Canas OnLine

30/09/2007

VIAGEM MEDIEVAL 2007 III

Viagem Medieval 2007



Feira Medieval 2007









28/09/2007

Viagem Medieval



Já cheira...

26/09/2007

Viagem Medieval 2oo6






Homenagem PAIS MIRANDA


Um Mundo Terrível

Quando a falta de esperança toma conto dum gajo pouco há a fazer!... A não ser deixar andar e esperar que a própria corrente nos nos arrasta nos leve para a margem e possamos continuar o caminho...
Meditemos!...
Ainda a Avenida da Igreja!
Como sabem é onde temos instalado o Lar Pe. Domingos, para além de, pelo menos um, cidadão com mobilidade (muito) limitada... Custam-me principalmente este último caso, porque os amigos de infância dizem-nos sempre muito, mesmo que não os vejamos a séculos...
O problema da rua, para além dos passeios e da irregularidade dos paralelos, é ter de servir estes (este) cidadãos...
Segundo a Lei 123/97 os passeios devem ter 2,25m, podendo, depois de uma leitura mais apurada, ser reduzida para 1,20m... Isto para já não falar de outros requisitos... Ora, considerando que a largura máxima de cada sentido deve ser 3,00m, necessitamos de uma largura total de 8,40m... Mas, só temos 7,90m, máximo!... Onde podemos ganhar 0,50m? Não podendo mexer nos passeios sobram 3 opções:
Recuar os muros das casas e cumprir as medidas legais
Pôr cada sentido automóvel com 2,75m – sabendo que um pesado tem a largura de 2,55m sem os espelhos, o cruzamento de dois deste veículos não é possível sem um deles invadir o passeio!
Colocar um sentido de trânsito com 3,40 metros e passeios dos legais 2,25m!... Ou, ainda melhor, passeios ao nível da estrada com delimitadores em ferro
Em Canas (e não só) o desrespeito pelas mais elementares regras cívicas deixa qualquer um de cabelos em pé... Se até quem não tem mobilidade reduzida se queixa, que dizer de quem a tem!... E os carrinhos de bebés?
Porque se continuam a aprovar prédios novos sem que os passeios sejam legais?... A Urbanização do Rossio vai ficar com 2,25 metros de passeio?
O problema da Avenida da Igreja poderia ser facilmente resolvida caso a variante entre a Rotunda da Boiça e o Ponto Fresco não tivesse a sua execução tão difícil...

Mas, aquilo que mais me deixa estupefacto, é o facto de este problema ter vindo parar aos “trambolhões” ao colo da Junta de Freguesia, tendo a Câmara lavado as mãos! A Junta quer as obras concluídas. Esta é a sua única missão!...
Que me desculpem aqueles amigos que possam ficar ofendidos, mas gostava de ver um tribunal a prenunciar-se!... Mesmo sabendo que isso poderia significar um atraso perpétuo! Mas há coisas que vale sempre a pena lutar!...

24/09/2007

Noite de Teatro






22/09/2007

Programa para Sábado à Noite

(Carregar na imagem para ampliar)

D. Ilídio Leandro na Lapa do Lobo



21/09/2007

Dos Montes Hermínios a Canas de Senhorim"


Há coincidências felizes. Um casal amigo adquiriu recentemente um apartamento na Arroja, um bairro nos subúrbios de Lisboa. Levaram-me a jantar a um restaurante que confina com o bloco de apartamentos - O Mirante da Amália.
Conforme o nome indica, o local é desafogado, altaneiro e dele podemos estender o olhar sobre os bairros novos de Odivelas. Tem um enquadramento bonito, se atendermos à construção desenfreada que impera lá em baixo, isto porque se situa num complexo desportivo, composto por um campo polivalente, um court de ténis, um passeio pedestre envolvente e um relvado bem tratado. Lá longe, no horizonte, bem acima da cidade de Odivelas destaca-se a serra da Luz, do outro lado da serra adivinha-se Lisboa. O local é calmo e o restaurante aproveita toda esta amplitude através das grandes vidraças da sala. Cá fora, a esplanada é convidativa.
O Mirante da Amália é deliciosamente familiar: o pai, funcional, ao balcão, a mãe na cozinha, verdadeira diva gastronómica, e as duas filhas, simpáticas e solícitas, às mesas, conferem-lhe um ambiente acolhedor e um serviço irrepreensível. A decoração é sinónimo de bom gosto, mas o mais importante, a comida, essa é uma autêntica obra de arte. Os pratos são um convite à contemplação. Têm uma apresentação cuidada, artística, um aspecto suculento, de tal forma que dou comigo, enquanto aguardo a minha vez, indecorosamente a cobiçar as refeições vizinhas. Depois vem o sabor, delicioso a todos os níveis, desde as simples batatas ao elaborado esparregado, desde o cabrito assado ao arroz solto, um festim aos sentidos.


Nesta fase da leitura é natural que vocês se questionem: mas afinal o que é que isto tem a ver com Canas de Senhorim? Já vos explico: este restaurante passou a ser uma referência para mim, de tal forma que passei a frequentá-lo com alguma assiduidade. Depois de ter experimentado diversas iguarias comecei a identificar uma familiaridade suspeita nos sabores, um toque inegavelmente beirão nos cozinhados. Não resisti, perguntei a uma das filhas de onde eram os pais. De uma aldeiazinha perto de Seia, respondeu. Pronto, exclamei eu, está encontrada a razão da minha suspeita, é que eu sou de Canas de Senhorim, que é relativamente perto, e o sabor dos cozinhados da mãe fizeram-me desconfiar, conhece Canas de Senhorim? - não, quando vamos à terra ficamos sempre por lá, não saímos muito, mas o meu pai deve conhecer.
A conversa ficou por ali e eu, satisfeito com a minha perspicácia para os sabores, voltei a atenção para o Cozido à Portuguesa, agora comprovadamente beirão. Passados alguns minutos fui delicadamente interrompido pelo pai, o Sr. Victor, que me pergunta se efectivamente eu sou de Canas. Eu respondo que sim, que sou, e ele entusiasmado surpreende-me desta forma: eu já trabalhei em Canas, e eu precipitado, nos Fornos, na Urgeiriça, não, diz ele, no Café Rossio.
O resto da história é contada pela voz comovida do Sr. Victor Silva, que pela noite fora foi desfiando as suas memórias e me autorizou a publicar o seu relato.

******

Sou de Sameice, uma aldeia lá no meio da serra, perto de Seia. Éramos onze irmãos e as dificuldades próprias da altura cedo me obrigaram a ser homenzinho. Por temperamento ou carácter era uma criança responsável, tanto que era frequentemente requisitado lá na aldeia para fazer pequenos serviços, como por exemplo entregar os fatos do alfaiate aos fregueses, isto com oito, nove anos. Fosse outro e o fato chegaria em lindo estado ao destino (risos). Ainda me lembro dos medos que me assaltavam quando tinha que fazer os caminhos da serra, no escuro da noite. Com as gorjetas dos clientes do alfaiate comprava um maço de Kentuckys e fumava os cigarros todos de seguida, não porque gostasse de fumar mas porque tinha ouvido aos mais velhos que os lobos temiam o lume e como tal não atacavam (risos).
Como sabe, nessa altura, estamos a falar por volta de 1972, tudo se sabia, os “informadores” tratavam de manter a rede de informações bem actualizada, para o necessário e o desnecessário, para o bem e para o mal, de maneira que quando o Sr. António João precisou de um rapaz para o café o meu nome foi-lhe recomendado. Nessa altura já trabalhava, comecei aos dez anos, no restaurante Mira Neve em Pinhanços. Como era certinho fui contactado pelo Pedro, o empregado do Café Rossio, não o jogador de futebol, o outro, para ir trabalhar para Canas de Senhorim, tinha então doze anos.
Fiquei a morar na casa do Sr. António João e não tenho uma única razão de queixa dele, tratou-me como um filho, afectuoso e protector, para além disso depositava total confiança em mim, tanto que cheguei a ser eu sozinho a abrir o café. Lembro-me do Zé Tó, o filho, que era da minha idade, criámos amizade e dei-me muito bem com ele, mesmo quando tentava culpar-me das traquinices que fazia. Uma vez foi fumar para a casa de banho e esqueceu-se lá do maço de tabaco, um Sagres, claro que as culpas recaíram sobre mim, a D. Natália assim o pensou, mas o Sr. António João não se deixou enganar, chamou-me à parte e disse-me para não me preocupar pois sabia que não tinha sido eu. Era uma pessoa espectacular e não me pagava mal, atendendo à minha idade. Ganhava 750$00 por mês.
As gentes da serra chamavam ao cruzamento do Café Rossio a “cruz”, dali podíamos derivar para Viseu, Mangualde ou Coimbra. Era, para um rapaz vindo do monte, como eu, o centro do mundo. Recordo muito bem, para além do café e dos senhores distintos que o frequentavam, uma casa paredes meias com o estabelecimento, com umas longas escadas em pedra, propriedade de um senhor do qual não me lembro o nome mas que tinha duas filhas de fazer parar o trânsito (risos) e a ourivesaria do Sr. Pereirinha, mesmo em frente, por sinal também ele pai de uma menina muito bonita.
Ia a casa uma vez por mês, porém as saudades e o facto de me sentir muito desamparado, afinal eu só tinha doze anitos, levaram que ao fim de seis meses me viesse embora. Expliquei ao Sr. António João as minhas razões e ele, compreensivo, fez as contas, pagou-me tudo e levou-me à camioneta. Despediu-se emocionado e ainda me deu 50$00 extra.
Segui a minha vida, e muito mais tarde, quando voltei a Canas para reviver o passado deparei-me com um banco no sítio do café e a triste notícia que o Sr. António João tinha falecido. Nunca mais lá voltei e agora que me diz que este mês vão homenagear o Sr. António João fico a pensar se não deveria voltar a Canas de Senhorim.

******

O Sr. Victor e a esposa, D. Amália

Fiquei embevecido com o relato do Sr. Victor, imaginando a criança vinda dos Montes Hermínios a desbravar veredas sob a protecção dos Kentucky, e apreciando agora, no recato do Mirante da Amália, a harmonia da sua família que, como diria o mestre Aquilino, serve pratos tão prazenteiros aos olhos como saborosos ao paladar.

António João, obrigado por tudo


Agora que se aproxima mais uma merecida homenagem ao grande António João Pais Miranda, referência incontornável da cultura canense, republicamos alguns testemunhos deixados no blog MCdS por colaboradores e comentadores que com ele privaram.

Eu conheci o António João, nos primeiros ensaios na fundação do Rancho Folclórico Infantil de Canas de Senhorim, e desde logo compreendi como ele era exímio na arte de ensaiar, ensinar, comunicar... Poucos sabem como ele era exigente, chato mesmo, profissional até nas mais pequenas coisas...

A sua capacidade teatral não ficava pela coreografia ou o ensaio, juntava também a autoria de textos para comédia e a capacidade ímpar de levar à cena Teatro de Revista... a recolha etnográfica, dicionário de termos canenses, letras de músicas para o teatro, para o Carnaval...
não me esqueço, porque ele fazia questão de sempre nos lembrar, da nossa luta de emancipação municipal (se houve alguém que lutou contra o Zé Colmeia, foi ele); a Câmara de asnelas, que ele chamava, recuperando a sátira sujeita a censura nos tempos antes do 25 de Abril no Teatro Revista, de “Madrasta”... a nossa “Madrasta”...

Ainda me lembro, como se fosse hoje, a perfeição que ele incutia nos nossos ensaios... nos meus ensaios!...
- Mais uma vez, ainda não é bem assim!... - E lá ficava eu, noite dentro a repetir uma frase até ao ridículo... e depois, quando toda a peça estava ensaiada e repetida 10 vezes ele terminava a noite:
- Pronto, agora só mais uma vez do princípio, sai como sair!...
- Ai o raio do homem... – Pensávamos

A mim, ele incutiu-me valores, entre os quais a alegria e a luta municipal... não me esqueço de ir visitá-lo ao Hospital dos Covões, nos últimos dias, em que me apetecia chorar e foi ele a animar-me, satirizando a sua situação:
- Sabes ando agora aqui na procissão das velas*!...
*as velas eram o cabide que todos os doentes tinham onde penduravam o soro!


Cingab


Descreveste na perfeição o grande e saudoso António João.
Ao ler este texto vem-me há lembrança todos esses tempos de criança, passados na Tabacaria Rossio, onde ele me contava histórias; no café Rossio, ia sempre com a minha mãe, quando ela lá ia fazer umas limpezas, há espera do rebuçadito!

Também o acompanhei algumas vezes no seu final de vida, já acamado, sem forças, mas o que guardo desse grande homem era aquele sorriso, aquele ar de troça e o seu sentido de humor, que a ninguém deixava indiferente.


Pombo Correio


...aqui fica também a minha lembrança do António João, do Cafe Rossio, dos livros de aventuras que lá comprava, dos cromos para as minhas cadernetas, do 1o+7(que espectáculo) e também do Nazareno do meu tempo de escuteiro (FICAMOS FAMOSOS),enfim, saudades de tempos idos

Fernando Cunha


… grande e saudoso António João Pais Miranda, amante do Carnaval e do seu bairro do Rossio. Ele costumava dizer, o Rossio sem o Paço o carnaval acaba, por isso viva o nosso Carnaval, o melhor de Portugal.

Anjo Negro


...o Café Rossio foi um marco histórico em muitas vidas de gente de cá e de fora!...
Olhe, curiosidade e coincidência: sei que faz hoje, dia 8 de Dezembro, não preciso quantos anos mas talvez uns quarenta e seis, que pedi à minha mãe cinco tostões, para comprar o Condor Popular que o António João também vendia... E foi este grande Amigo que, no momento em que me atendia, me perguntou se sabia que dia "era hoje?" Que... "é o dia da Mãe", respondi eu, porque "naquele tempo" era mesmo neste dia que se festejava o dia da Mãe... E ele tornou: "Então, em vez de gastares dinheiro em cóboiadas, porque não lhe compras uns... rebuçados?" Nem refilei! A sugestão estava aceite! O "careca" fez um embrulho à maneira, com papel bonito, e eu lá fui direito a casa, a acreditar que a minha Mãe ia ficar contente...


Amef


Aos domingos, pela mão da minha tia, lá íamos vaidosas ao Café Rossio, exlibris da terra, onde o café era mais café. Eu, na mira do “rajá” prometido, ela, de rapaz promissor. O Sr. António João, bem-humorado, atirava um piropo amoroso à minha tia, do género “ainda dizem que as flores não andam”, enquanto escolhia meticulosamente os grãos de café. Primeiro espalhava-os numa bandeja de servir à mesa (naquele tempo um simples café tinha honras de bandeja e empregado de laço). Depois, munido de artes que só ele dominava, esticava o dedo indicador e exercia a sua justiça ao lote, “tu para aqui, tu para ali e tu vais fora”. Que cheirinho emanava do café que o Pedro trazia para a mesa, após aquela selecção.

Cristalinda

19/09/2007

Mais dores...

Nesta rua vivem e querem continuar a viver "portugueses" que trabalham, pagam impostos ....

RUA DO FAROL – PARA QUANDO UMA SOLUÇÃO?


A existência e a qualidade das vias de comunicação, das estradas, dos acessos, servem de importante barómetro para aferir e aquilatar o estado de desenvolvimento e de progresso de um povo, de uma comunidade.
Esta verdade indesmentível explica, em parte, a estagnação verificada em Canas de Senhorim, de há muitos anos a esta parte, mercê sobretudo do desinvestimento e do esquecimento a que tem sido votada esta terra.
Neste capítulo a Rua do Farol é talvez, de entre as várias situações similares existentes, a que exemplifica melhor a degradação e disfuncionalidade a que pode chegar uma rua, características de facto reais a ela associadas, que a desqualificam como via de acesso, de forma notória e vincada.
A largura demasiado exígua, o piso de terra batida repleto de buracos, a que acresce o facto de não ter saída, são factores que geram acentuado descontentamento entre os seus moradores e todos aqueles que a utilizam.[...]
Aspecto importante é o facto de as pessoas, principalmente aquelas de saúde mais frágil e débil, se sentirem desencorajadas a circular na rua em época de tempo chuvoso, devido ao obstáculo que o piso de terra batida representa, pois os buracos e a lama que se formam a isso incita, induzindo um comportamento defensivo, que nestas circunstâncias naturalmente se justifica.
Em termos de piso e alargamento, nunca na Rua do Farol se realizaram obras de beneficiação, melhoramentos que se impõe executar têm sido ignorados pelos sucessivos executivos camarários que, ostensiva e deliberadamente, têm feito vista grossa, a uma realidade que salta à vista de todos.
A situação é insustentável, em face de todos os contratempos que daí derivam, chegou o momento de dizer basta, é altura de olhar para os problemas que a Rua do Farol enfrenta com seriedade e com vontade de realizar obra[...]
Lanço o repto aos responsáveis camarários para que, na qualidade de gestores do bem público, assumam as suas responsabilidades, exortando-os a cumprirem com os seus superiores deveres, os de proporcionarem aos seus munícipes, o que de melhor estiver ao seu alcance e isso, muitas das vezes será possível se as verbas ao seu dispor forem criteriosamente gastas, se existir rigor na avaliação das prioridades, se houver sensibilidade para a satisfação das necessidades das populações, nas quais se incluem as acessibilidades.


Excerto do artigo assinado por António José da Rosa Mendes no jornal "Canas de Senhorim"

Minas de urânio

Jornal da Noite 17-09-2007

Minas de urânio Governo dá prioridade à requalificação até 2013
O Governo vai dar prioridade à requalificação das minas de urânio, no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio - QREN. Um dia após a exibição da reportagem da SIC, sobre a mina da Urgeiriça, a Junta de Freguesia de Canas de Senhorim exige integrar a Comissão de Acompanhamento da Obra de Requalificação, como foi prometido pelo governo de coligação PSD/CDS-PP.

Ao todo são 70, as minas de urânio que esperam por ser requalificadas. Há locais, nas antigas aldeias mineiras, onde os níveis de radioactividade chegam a ser doze vezes superiores ao permitido, por directivas comunitárias. Nos distritos da Guarda, Castelo Branco e Viseu existem escombros com vestígios do metal radioactivo, espalhados pelos campos. Uma família que vive na Urgeiriça foi aconselhada pelo Instituto de Tecnologia Nuclear a não ficar mais de duas horas, dentro da própria casa. A SIC mostrou as dúvidas e a ansiedade de quem vive em permanente sobressalto. A Agência do Ambiente responde com a garantia de que existe um plano para recuperação das antigas aldeias mineiras para ser executado, entre 2008 e 2013. Segundo o director, Gonçalves Henriques a agência está a preparar as candidaturas de recuperação das minas abandonadas. Quinze anos depois da desactivação das minas de urânio a requalificação, ainda, só se faz sentir na Urgeiriça. Na aldeia, as histórias de radioactividade são contadas, por todos os moradores. Os trabalhos avançam à velocidade imposta pela Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM). O Presidente da Junta de freguesia de Canas de Senhorim lamenta não integrar a comissão de acompanhamento ao contrário do que lhe foi prometido. Luís Pinheiro afirmou à SIC que a Junta de Freguesia devia fazer parte da comissão de acompanhamento da obra. "Foi-nos prometido pelo ex-ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes, integrar a comissão que assegurou também a construção de uma ETAR" A Junta de Freguesia quer fazer chegar à terra milhares de euros que saíram com o urânio. Verba que pretende aplicar em infra-estruturas. Os eventuais perigos para a Saúde Pública preocupam a população que até já colaborou num estudo. Foram recolhidas amostras de sangue e cabelo a trezentas pessoas, mas, até agora, o resultado não é do conhecimento de quem se disponibilizou para desvendar os perigos do urânio.

Paula Castanho - Jornalista - sic

http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/20070917+Minas+de+uranio.htm?wbc_purpose=basi%40

18/09/2007

PAMIR


PAIS MIRANDA


Memórias de um Campeão [2]


A CARREIRA DESPORTIVA: VISEU E BENFICA E EMPRESA DE URÂNIO DA URGEIRIÇA

Em 1948, com 22 anos de idade, jogador de boa reputação e já com créditos firmados, António “Portugal” ingressa com toda a naturalidade no Viseu e Benfica
, popular clube, filial do Benfica na cidade de Viseu, dotado de grande prestígio e nomeada, com pergaminhos no desporto-rei, não só a nível distrital mas também nacional.
Este salto qualitativo na sua carreira, em que passa a representar um clube de maior projecção, verifica-se como corolário lógico do trabalho que vem desenvolvendo, em que manifesta de forma clara a sua classe e os seus dotes de futebolista de eleição e de dimensão acima da média.
É com indómita vontade que agarra esta oportunidade, para confirmar e cimentar o estatuto que construiu com mérito próprio, ciente de que não pode defraudar quem nele tanta confiança depositou. Imbuído deste estado de espírito apresenta-se em Viseu para dar início à sua aventura ao serviço do Viseu e Benfica e disputar a 1ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Viseu, época de 1948/49.

Campeão Distrital
A época de estreia no clube viseense acaba por lhe correr de feição, com a conquista do título de campeão distrital da 1ª Divisão e consequente subida à 2ª Divisão Nacional, pois na altura não existe a 3ª Divisão Nacional. Para António “Portugal” este momento é inolvidável, considera-o como um dos mais brilhantes da sua longa carreira, para além de lhe proporcionar a disputa de encontros num escalão de outro nível, com outra visibilidade e com jogadores mais dotados do ponto de vista técnico e físico. Adapta-se bem à mudança de ares, sente-se feliz com esta experiência, por isso vai permanecer no Viseu e Benfica mais uma época.
Se na primeira época vive momentos agradáveis e inesquecíveis, na segunda o cenário altera-se e transforma-se em sentido oposto. Caracteriza-se por experiências e emoções desagradáveis, impensáveis de ocorrer uns meses atrás e que o vão obrigar a reflectir profundamente sobre o seu futuro. A equipa, à semelhança da época transacta, treinada por Joaquim Alcobia, acaba despromovida, regressando à 1ª Divisão Distrital.
Para além do revés no capítulo desportivo, a época revela-se muito atribulada também do ponto de vista financeiro, com o incumprimento dos compromissos tidos com os jogadores, problemas esses que geram mal estar e que se reflectem no rendimento da equipa.
Frustrado, desiludido com o clube que lhe deve parte das verbas a que tem legitimamente direito, António “Portugal” pondera e determinado como é seu apanágio, não se dá por vencido e decide abandonar o projecto viseense, partindo à procura de outros horizontes e melhores condições de vida, que era quase impossível, na época, conseguir só à custa da prática do futebol.

Xico da Mata, Barata, Lapa (GR), Monteiro, Fernando Santos, Vasco , Ilídio,
Henrique Fernandes (GR) , Valdemar e Sousa.
Antº José, Costa Marques, Arlindo, Albertino, Cardoso, Felgueiras, Portugal e Palhinha.
CAT dos Fornos eléctricos no Campo da Urgeiriça _ Anos 60 foto Amef

Filho Adoptivo de Canas

Estamos em 1950 quando, com 24 anos de idade, por sua iniciativa se desloca a Canas de Senhorim, à época um importante pólo industrial a nível nacional, a fim de falar com o Mestre Vítor que trabalha nos Fornos Eléctricos e que conhece, com o objectivo claro de tentar arranjar emprego, que lhe permita assentar e começar a construir um futuro que almeja próspero e risonho.
Apesar de todos os esforços envidados, não consegue ser admitido na CPFE. Ambicioso, sem nunca perder a motivação que o traz a estas paragens, continua a porfiar na tentativa de alcançar os seus objectivos. Com a ajuda prestimosa do senhor Lóio e do Senhor Machadinho acaba por ser colocado nas minas de exploração de urânio da Urgeiriça, dando o primeiro passo para se tornar um filho adoptivo de Canas de Senhorim.

Com a mudança que se opera na sua vida pessoal, passa a residir numa casa próxima da oficina do Senhor Coelho, sita na Rua Arquitecto Keil do Amaral, um pouco antes das instalações dos Bombeiros Voluntários de Canas de Senhorim, propriedade dos pais do saudoso António Pais Correia com quem, a partir daí, estabelece uma forte amizade que se virá a revelar muito importante no futuro.
Com a vida estabilizada, prossegue a sua carreira futebolística ao serviço da equipa representativa da empresa de urânio da Urgeiriça, durante seis épocas. Nesse período de tempo disputa o campeonato distrital da FNAT, entidade que viria, anos mais tarde, a dar origem ao INATEL, organismo vocacionado para estimular e promover o exercício de actividades desportivas, recreativas e culturais, no seio dos trabalhadores das empresas.
Entre 1950 e 1956 sagra-se cinco vezes campeão distrital da FNAT tendo, como consequência desse facto, oportunidade de disputar jogos, dentro do mesmo âmbito, nos mais variados pontos do país.

"Evaristo": A Estrela da Companhia, de "ponta" a defesa esquerdo uma longa carreira.

Nestes seis anos foram seus companheiros de equipa entre outros, a quem António “Portugal” pede desculpa pela omissão, jogadores como Pirolito, Afonso, Evaristo, Pepe, “Russo”, João “do Luís”, Ramiro, Luzia e “Bimbareka”. Foi orientado neste lapso de tempo pelo Senhor Costa Rodrigues e pelo Senhor Moreira. Os jogos disputam-se no, ainda existente mas bastante degradado, campo de jogos da Urgeiriça, contíguo à Casa de Pessoal.


"Afonso": Elegante e Cerebral

Em 1956 a empresa de exploração de urânio da Urgeiriça é extinta para dar lugar, pouco tempo depois, à Junta Nacional de Urânio , cuja administração delibera acabar com a equipa de futebol, não continuando a disputar os campeonatos da FNAT, durante os quais tinha granjeado enorme prestígio e notoriedade.
António “Portugal” tem 30 anos de idade e como a vida não pára, vai abraçar uma nova etapa na sua vida pessoal, que lhe permite mais uma experiência na sua carreira desportiva, porventura a mais apaixonante e marcante, ao serviço do Grupo Desportivo e Recreio de Canas de Senhorim.
São estes momentos e peripécias que irei revelar no próximo capítulo.

Canas de Senhorim, 29 de Agosto de 2007
ANTÓNIO JOSÉ DA ROSA MENDES

16/09/2007

"Terra envenenada"

Extinta formalmente em 2004, a Empresa Nacional de Urânio (ENU) deixou espalhadas pelos distritos de Guarda, Viseu e Castelo Branco 61 minas de urânio. Um minério que durante anos deu dinheiro a Portugal, matou a fome a muitas famílias e ajudou a fazer a guerra lá fora.

Reportagem SIC
AQUI
As minas fecharam em finais da década de 90. Os homens e as mulheres que deram vida à empresa partiram. Ficaram as instalações e os escombros radioactivos que fazem temer pela vida dos que trabalharam e vivem nas antigas aldeias mineiras. Mauro Figueiredo nasceu e cresceu na vila de Canas de Senhorim, paredes meias com a Urgeiriça: uma aldeia que foi construída para albergar os que vinham de fora para trabalhar na extracção do urânio... Em pequeno, Mauro brincava com os canos que transportavam os restos do minério lixiviado e que ia ser depositado na escombreira. Nunca pensou que os locais que ainda hoje fazem parte do seu imaginário de infância, fossem hoje o seu maior problema. Em finais da década de 90, Mauro decidiu comprar o antigo moinho das minas. Adquiriu-o à ENU com ideia de construir a casa de família. Casara há pouco tempo. Na altura tinha já uma filha. Hoje tem duas. Há três anos, e depois de gastar todas as suas poupanças na recuperação do moinho, Mauro descobriu que existiam níveis de radão (um gás radioactivo muito perigoso) na sua casa, várias vezes superiores aos máximos recomendados pela Comunidade Europeia. A explicação para tanta radioactividade terá sido o facto do moinho ter sido construído com escórias de urânio, trazido das jazidas. O caso de Mauro não é único... Na altura em que as minas estavam em plena laboração construíram-se muitas casas e estradas por toda a Beira com restos da exploração do urânio. Requalificar as antigas aldeias mineiras é o que recomenda os Institutos de Tecnologia Nuclear e Ricardo Jorge, num estudo que demorou três anos a realizar e que foi concluído este ano. No documento, o Governo é aconselhado a tratar as milhares de toneladas de escombros radioactivos que estão espalhados pelas 61 antigas minas. Neste momento apenas uma das minas está a ser requalificada. E quem vive nas antigas aldeias mineiras teme que a contaminação continue a ameaçar a vida naquelas paragens, sem que nada se faça.

Dulce Salzedas - Jornalista

Dores


Perdoem-me mas esta dor de dentes tolda-me a sensatez. E não julguem que me doem os dentes por negligência higiénica ou por falta de comparência às consultas rotineiras que a minha mulher faz questão de marcar no dentista, doem-me os dentes porque ando há anos a roer com o miserável estado de coisas a que chegou a nossa terra, isto para não falar de indigestões várias e outras tantas crises de azia, de origem inconclusiva aos olhos dos meios de diagnóstico, mas irrefutáveis nas queixas registadas no relatório clínico do meu médico de família. Diz ele que o meu problema é psicossomático, uma maneira delicada de dizer que não estou bom da cabeça. Se calhar tem razão.
Desta vez doem-me os dentes e não há nenhuma razão física, palpável para que tal aconteça, portanto só posso concluir que o meu organismo reage instintivamente às atrocidades que me são indirectamente infligidas por esta política medíocre que faz da nossa terra um campo baldio, pista de treino para as mais disparatadas acrobacias camarárias: ruas e passeios constituem um verdadeiro trilho desportivo, já homologado pela Federação Nacional de Motocross, e aguardam, perante a passividade dos canenses, a inusitada prova da modalidade à qual a lama de Inverno trará emoção acrescida; os campos sobranceiros à piscina são mais exigentes do que a pista de obstáculos dos Comandos, em Sta. Margarida, e os balneários rivalizam com a ribeira do Matadouro em dia de carnificina; candeeiros destruídos, postes sem luz, paragens de autocarro danificadas, canteiros abandonados, zona industrial moribunda, tudo isto faz lembrar um cenário de guerra, à semelhança daquele que nos entra diariamente em casa via noticiário televisivo, captado lá longe, no território devastado do Iraque ou do Afeganistão.
Isto são factos, situações objectivas, os quais posso avaliar no terreno e clarificar mentalmente, o pior é quando tento interpretar estes factos à luz da razão, quando procuro justificações, motivos e intenções, quando tento perceber o emaranhado de relações políticas e sociais em que orbitamos, os combates e as cedências que protagonizamos, que rumo, que estratégia, que iniciativas. Aqui é que eu me perco, não consigo encontrar um fio condutor que una o passado ao presente, nem concebo que um povo que já deu mostras de tenacidade, enfrentando politicamente adversidades externas de peso, se vergue agora docilmente perante a incompetência da autarquia. Será complexo de (in)coerência pelo facto de nos sentirmos responsáveis pela eleição deste executivo? Se o é não tem razão de ser, pois é perfeitamente legítimo fiscalizarmos, reclamarmos e até insurgirmo-nos perante as acções de quem elegemos, assim elas não correspondam às nossas expectativas. O ónus da coerência não recai sobre o eleitor mas sim sobre quem foi eleito.
Estou doente da cabeça, diz-me o médico, e eu tento convencer-me que é verdade, que as minhas preocupações estão desfocadas, provavelmente está tudo bem, tudo isto é normal, Canas saberá encontrar o caminho da salvação e as minhas dores acabarão por desaparecer. Não é à toa que a história nos consagrou São Salvador e a tradição nos devotou Nossa Senhora das Dores.

Sandra Vilabril

Domingo _16 de Setembro
CNS _ Festa de Nª Sª das Dores

14/09/2007

Nª Sª das Dores


Igreja Matriz de Canas
Fotos 1. zw 2.3.4. Norberto Peixoto

Festa Nª Senhora das Dores

10/09/2007

Parabéns "Portugal"!


O "Município" orgulha-se de iniciar hoje, 10 de Setembro de 2007, a publicação de um excelente trabalho de António José da Rosa Mendes, sobre o Sr. António José da Silva. Dia em que o "Campeão"festeja 81 anos! Parabéns ao CAMPEÃO e parabéns ao autor o "Tó-Zé Roque"!