sempre e é salutar que assim seja. O que não é salutar é a ficarmos cegos pela lógica de actuação dos aparelhos partidários. Esta forma de actuação do partido-clube é pouco inteligente. Esta luta deve unir socialistas, sociais-democratas, movimentalistas, anti-movimentalistas e demais grupos organizados ou desorganizados que existam. Que cada grupo politico use a sua melhor influência, não em prol do seu partido, mas em prol da sua terra.


Manuel Alexandre Henriques
(mahenriques@sapo.pt)

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