Paço vs Rossio
Esta cisão, surge logo nos primeiros dias do mês de Janeiro, altura em que ambas as facções começam a trabalhar no arranjo dos carros alegóricos. É uma luta sem tréguas, que ocupa no ires e dias, sábados e domingos, cada um dos bairros tentando imaginar e conseguir o melhor para os dias da festa grande. Como nota curiosa, está o facto de muitas vezes uma moça porventura residente no Paço, casar com um rapaz do Rossio. Chegada a época carnavalesca, cada um vai para o seu lado, trabalhando em segredo noites a fio, sem confidências que o leito conjugal poderia proporcionar, e perfeitamente conscientes da rivalidade sâ que nestes dias Impera. Eis que finalmente chegam os dias em que cada um dos bairros vai por à prova o seu esforço, o seu saber, a sua criatividade. Logo que o calendário anuncia o domingo gordo e até terça-feira de entrudo, as duas marchas saem à rua incorporando centenas de foliões, desses milhares que anualmente visitam a vila, ávidos de participar em tão original folguedo.
Bairro do Rossio Carnaval de canas de Senhorim _1954
Nestes dias inesquecíveis, as marchas do Rossio e do Paço transformam as ruas, dando-lhes um colorido e alegria verdadeiramente singulares. Cada bairro tenta superiorizar-se ao seu rival, em imaginação, alegria, ineditismo, música. As piadas e os carros alegóricos são sempre ricos de originalidade, e após calcorrearem as principais ruas da vila exibindo o seu Carnaval as duas marchas rivais encontram-se frente a frente no Largo do Rossio. Este momento, que há muito é conhecido nas redondezas pelo "adeus" constitui o prato forte do Carnaval sendo indescritível o que se passa a seguir. Paço e Rossio desdobram-se em entusiasmo e vibração. Uma marcha tenta sobrepôr-se à outra. É o delírio... Velhos, rapazes, mulheres e raparigas jogam a sua última cartada. É uma alegria incontida e contangiante. Os forasteiros, mesmo que o não pretendessem sentem-se envolvidos na luta. E participam. E vivem. E chegam a tomar partido. No ar ecoam bombas, estalinhos, bichas de rabear, esvoaçam papelinhos, desfraldam-se bandeiras... É o Carnaval de Canas de Senhorim. É o espectáculo do Povo e para o povo.
Na quarta feira de cinzas, já no rescaldo da festa rija tem lugar a célebre batatada. Esta consiste na confecção de um valente cozido, que inclui sempre, quer haja ou não fartura, o "fiel amigo", bem regadinho de azeite novo que é jantar de gala para todos.
António João Pais Miranda
in Canas de Senhorim _História e Património
Paço vs Rossio _ Uma Luta Eterna
Não Há Outro Assim!
( mas anda por aí uma cópia)
2 comentários:
Ah a cópia que nada por ai não chega nem aos calcalhres deste Carnaval...
É uma cópia muito mal tirada :)
Caranaval como o de canas de Senhorim só mesmo em Canas de Senhorim
...fotos dum passado antigo...fotos de um passado recente...a mesma "luta", o mesmo encanto...
Uma Luta Eterna Não há Outro Assim!
[cópia?? cadê ela...se ainda fosse uma cópia!!..]
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